Introdução:

As Práticas Integrativas visam estimular o uso de métodos naturais e não invasivos para a prevenção e recuperação da saúde, com ênfase no desenvolvimento do vínculo terapêutico, na visão ampliada do processo saúde-doença e a promoção do cuidado, tornando-se assim, um coadjuvante nos tratamentos alopático. Nas últimas décadas, as PIC vêm recebendo grande incentivo da Organização Mundial de Saúde (OMS), para sua inserção na Atenção Básica (OMS, 2001). No Brasil, o processo se deu com a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) (Brasil, 2006), garantido ao usuário o direito a um olhar ampliando e humanizado sobre seu sofrimento. Contudo, ainda existem dificuldades para a implantação das práticas no SUS. Embora exista uma Política Pública que determine a utilização das PIC, percebeu- se que algumas limitações e desafios têm impedido que a sua implantação ocorra de modo mais efetivo. Um questionamento possível a respeito desse impasse seria existe um distanciamento entre as propostas definidas na PNPIC e aquilo que é possível de se realizar na prática? Como os gestores das diversas instâncias hierárquicas se relacionam com a PNPIC?

Objetivos:

Investigar a percepção dos gestores responsáveis por PIC no município de São Paulo, a partir dos seus diferentes locais de atuação, sobre a inserção das práticas integrativas no município.

Metodologia:

O método adotado foi a abordagem qualitativa e optou-se pela pesquisa Exploratória do tipo Estudo de Caso. Foram entrevistados cinco profissionais de saúde responsáveis pela gestão das PIC, direta ou indiretamente. Três coordenadores da área técnica de PIC e dois gestores de UBS. Os dados foram coletados através de entrevistas individuais semi-estruturadas. A análise de conteúdo foi utilizada com a finalidade de interpretar o material colhido da forma mais abrangente possível.

Resultados:

foram selecionadas cinco categorias temáticas, a partir da análise das entrevistas conhecimento dos gestores sobre as PIC; PIC no SUS; PIC e Ciência; Dificuldades na Gestão; e Ações Facilitadoras. Os resultados evidenciam a falta de conhecimento conceitual dos gestores sobre as PIC. A confusão gerada entre o entendimento do conceito de PIC e promoção da saúde. A divergência de opinião, entre os gestores, sobre a qualidade da produção científica de PIC. As principais dificuldades enfrentadas pela gestão divulgação, hegemonia do modelo biomédico, exigência por produtividade e falta de financiamento. E os principais fatores facilitadores da inserção das PIC no município foram os próprios usuários que estão buscando as práticas, o interesse dos profissionais de saúde por novas tecnologias de cuidado e o posicionamento favorável da SMS.

Conclusão:

Para a consolidação das PIC, faz-se necessário considerar as diversas influências que podem interferir este processo gestores, políticas institucionais, sujeitos envolvidos (e suas competências) e cultura local. A dificuldade na comunicação entre os principais gestores de PIC no município, pode estar diretamente relacionada às dificuldades no fortalecimento institucional e, assim, comprometendo a sua continuidade ao ampliar a distância entre formulação de políticas e implementação, impedindo o alcance dos resultados esperados.