RESUMO
Resumo Fundamento: Para pacientes com infarto do miocárdio com elevação do segmento ST (IAMCST) que sofrem de obstrução coronariana microvascular funcional e estrutural (OCM) subsequente, nenhuma abordagem terapêutica específica e definitiva de atenuação foi comprovada como válida em testes de larga escala atuais, o que destaca a necessidade de abordar seu reconhecimento precoce. Objetivos: Este estudo teve como objetivo comparar o desempenho de dois escores de risco clínico com uma medida objetiva de OCM durante intervenção coronária percutânea (ICP) em casos de IAMCST Métodos: A medição do índice de resistência microcirculatória (IRM) foi realizada e os parâmetros clínicos e angiográficos basais também foram registrados. Os pacientes foram divididos em entre os grupos OM (obstrução microvascular) e NOM (não-obstrução microvascular), de acordo com o valor de IRM pós-procedimento. O risco de OCM foi avaliado para todos os participantes pelos escores preditivos SAK e ATI, respectivamente. Cada sistema foi calculado somando-se as pontuações de todas as variáveis. As curvas de características do operador receptor (ROC) e a área sob a curva (AUC) de dois modelos de risco foram utilizadas para avaliar o desempenho discriminatório. Um ecocardiograma foi realizado sete dias após o procedimento para avaliar a fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE). Um valor P bicaudal de <0,05 foi considerado estatisticamente significativo. Resultados: Entre os 65 pacientes elegíveis com IAMCST, 48 foram alocados no grupo NOM e 17 no grupo OM, com uma incidência de OCM de 26,15%. Não houve diferença significativa na AUC entre os dois escores. A FEVE avaliada para o grupo NOM foi maior do que para o grupo OM. Conclusão: Os escores SAK e ATI tiveram bom desempenho para estimar o risco de OCM após ICP primário para pacientes com IAMCST.
Abstract Background: For patients with ST-segment elevation myocardial infarction (STEMI) that are suffering from subsequent coronary microvascular functional and structural obstruction (CMVO), no specific and definitive therapeutic approaches of attenuation have been proven valid in up-to-date large-scale tests, which highlights the urge to address its early recognition. Objectives: This study aimed to compare the performance of two clinical risk scores with an objective measurement of CMVO during percutaneous coronary intervention (PCI) with STEMI. Methods: The Index of Microcirculatory Resistance (IMR) measurement was conducted and the baseline clinical and angiographic parameters were also recorded. The patients were divided into MO (Microvascular obstruction) or NMO (Non-microvascular obstruction) groups according to the post-procedure IMR value. The CMVO risk was evaluated for all participants by SAK and ATI predictive scores, respectively. Each system was calculated by summing the scores of all variables. The receiver operator characteristic (ROC) curves and the area under the curve (AUC) of two risk models were used to evaluate the discriminatory performance. An echocardiography was performed seven days after the procedure to evaluate left ventricular ejection fraction (LVEF). A two-sided P-value of <0.05 was considered statistically significant. Results: Among the 65 eligible STEMI patients, 48 patients were allocated in the NMO group and 17 in the MO group, with a CMVO incidence of 26.15%. There was no significant difference in the AUC between both scores. The LVEF evaluated for the NMO group was higher than that of MO group. Conclusion: Both SAK and ATI scores performed well in estimating CMVO risk after primary PCI for STEMI patients.
Assuntos
Humanos , Intervenção Coronária Percutânea/efeitos adversos , Infarto do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST/cirurgia , Infarto do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST/diagnóstico por imagem , Volume Sistólico , Fatores de Risco , Função Ventricular Esquerda , Resultado do Tratamento , Circulação Coronária , MicrocirculaçãoRESUMO
Estudos prévios demonstraram associação entre o sistema Lewis e a doença arterial coronariana (DAC) a partir da observação de que o fenótipo eritrocitário Le(a-b-) era prevalente em pacientes e propuseram que esse fenótipo representava um novo marcador de risco para essa doença. Esse estudo teve como objetivo verificar a prevalência desse marcador em pacientes brasileiros com indicação de realizar cineangiocoronariografia. A fenotipagem do sistema Lewis foi realizada pelo método gel centrifugação, e a genotipagem do loco LE foi feita pelo método PCR-RFLP. Cento e oitenta e três pacientes (114 masculinos e 69 femininos, com média de idade igual a 59,1 anos (DP ± 12,37; mediana 60) foram selecionados. Cento e vinte e um (66,1 por cento) pacientes apresentaram obstrução coronariana de qualquer grau, sendo essa característica duas vezes mais elevada no sexo masculino do que no feminino (p=0,07). As freqüências dos fenótipos eritrocitários Lewis foram semelhantes em ambos os grupos de pacientes e o fenótipo Le(a-b-) mostrou-se não estar associado à presença de obstrução coronariana (p=0,36). Elevados índices de discrepância fenótipo-genótipo foram observados entre os pacientes Le(a-b-), com base na genotipagem das mutações T59G (86,7 por cento) e T1067A (90,0 por cento). As freqüências dos alelos T e G (posição 59) e T e A (posição 1067) não mostraram diferenças estatisticamente significantes entre os pacientes com e sem obstrução coronariana (p = 0,52 e p = 0,44, respectivamente). Esses resultados demonstram que o sistema Lewis não está associado à presença de obstrução coronariana e não suportam a proposição de que o fenótipo eritrocitário Le(a-b-) representa um marcador de risco para essa doença na casuística brasileira.
