RESUMO
Rabies is a zoonotic disease characterized by acute viral encephalitis. It is almost 100% fatal for infected animals. While cases of human rabies have still been registered in Brazil, in the state of Rio Grande do Sul rabies is considered a controlled disease in urban areas. However, the transmission of bovine rabies which has been largely associated with the Desmodus rotundus bat is endemic. Additionally, there are estimates that only 10% of rabies cases are reported. Therefore, this study aimed to describe the positivity rates, geographical distribution, and seasonal occurrence of bovine rabies in RS, as well as the sampling practices in rabies surveillance. Using samples submitted for laboratory diagnosis from 2016 to 2019, we conducted a retrospective study of the sample results, positivity rates, and seasonal occurrence of rabies in cattle. Throughout these four years, less than a third of state municipalities sent samples for diagnosis, suggesting that the occurrence of rabies might still be underestimated in non-sampled areas. A higher number of rabies cases were reported in 2019, a year in which the most diagnosed samples and the highest positivity percentages were recorded. However, the case numbers registered between 2016 and 2019 were not significantly different. We found that the summer and autumn months presented statistically different positivity rates. Besides this, we did not find any positive D. rotundus samples, despite the positivity rates for bovine rabies. Active surveillance, especially of bat populations and under-sampled regions, must be strengthened to correctly estimate the impact of rabies.(AU)
A raiva é uma zoonose caracterizada por uma encefalite viral aguda, sendo fatal em quase 100% das infecções em animais. Ainda que casos humanos ainda sejam registrados no Brasil, no Rio Grande do Sul (RS) a raiva é considerada uma doença controlada em áreas urbanas. Entretanto, a transmissão da raiva bovina, que tem sido frequentemente associada ao morcego Desmodus rotundus, é endêmica. Ademais, estima-se que apenas 10% de todos os casos de raiva são notificados. Assim, este estudo buscou descrever as taxas de positividade, distribuição geográfica e a ocorrência sazonal da raiva bovina no RS, bem como as práticas de amostragem na vigilância da raiva. Utilizando amostras submetidas a diagnóstico laboratorial de 2016 a 2019, foi realizado um estudo retrospectivo dos resultados laboratoriais, taxas de positividade e ocorrência sazonal da raiva em bovinos. Ao longo dos quatro anos, menos de um terço dos municípios enviou amostras para diagnóstico, sugerindo que a ocorrência da raiva pode ainda ser subestimada em áreas sem amostragem. O maior número de casos de raiva foi notifi-cado em 2019, ano com o maior número de amostras enviadas para diagnóstico e maior taxa de positividade. Apesar disso, o número de casos registrados entre 2016 e 2019 não foram significativamente diferentes. Foram encontrados valores estatisti-camente diferentes nas taxas de positividade dos meses de verão e outono. Além disso, não foram detectadas amostras positivas de D. rotundus, apesar das taxas de positividade da raiva bovina. A vigilância ativa, especialmente das populações de morcegos e regiões não amostradas, deve ser fortalecida para mensurar adequadamente o impacto da raiva.(AU)
Assuntos
Animais , Quirópteros/virologia , Análise Espacial , Estações do Ano , Vírus da Raiva/patogenicidadeRESUMO
Rabies is a zoonotic disease characterized by acute viral encephalitis. It is almost 100% fatal for infected animals. While cases of human rabies have still been registered in Brazil, in the state of Rio Grande do Sul rabies is considered a controlled disease in urban areas. However, the transmission of bovine rabies which has been largely associated with the Desmodus rotundus bat is endemic. Additionally, there are estimates that only 10% of rabies cases are reported. Therefore, this study aimed to describe the positivity rates, geographical distribution, and seasonal occurrence of bovine rabies in RS, as well as the sampling practices in rabies surveillance. Using samples submitted for laboratory diagnosis from 2016 to 2019, we conducted a retrospective study of the sample results, positivity rates, and seasonal occurrence of rabies in cattle. Throughout these four years, less than a third of state municipalities sent samples for diagnosis, suggesting that the occurrence of rabies might still be underestimated in non-sampled areas. A higher number of rabies cases were reported in 2019, a year in which the most diagnosed samples and the highest positivity percentages were recorded. However, the case numbers registered between 2016 and 2019 were not significantly different. We found that the summer and autumn months presented statistically different positivity rates. Besides this, we did not find any positive D. rotundus samples, despite the positivity rates for bovine rabies. Active surveillance, especially of bat populations and under-sampled regions, must be strengthened to correctly estimate the impact of rabies.
