RESUMO
Introdução: O estudo de proteínas envolvidas na adesão e ciclo celular de células de melanoma é importante para compreendermos o comportamento biológico e a capacidade em produzir metástases destes tumores que mantém sua incidência crescente em todo mundo. A pesquisa sistemática do primeiro linfonodo de drenagem (sentinela) representa o status linfonodal loco regional e sua positividade é indicativa de doença metastática, fazendo parte do sistema de estadiamento clínico do melanoma atual. O Hospital do Câncer A. C. Camargo de São Paulo realiza pesquisa de linfonodo sentinela em melanoma cutâneo desde 1997 sendo considerado referência no estadiamento e tratamento destes tumores. Procurar as razões que levariam melanomas com fatores histopatológicos semelhantes a desenvolverem metástases seria muito importante. Objetivo Estudar a expressão das proteínas controladoras do ciclo celular (Ciclina D1, CDK4, p16ink4, p21WAF1), da adesão celular (integrina &*61537;v&*61538;3) e enzimas proteolíticas através da ativação da metaloproteinase-2 (MMP-02) e metaloproteinase-9 (MMP-09) em lesões cutâneas de melanomas que evoluíram com e sem metástases em linfonodo sentinela, por estudo imunoistoquímico. Pacientes e métodos: estudo retrospectivo de 84 pacientes com diagnóstico de melanoma cutâneo primário realizado no Departamento de Anatomia Patológica do Centro de Tratamento e Pesquisa Hospital do Câncer A C Camargo, submetidos à pesquisa de linfonodo sentinela, no período de 1998 a 2002. O estudo imunoistoquímico para os marcadores acima mencionados, foi realizado em lâminas convencionais para os casos de melanomas com espessura de Breslow menor que 1mm (17 casos) e em lâminas de Tissue micro array (TMA) para os demais casos de melanoma. O bloco de TMA foi confeccionado com cilindros de 1mm de diâmetro de 134 amostras de tumores que correspondem a melanomas de 67 pacientes representados em duplicata. Foram incluídas amostras de 12 nevos melanocíticos intradérmicos que serviram de controle das reações. Resultados: A idade média ao diagnóstico foi de 53 anos com predomínio de mulheres (53%). A pesquisa de metástases em linfonodo sentinela resultou negativa em sessenta e quatro casos (76%), sendo, portanto, positiva em vinte casos (24%). Das variáveis histopatológicas, a espessura do tumor (Breslow p=0,001), o nível de Clark (p=0,010) e a invasão perineural (p=0,011) mostraram associação estatisticamente significativa com as micrometástases no linfonodo sentinela. Das variáveis moleculares somente a ausência de expressão de ciclina D1 apresentou associação estatisticamente significativa com as micrometástases no linfonodo sentinela (p=0,001). As demais variáveis não apresentaram associação estatisticamente significativa com metástases no linfonodo sentinela. Após a avaliação logística múltipla, a espessura do tumor (Breslow OR=0,011; IC95%:1,7-63,7), invasão neural (OR=0,013; IC95%:1,9-318,9) e negatividade para ciclina D1 (OR=0,010; IC95%: 1,5-22,8) mostraram-se associadas à presença de metástase no linfonodo sentinela de modo estatisticamente significativo. Conclusões: A espessura do tumor (Breslow) continua sendo o fator prognóstico de maior impacto no desenvolvimento de metástases em linfonodo sentinela. A variável histológica invasão perineural, embora presente em um número reduzido de casos, apresentou-se estatisticamente significativa quando correlacionada à metástase em linfonodo sentinela. É provável que a ausência de ciclina D1 possa ser considerada como fator prognóstico para o desenvolvimento de metástases nodais de melanoma cutâneo, pois se verificou correlação entre a ausência de expressão de ciclina D1 e presença de metástase em linfonodo sentinela tanto na análise univariada quanto na análise multivariada. A expressão de CDK4 parece não ter importância como fator preditivo de metástases nodais de melanoma cutâneo. A expressão da proteína p16 não demonstrou correlação com a profundidade da infiltração dérmica, bem como com o desenvolvimento de metástase em linfonodo. Observaram-se correlação positiva entre a expressão de &*945;v&*946;3 e MMP-2. Porém ambas as proteínas não mostraram correlação estatisticamente significativa com desenvolvimento de metástases linfonodais. Todos os nevos melanocíticos estudados (intradérmicos) expressaram positividade para proteína p16, sendo negativa a expressão de p21 em todos eles. Esta observação sugere que nestas lesões melanocíticas benignas o controle do ciclo celular é realizado pela via p16/pRb. O presente estudo, através da análise de cortes histológicos convencionais e de TMA, analisou os parâmetros histopatológicos e expressão de proteínas por estudo imunoistoquímico correlacionando-os com sucesso.
