RESUMO
Este estudo de caso investigou como cooperados de uma cooperativa industrial negociam interesses e constroem entendimentos no cotidiano da autogestão de sua cooperativa. Com este objeto, conduzimos uma observação etnográfica do dia a dia de trabalho dos cooperados, o que incluiu longas conversas ao lado das máquinas, bem como seis entrevistas semiestruturadas. Obtivemos que os cooperados formularam ao menos três importantes regras tácitas sobre o funcionamento coletivo na cooperativa: "todos são iguais"; "todos são responsáveis"; e "todos estão no mesmo barco". Os cooperados utilizam tais regras para manter a simetria de poder na cooperativa, para cobrar atitudes uns dos outros e para manter a coesão do grupo. Cada regra corresponde a uma característica psicossocial desses cooperados: eles se preocupam com a cooperativa; eles controlam os demais cooperados; e eles se sentem parte da cooperativa. Concluímos que os cooperados alternam, simbolicamente, posições e interesses: ora se posicionam como "sócios favoráveis à cooperativa", ora como "trabalhadores em prol dos cooperados" e ora como "pessoas em busca de uma vida melhor".(AU)
This case study investigates how members of an industrial cooperative bargain interests and build understandings in everyday self-management of their cooperative. With this object, we conducted an ethnographic observation of daily work of the members, which included long conversations by the machines, and six semi-structured interviews. We observed that the members drew up at least three important tacit rules about the collective functioning of the cooperative: "everybody is equal", "everybody is responsible" and "everybody is in the same boat". The members use such rules to maintain the symmetry of power in the cooperative, to demand attitudes from each other and to maintain group cohesion. Each rule corresponds to a psychosocial characteristic of these members: they are concerned about the cooperative, they control other members and they feel to be part of the cooperative. We concluded that members alternate, symbolically, positions and interests, sometimes as "partners favorable to the cooperative", sometimes as "workers in favor of members" and sometimes as "people seeking a better life".(AU)
Assuntos
Psicologia Social/normas , Condições de Trabalho , Relações Interpessoais , EconomiaRESUMO
Este estudo de caso investigou como cooperados de uma cooperativa industrial negociam interesses e constroem entendimentos no cotidiano da autogestão de sua cooperativa. Com este objeto, conduzimos uma observação etnográfica do dia a dia de trabalho dos cooperados, o que incluiu longas conversas ao lado das máquinas, bem como seis entrevistas semiestruturadas. Obtivemos que os cooperados formularam ao menos três importantes regras tácitas sobre o funcionamento coletivo na cooperativa: "todos são iguais"; "todos são responsáveis"; e "todos estão no mesmo barco". Os cooperados utilizam tais regras para manter a simetria de poder na cooperativa, para cobrar atitudes uns dos outros e para manter a coesão do grupo. Cada regra corresponde a uma característica psicossocial desses cooperados: eles se preocupam com a cooperativa; eles controlam os demais cooperados; e eles se sentem parte da cooperativa. Concluímos que os cooperados alternam, simbolicamente, posições e interesses: ora se posicionam como "sócios favoráveis à cooperativa", ora como "trabalhadores em prol dos cooperados" e ora como "pessoas em busca de uma vida melhor"...
This case study investigates how members of an industrial cooperative bargain interests and build understandings in everyday self-management of their cooperative. With this object, we conducted an ethnographic observation of daily work of the members, which included long conversations by the machines, and six semi-structured interviews. We observed that the members drew up at least three important tacit rules about the collective functioning of the cooperative: "everybody is equal", "everybody is responsible" and "everybody is in the same boat". The members use such rules to maintain the symmetry of power in the cooperative, to demand attitudes from each other and to maintain group cohesion. Each rule corresponds to a psychosocial characteristic of these members: they are concerned about the cooperative, they control other members and they feel to be part of the cooperative. We concluded that members alternate, symbolically, positions and interests, sometimes as "partners favorable to the cooperative", sometimes as "workers in favor of members" and sometimes as "people seeking a better life"...
Assuntos
Humanos , Economia , Relações Interpessoais , Psicologia Social/normas , Condições de TrabalhoRESUMO
O presente artigo - originado de fala em mesa redonda de comemoração ao dia do trabalho, organizada pelo Centro de Psicologia Aplicada ao Trabalho (CPAT) - disserta a respeito não propriamente da atividade humana de trabalho, mas de algo que, ao menos parcialmente, a condiciona: as relações contratuais de trabalho. Apresenta duas modalidades contratuais, a empregatícia, de um lado, e a associativa, de outro. A fala questiona a natureza do vínculo empregatício, ideologicamente dominante, e seus resultados para o trabalhador, bem como provoca uma discussão sobre o vínculo associativo de trabalho. A pergunta central é política: se a subordinação foi banida da esfera pública, porque deve ser resguardada à esfera da produção? A conclusão da fala é que a vivência do trabalho associado condiciona uma outra forma de relações de trabalho (e de relações no trabalho) que podem causar uma (re)socialização democratizante dos trabalhadores, bem como uma reformatação, igualmente democratizante, do quadro institucional que baliza as atividades produtivas e empreendedoras.(AU)
This article - originaly a talk in a panel discussion celebrating Labor Day organized by Centro de Psicologia Aplicada ao Trabalho (CPAT) - is not about human labor activities, but about its partial conditioner: labor contracts. It discusses two possible types of contracts: employment, on one hand, and association, on the other. We question the very nature of employment, ideologically dominant, and its consequences for the worker. It also opens a discussion about workers' associations. The central question is political: if subordination was banned from the public sphere, why should it be maintained in the sphere of production? The conclusion is that the experience of associative work leads to another form of work relations (and of relations in the workplace) wich may cause a democratic resocialization of the workers while, at the same time, introducing new democratic forms and in the institutions that control production activities and free enterprise.(AU)
Assuntos
Contratos , Trabalho , Emprego , DemocraciaRESUMO
O presente artigo - originado de fala em mesa redonda de comemoração ao dia do trabalho, organizada pelo Centro de Psicologia Aplicada ao Trabalho (CPAT) - disserta a respeito não propriamente da atividade humana de trabalho, mas de algo que, ao menos parcialmente, a condiciona: as relações contratuais de trabalho. Apresenta duas modalidades contratuais, a empregatícia, de um lado, e a associativa, de outro. A fala questiona a natureza do vínculo empregatício, ideologicamente dominante, e seus resultados para o trabalhador, bem como provoca uma discussão sobre o vínculo associativo de trabalho. A pergunta central é política: se a subordinação foi banida da esfera pública, porque deve ser resguardada à esfera da produção? A conclusão da fala é que a vivência do trabalho associado condiciona uma outra forma de relações de trabalho (e de relações no trabalho) que podem causar uma (re)socialização democratizante dos trabalhadores, bem como uma reformatação, igualmente democratizante, do quadro institucional que baliza as atividades produtivas e empreendedoras.
This article - originaly a talk in a panel discussion celebrating Labor Day organized by Centro de Psicologia Aplicada ao Trabalho (CPAT) - is not about human labor activities, but about its partial conditioner: labor contracts. It discusses two possible types of contracts: employment, on one hand, and association, on the other. We question the very nature of employment, ideologically dominant, and its consequences for the worker. It also opens a discussion about workers' associations. The central question is political: if subordination was banned from the public sphere, why should it be maintained in the sphere of production? The conclusion is that the experience of associative work leads to another form of work relations (and of relations in the workplace) wich may cause a democratic resocialization of the workers while, at the same time, introducing new democratic forms and in the institutions that control production activities and free enterprise.