Previous studies have shown an association between the Lewis blood group system and coronary artery disease (CAD) from the observation that the Le(a-b-) red blood cell phenotype was prevalent among these patients and thus proposed this red blood cell phenotype as a new genetic marker for the disease. The aim of this study was to verify the prevalence of this genetic marker among Brazilian patients who had undergone coronary arteriography. Phenotyping of the Lewis system was carried out using gel centrifugation and genotyping of the LE locus was made using PCR-RFLP. One hundred and eighty-three patients, 114 male and 69 female, with an average age of 59.1 years (SD ± 12.37; median 60), were enrolled. One hundred and twenty-one (66.1 percent) patients presented some degree of coronary obstruction, which was two times more frequent in men compared to women (p=0.07). The frequencies of the Lewis red blood cell phenotypes were similar between patients with and without coronary obstruction and the Le(a-b-) was not associated to the presence of coronary obstructions (p=0.36). A high level of discrepancies between phenotype and genotype were observed in Lewis negative patients based on genotyping of the T59G (86.7 percent) and T1067A (90.0 percent) SNPs. The frequencies of T and G alleles (position 59) and T and A alleles (position 1067) were similar among patients with and without coronary obstructions (p = 0.52 and p= 0.44, respectively). These results show that the Lewis system is not associated with the presence of coronary artery obstruction and do not support the proposition that the Le(a-b-) red blood cell phenotype represents a risk marker for this disease among Brazilian patients.
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Cineangiografia , Técnicas de Laboratório Clínico , Angiografia Coronária , Doença da Artéria Coronariana , Cristalização , Antígenos do Grupo Sanguíneo de LewisRESUMO
A Doença Arterial Coronária (DAC) é atualmente a principal causa de morte no mundo ocidental, segundo a Organização Mundial de Saúde. De acordo com o DATASUS, foi responsável por cerca de 260 mil infartos do miocárdio (IAM) no Brasil em 1998. Considerando que a morte súbita é quatro a seis vezes mais frequente nos indivíduos que já sofreram um IAM e que, em seis anos, 18% dos homens e 35% das mulheres, terão novo IAM, a prevenção secundária desta doença torna-se fundamental. Para tanto, testamos a efetividade de um programa de prevenção secundária no controle dos fatores de risco de pacientes com obstrução coronariana, comprovada por cinecoronariografia. Assim, baseado nos achados do Estudo de Framingham que correlacionam a associação de fatores agravantes ou determinantes das obstruções coronarianas, e dados de pesquisas que mostraram a possibilidade de estabilização ou mesmo de regressão das placas ateromatosas, foi desenvolvido um programa de controle dos fatores de risco. Foram analisados os registros de 2.337 coronariopatas sob tratamento ambulatorial no Hospital de Cardiologia de Laranjeiras, Rio de Janeiro, RJ. Desse total, foram selecionados 513 que dispunham de estudo coronariográfico e que aceitaram receber informações sobre DAC e fatores de risco e de como modificá-los. Os resultados mostraram ótima aderência dos pacientes às recomendações preconizadas, sendo que: 72% dos que não seguiam qualquer dieta passaram a adotar padrões alimentares mais saudáveis, 60% dos tabagismos pararam de fumar71 % dos sedentários passaram a desenvolver atividade física programada pelo menos três vezes por semana. Para aqueles que apresentavam colesterol >200 mg/dL e/ou LDL-colesterol > 130 mg/dL, foi prescrita sinvastatina, na dose de 10 mg/dia. Em relação ao colesterol total, LDL-colesterol, triglicérides, índice de massa corpórea, índices de Castel1i I e II houve diminuição estatisticamente significativa em todos os pacientes pesquisados. Os níveis dos lípides sangüíneos mostraram redução mais significativa entre aqueles que usaram a vastatina em comparação aos que não a usaram. Não foram observadas diferenças importantes em relação ao comportamento dos triglicérides, índice de massa corpórea ou de HDL-colesterol. O impacto da dieta e de atividades físicas associadas com o uso da sinvastatina no perfil lipídico, foi mais significativo do que no grupo sem a medicação hipolipemiante. Constatou-se também potencialização na diminuição dos níveis de triglicérides nos que permaneceram com controle alimentar e programa de atividade fisica regular e passaram a usar a vastatina. Em relação ao IMC, a redução foi mais intensa naqueles que mantiveram a dieta e passaram a exercitar-se regularmente, além de receber a sinvastatina, na dose de 10 mg/dia. Os resultados obtidos confirmaram a efetividade e a importância de programas simples de controle dos fatores de risco, que, na prática, podem ser aplicados em unidades de atendimento clínico de qualquer tipo de complexidade