O hipertireoidismo afeta cerca de 2% das mulheres e 0,2% dos homens. Sua causa mais comum é a Doença de Graves (DG), cuja prevalência pode chegar a 0,5% da população mundial. São conhecidas 3 modalidades de tratamento do hipertireoidismo por DG o uso de drogas que bloqueiam a síntese hormonal, chamadas drogas anti-tireoideanas (DAT); a terapia com I131, que leva a uma destruição da glândula tireóide através de uma ablação; e retirada cirúrgica da tireóide. A escolha da terapia vai depender de múltiplos fatores, porém todas as 3 opções terapêuticas são eficazes no tratamento da DG.

Objetivos:

analisar a evolução terapêutica dos pacientes que tiveram diagnóstico de DG no nosso serviço de Endocrinologia a fim de conhecer qual modalidade terapêutica foi oferecida inicialmente e o que aconteceu no seguimento dos mesmos, avaliando taxas de remissão e recidiva com o uso de DAT, chance de permanência em eutireoidismo, probabilidade de evolução para terapia com I131 e indicações de cirurgia. Outro objetivo foi conhecer a apresentação clínico-laboratorial dessa população no momento do diagnóstico.

Materiais e Métodos:

foram revisados 63 prontuários de pacientes com diagnóstico de DG do serviço de Endocrinologia do Hospital do Servidor Público Municipal que receberam algum tipo de tratamento, e analisados do momento do diagnóstico até o término deste trabalho.

Resultados:

dos 63 pacientes analisados, 55 (84,7%) eram do sexo feminino e 8 (22%) do sexo masculino; a média de idade foi de 44,5± 12,8 anos; o volume de bócio inicial teve mediana de 30g; oftalmopatia esteve presente em 30,6% dos pacientes e os níveis séricos de T4l e de T3T tiveram médias de 3,36 ± 1,65 e de 289,9 ± 145,7 ng / dL, respectivamente. Do total analisado, 61 pacientes (96,8%) receberam tratamento clínico inicial com DAT e apenas 2 (3,2%) foram encaminhados para cirurgia; dos que usaram DAT, o metimazol foi a droga de escolha em 86,8% dos casos. Ao início do tratamento com DAT, a probabilidade de remissão da doença e permanência em eutireoidismo foi de 8,2%. Por outro lado, a chance de evolução para terapia com I131, em algum momento do tratamento, foi de 91,8%. Ao final dos 18 meses de uso da DAT, a taxa de remissão foi de 47,8%. Destes, 22,7% permaneceram eutireoidismo e 77,2% recidivaram a doença, com tempo de remissão que variou de 4 a 108 meses (mediana de 10 meses). A taxa de falência terapêutica após tratamento completo com DAT foi de 52,2% (n=24). Como segundo tratamento, a terapia definitiva com I131 foi indicada em 100% dos casos.

Conclusão:

os dados de apresentação clínica e laboratorial desta nossa população foi compatível com os usualmente encontrados na literatura. Nosso estudo sugere também que, ao diagnóstico da DG, pode-se prognosticar uma baixa probabilidade de remissão e permanência definitiva em eutireoidismo e uma alta probabilidade de que, em algum momento do tratamento, possa haver a necessidade de troca para a terapia definitiva com I131. Verificamos ainda que a chance de permanecer em remissão, após esta ter acontecido, e de 22,7%.