CONTEXTO: Achados clínico-patológicos e suas associações com o sobrevivência e desenvolvimento de laminite em cavalos com diarreia aguda não foram investigados em um estudo multicêntrico envolvendo diferentes regiões geográficas. OBJETIVOS: Descrever e comparar achados clínico-patológicos de cavalos com diarreia em diferentes regiões geográficas, taxa de sobrevivência e fatores associados com mortalidade e laminite. DELINEAMENTO DO ESTUDO: Estudo multicêntrico retrospectivo de série de casos. METODOLOGIA: Informação sobre equinos com diarreia aguda apresentados às instituições participantes entre 2016 e 2020 foram coletados, e dados clínico-patológicos foram comparados entre sobreviventes e não-sobreviventes, e cavalos que desenvolveram ou não laminite. Taxa de sobrevivência, e diferenças sazonais e geográficas também foram investigadas. RESULTADOS: 1438 cavalos de 26 instituições participantes de 4 continentes foram incluídos; 76% sobreviveram e receberam alta e nenhuma diferença foi observada entre as diferentes regiões geográficas. A proporção de cavalos que sobreviveram com SIRS e concentração de creatinina > 1.8 mg/dL foi 55% (154/279) comparado com 81% (358/437) dos cavalos com SIRS e concentração de creatinina < 1.8 mg/dL (p < 0.001). A proporção de cavalos com SIRS que tinham concentração de L-lactato > 2.8 mmol que sobreviveram foi 59% (175/298) comparado com 81% (240/296) dos cavalos com SIRS e concentração de L-lactato < 2.8 mmol/L (p < 0.001). A proporção de cavalos que desenvolveram laminite foi menor na Europa (4%, 19/479) comparado com a América do Norte (8%, 52/619), Austrália (8%, 12/138) e América Latina (11% 16/146) (p < 0.05). Mais cavalos desenvolveram laminite no verão (46%, 39/8) comparado com inverno (18%, 15/85), primavera (18%, 15/85) e outono (19%, 16/85) (p < 0.01). Cavalos com laminite tiveram chances maior de não sobreviver do que aqueles que não desenvolveram laminite (OR: 3.73, 95% CI: 2.47 a 5.65). PRINCIPAIS LIMITAÇÕES: Algumas variáveis não estavam disponíveis para alguns cavalos devido à natureza retrospectiva deste estudo. CONCLUSÕES: Achados clínico-patológicos em equinos com diarreia aguda e sua associação com sobrevivência é similar entre as diferentes regiões geográficas. Contudo, o desenvolvimento de laminite secundário à diarreia é menos comum na Europa. Além disso, fatores associados com não-sobrevivência foram indicativos de severidade da doença e subsequente comprometimento cardiovascular.