A raiva é uma zoonose caracterizada por uma encefalite viral aguda, sendo fatal em quase 100% das infecções em animais. Ainda que casos humanos ainda sejam registrados no Brasil, no Rio Grande do Sul (RS) a raiva é considerada uma doença controlada em áreas urbanas. Entretanto, a transmissão da raiva bovina, que tem sido frequentemente associada ao morcego Desmodus rotundus, é endêmica. Ademais, estima-se que apenas 10% de todos os casos de raiva são notificados. Assim, este estudo buscou descrever as taxas de positividade, distribuição geográfica e a ocorrência sazonal da raiva bovina no RS, bem como as práticas de amostragem na vigilância da raiva. Utilizando amostras submetidas a diagnóstico laboratorial de 2016 a 2019, foi realizado um estudo retrospectivo dos resultados laboratoriais, taxas de positividade e ocorrência sazonal da raiva em bovinos. Ao longo dos quatro anos, menos de um terço dos municípios enviou amostras para diagnóstico, sugerindo que a ocorrência da raiva pode ainda ser subestimada em áreas sem amostragem. O maior número de casos de raiva foi notifi-cado em 2019, ano com o maior número de amostras enviadas para diagnóstico e maior taxa de positividade. Apesar disso, o número de casos registrados entre 2016 e 2019 não foram significativamente diferentes. Foram encontrados valores estatisti-camente diferentes nas taxas de positividade dos meses de verão e outono. Além disso, não foram detectadas amostras positivas de D. rotundus, apesar das taxas de positividade da raiva bovina. A vigilância ativa, especialmente das populações de morcegos e regiões não amostradas, deve ser fortalecida para mensurar adequadamente o impacto da raiva.
Assuntos
Animais , Análise Espacial , Estações do Ano , Quirópteros/virologia , Vírus da Raiva/patogenicidadeRESUMO
Há um grande número de atendimentos antirrábicos humanos (AARH) provocados por acidentes com herbívoros domésticos, quirópteros e felinos, registrados no banco de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) nos últimos anos. As fichas de investigação do atendimento antirrábico humano são a fonte oficial de descrição de dados do paciente, espécie animal agressora, antecedentes epidemiológicos e tratamento. São essas informações que norteiam e decidem o desfecho do caso de agressão. Este trabalho tem como objetivo apresentar uma análise descritiva dos AARH no estado do Rio Grande do Sul (RS), no período de 2012 a 2016, com o propósito de contribuir para a melhoria das práticas de vigilância em saúde. Foi realizado um estudo descritivo com dados secundários oriundos do banco de dados do SINAN, onde foram analisados os dados de 163.978 fichas de investigação de AARH do RS. Além disso, foram realizadas uma análise espacial e uma análise de associação entre as varáveis da ficha AARH. As variáveis que apresentaram maior índice de incompletude foram a "escolaridade", "condição final do animal após observação", "tipo de ferimento" e "animal passível de observação". O perfil do AARH, no RS, mostrou que 63% dos casos estão na faixa etária de 15 a 65 anos. O tipo de exposição ao vírus rábico mais constante foi a mordedura, com 82,5% de frequência, na forma de ferimento único, com 61%, mais frequente em mãos e pés (32%) e membros inferiores (37%). A espécie agressora predominante foi a canina (87,7%), seguida pelos felinos (8%), herbívoros domésticos (2%), quirópteros (0,45%), primatas (0,16%) e raposas (0,05%). Em 73% dos casos os animais agressores são descritos como sadios, e os cães e gatos passíveis de observação representaram 74%. Os dados referentes às condutas de tratamento, demonstram que a "observação do animal" (34,4%) e a "observação + vacina" (38,7%) foram os tratamentos mais indicados para os pacientes. Houve associação estatística do sexo masculino e a ocorrência de casos de AARH envolvendo as espécies agressoras "quiróptero" (RP 1,38, IC95% 1,19-1,6) e "herbívoro doméstico" (RP 2,79, IC95% 2,58-3,02). As agressões por felinos foram cerca de duas vezes mais frequentes em indivíduos do sexo feminino quando comparadas com indivíduos do sexo masculino (RP de 2,09, IC95% 2,02-2,16). Houve aproximadamente duas vezes mais chance (RP 2,34, IC95% 2,25-2,43) das agressões por felinos ocorrerem em indivíduos com maior escolaridade. Em relação aos tipos de ferimentos, os quirópteros apresentaram uma chance 45% maior de provocar ferimentos superficiais do que as demais espécies agressoras. Em contrapartida, a chance de ocorrência de ferimentos profundos ou dilacerantes é 15% maior em agressões por primatas em