Introduction: Melanoma incidence is increasing worldwide. The mechanisms that regulate the biological behavior and metastatic capacity of melanoma are not completely understood. Cell cicle proteins and adhesion molecules have been pointed as participants in this process, but few studies have compared patients with and without micrometastatic disease from melanoma in sentinel lymphnodes (SLN). It has been established that SLN is one of the most accurate methods for prognosis of melanoma and other diseases, such as breast cancer, and is a worse outcome predictor. However, very few studies have compared the expression of cell cycle proteins to establish a link with micrometastatic melanoma. Objective: to study the expression of cell cycle proteins (Cyclin D1, CDK4, p16ink4, p21WAF1), cell adhesion protein (αvß3 integrin) and proteolythic enzimes through activation of metalloproteinase-2 (MMP-02) e metalloproteinase-9 (MMP-09) in specimens of primary cutaneous lesions of melanoma that did and did not metastasize to SLN, using immunohistochemistry. Patients e methods: this is a retrospective study of 84 patients diagnosed as primary cutaneous melanoma in the Department of Anatomic Pathology of the Centro de Tratamento e Pesquisa Hospital do Câncer A C Camargo, in which SLN had been evaluated between 1998 and 2002. A standard immunohistochemistry staining was performed for the markers mentioned above and in conventional glass-slide sections, for thick melanomas (17 specimens) and in tissue micro array (TMA) glass slides, for the remaining specimens. The TMA paraffin block was built with 134 samples of melanoma with cores of 1 mm in diameter. This corresponded to 67 patient melanomas in duplicate. Twelve melanocytic nevi were included as a control. Results: A mean age of 53 years with a slight women predominance (53%) was found. No metastatic disease was found in 64 (76%) cases whereas in 20 (24%) cases a positive result was obtained. Histopathological variables, Breslow's tumor thickness (p=0,011), Clark's level (p=0,010) and perineural invasion (p=0,011) were statistically associated to SLN micrometastases. The only molecular variable with statistical significance to correlate with SLN micrometastases was the absence of cyclin D1 expression (p=0,001). All other variables had no relationship with SLN micrometastases. When logistic multiple regression was applied Breslow's thickness (OR=0,011; IC95%:1,7-63,7), perineural invasion (OR=0,013; IC95%:1,9-318,9) and negativity for cyclin D1 (OR=0,010; IC95%: 1,5-22,8) had a significant association with metastatic disease in the SLN. Conclusions: Breslow's thickness of melanoma, is still the major prognostic factor to predict metastatic behaviour in SLN. Perineural invasion, although present in a reduced number of cases, had statistical significance as a histological variable to predict SLN metastases. It is likely that the absence of cyclin D1 is a prognostic factor for the development of SLN metastases because both univariate and multivariate analysis pointed out a relationship between cyclin D1 absence and SLN metastases. Expression of CDK4 does not seem to be important as a predictor for nodal metastic disease. No relationship between the expression of p16 and depth of the tumor, as well as nodal metastases was found. A correlation between αvß3 integrin expression and MMP-2 has been found. However, none of these proteins had correlated with the development of nodal metastases. All intradermal melanocytic nevi expressed p16, whereas p21 was negative. This observation may suggest that in these benign melanocytic lesions, cell cycle control is obtained through the p16/pRb pathway. In this study, conventional sections and TMA's allowed a successfull correlation between histopathological variables and immunohistochemical expression of proteins.