Efeito da pirazinamida sobre a resposta imune celular humana

Cruz Filho, Álvaro Augusto Souza da

RESUMO

A tuberculose (Tbc) ainda é um grave problema de saúde pública. O avanço mais recente no combate a esta endemia é a quimioterapia de curta duração, com associação de rifampicina (RFM ou R), isoniazida (INH ou I), e pirazinamida (PZA ou Z),que por período de 6 meses é tão eficaz quanto os esquemas prolongados conhecidos. A importância da PZA é atribuída à sua atividade "esterilizante", atingindo população bacilar semi-latente no interior de macrófagos, onde o meio é ácido. Entretanto, os estudos "in vitro" não evidenciam atividade anti-bacteriana proporcional à encontrada "in vivo", em nenhum pH observado. A partir disto, elaboramos a hipótese de que a PZA, aliada ao seu poder antimicrobiano direto, apresenta ação imunoestimulante aumentando a atividade microbicida de macrófagos. Estudamos os efeitos da PZA sobre a imunidade celular humana através de 1) evolução da reatividade cutânea a PPD e candidina, em portadores de tuberculose pulmonar (TP) inicialmente não reatores ao PPD; 2) comparação da transformação linfoblástica basal e da resposta linfoproliferativa em portadores de TP, antes do tratamento e durante a quimioterapia (QT); 3) teste de transformação linfoblástica e observação de resposta linfoproliferativa a mitógenos em células de doadores sadios expostas a PZA "in vitro"; 4) avaliação da atividade microbicida de macrófagos infectados com Leishmania mexicana quando expostos "in vitro" à PZA; 5) determinação do percentual de macrófagos ativados após adição de PZA ao cultivo pelo Teste do NBT ("nitroblue tetrazolium"). Os resultados que podem ser correlacionados com efeito da PZA por apresentarem diferenças estatisticamente significantes são 1) proliferação linfoblástica basal aumentada nos portadores de TP em uso da PZA (p < 0,05); 2) redução de 66% do parasitismo intracelular nos macrófagos infectados com L.mexicana em que a PZA foi adicionada à cultura, com número médio de leishmanias por macrófago infectado diminuído (p < 0,01); 3) ativação dos mecanismos oxidativos de macrófagos (p < 0,05). Outros resultados sugerem ação estimulante da PZA, mas não foram verificadas diferenças estatisticamente significantes 1) recuperação mais rápida da hipersensibilidade tardia nos portadores de TP inicialmente "anérgicos"; 2) aumento da transformação linfoblástica em células de doadores sadios expostas à PZA "in vitro"...