comparação com todos os demais animais agressores. No RS, 82% dos pacientes procuraram atendimento médico em um dia após a agressão animal, o que pode mostrar uma maior percepção de risco de exposição ao vírus rábico. Foi realizado tratamento envolvendo soro e/ou vacinação em 50% das agressões por cães e gatos que eram em sua grande maioria observáveis e sadios. Em todos os municípios do RS houve a notificação de AARH, com maior concentração na região metropolitana de Porto Alegre, na região da serra e na região de Passo Fundo, seguidas das regiões de Pelotas, Santa Maria, Santa Rosa, Frederico Westphalen e Litoral Norte. A identificação do perfil dos pacientes de AARH também pode direcionar ações de educação em saúde. A análise dos dados permite concluir que a baixa completude das fichas consiste em um problema para melhor interpretação das 13 informações obtidas no atendimento de AARH. Considerando que a taxa de incidência de raiva em cães e gatos é muito baixa no RS, haveria uma grande economia de insumos se o critério observação de cães e gatos fosse melhor utilizado. A identificação das áreas de maior ocorrência de AARH, e áreas de sobreposição de AARH com casos de raiva animal podem direcionar as ações de vigilância em saúde. (AU)
There are cases of human rabies post-exposure prophylaxis (RPEP) generated by accidents with domestic herbivores, chiroptera and felines, registered in the database of the Brazilian Ministry of Health (SINAN) in recent years. The database from human rabies surveillance is the official source for describing patient data, animal species, epidemiological history and treatment. This information guides and establishes the approach of the case. The aim of this study is to provide a descriptive analysis of the human rabies post-exposure prophylaxis in the Rio Grande do Sul state, from 2012 to 2016. A descriptive study was carried out with secondary data from the SINAN database where the data were analyzed from 163,978 records of RPEP from RS. In addition, a spatial analysis and an analysis of association between the variables of the RPEP was performed. The variables that presented the highest proportion of incompleteness were "educational level", "final condition of the animal after observation", "type of injury" and "if the animal observation was possible". The profile of potential human exposure to rabies in RS showed that around 63% of the cases were registered between the ages of 15 to 65 years old. The most frequent type of potential exposure to rabies virus was animal bite, with 82.5% frequency, particularly as a single wound (61%). The aggression was more frequent in hands and feet (32%) and lower limbs (37%). The predominant aggressor species was canine (87.7%), followed by felines (8%), domestic herbivores (2%), chiroptera (0.45%), primates (0.16%) and foxes (0.05%). There was a statistical association between males patients and the occurrence of RPEP cases involving bats (PR 1.38) and domestic herbivores (PR 2.79). Feline aggressions were about twice as frequent in women (PR 2.39). There was approximately two times more odds (PR 2.34) that feline aggressions in individuals with higher educational level. In contrast, the odds of occurrence of deep or tearing injuries is 15% higher in aggressions by primates compared to all other animals. In RS, 82% of the patients sought medical care one day after the animal aggression, which may show a greater perception of the risk of rabies exposure. Treatment involving rabies immunoglobulin and/or vaccination was performed in 50% of the aggressions by dogs and cats that were mostly observable and healthy. In all the municipalities of the RS state, there was notification of RPEP, with greater concentration in the metropolitan region of Porto Alegre, in the regions of Serra and Passo Fundo, followed by Pelotas, Santa Rosa, Frederico Westphalen and North Coast. The identification of the profile of the RPEP patients can also direct actions of health education. The analysis of the data allows the conclusion that the low completeness of the records consists of a problem for a better understand of the information obtained from post-exposure prophylaxis database. Considering that the incidence rate of rabies in dogs and cats is very low in RS state, there would be a great saving of immunobiologicals if the observation criterion of dogs and cats was better used. The identification of areas of higher occurrence of RPEP, and areas of RPEP overlap with cases of animal rabies may direct health surveillance actions.