RESUMO
Este trabalho traz para o debate as conseqüências de uma forma de traição, cada vez mais freqüente, que consiste em atribuir a Freud certos conceitos e posições teóricas que não estão, em absoluto, em sua obra. O autor denuncia as deformações do pensamento freudiano, que começaram pela tradução de sua obra e que continuam quando se fala, por exemplo, de o sujeito em Freud, o conceito de falo em Freud, a estrutura do narcisismo e outras tantas. Embora se possa, a partir das importantes contribuições que Lacan trouxe de outras áreas do conhecimento, ler Freud com novas lentes, isto não nos autoriza a atribuir a Freud coisas que ele não disse. O autor sustenta que não se pode falar de estruturalismo na teoria freudiana por, basicamente, dois motivos: primeiro, que esta teoria surge nos anos sessenta, logo, bem depois de Freud; segundo, que o pensamento freudiano só pode ser devidamente apreciado a partir da teoria da evolução de Darwin, de onde Freud tira seus principais conceitos. Finalmente, o autor discute os desdobramentos de uma tal postura no manejo da clínica, na direção do tratamento, no entendimento do sofrimento psíquico e na noção de normalidade
RESUMO
Questiona-se a incidência dos fenômenos ditos perversos na clínica das relações amorosas. Tentou-se diferenciar quando esses fenômenos se dão a partir de uma organização perversa ou quando apenas uma forma de jogo erótico entre o casal. Discute-se, também, uma certa verdade em psicanálise segundo a qual o perverso não faz análise: ora, é o perverso que não é analisável ou é o analista que não suporta escutar o perverso? Pode o referencial teórico do analista não lhe dar subsídios teóricos para sustentar essa escuta? Formulá-se a hipótese de que a perversão é uma tentativa, sempre frustrada e por isto indefinidamente repetida, de elaboração de um trauma em que o perverso, identificado com o agente traumático, toca em um ponto igualmente traumático de seu parceiro, transformando-o em objeto de gozo.(AU)