RESUMO
Resumo Fundamento A síncope, na população pediátrica, tem como sua principal causa, a vasovagal (SVV). Sua avaliação deve ser feita por métodos clínicos e o teste de inclinação (TI) pode contribuir para seu diagnóstico. Objetivos Analisar o perfil clínico, os escores de Calgary e de Calgary modificado, a resposta ao TI e a variabilidade da frequência cardíaca (VFC) de pacientes ≤ 18 anos de idade, com presumida SVV. Comparar as variáveis entre pacientes com resposta positiva e negativa ao TI. Método Estudo observacional e prospectivo, com 73 pacientes com idades entre 6 e 18 anos, submetidos à avaliação clínica e ao cálculo dos escores, sem o conhecimento do TI. Este foi feito a 70º sob monitoramento para análise da VFC. Valor-p < 0,05 foi considerado como o critério de significância estatística. Resultados A mediana de idade foi de 14,0 anos, sendo que 52% eram no sexo feminino, 72 apresentaram Calgary ≥ -2 (média 1,80) e 69 com Calgary modificado ≥ -3 (média 1,38). Ocorreram pródromos em 59 pacientes, recorrência em 50 e trauma em 19. A resposta ao TI foi positiva em 54 (49 vasovagal, com 39 vasodepressora), com aumento do componente de baixa frequência (BF) e diminuição da alta frequência (AF) (p < 0,0001). Na posição supina, o BF foi de 33,6 no sexo feminino e 47,4 em unidades normalizadas no sexo masculino (p = 0,02). Aplicando-se a curva de operação característica para TI positivo, não houve significância estatística para VFC e os escores. Conclusões A maioria das crianças e adolescentes com diagnóstico presumido de SVV apresentaram um cenário clínico típico, com escore de Calgary ≥ -2, e resposta vasodepressora predominante ao TI. Verificou-se uma maior ativação simpática na posição supina no sexo masculino. Os escores de Calgary e a ativação simpática não permitiram predizer a resposta ao TI.
Abstract Background In the pediatric population, syncope is mainly from vasovagal (VVS) origin. Its evaluation must be done by clinical methods, and the tilt test (TT) can contribute to the diagnosis. Objectives To analyze the clinical profile, Calgary and modified Calgary scores, response to TT and heart rate variability (HRV) of patients aged ≤ 18 years with presumed VVS. To compare the variables between patients with positive and negative responses to TT. Method Observational and prospective study, with 73 patients aged between 6 and 18 years, submitted to clinical evaluation and calculation of scores without previous knowledge of the TT. It was done at 70º under monitoring for HRV analysis. P-value < 0.05 was the statistical significance criterion. Results Median age was 14.0 years; 52% of participants were female, 72 had Calgary ≥ -2 (mean 1.80), and 69 had modified Calgary ≥ -3 (mean 1.38). Prodromes were observed in 59 patients, recurrence in 50 and trauma in 19. The response to TT was positive in 54 participants (49 vasovagal, with 39 vasodepressor responses), with an increase in the low frequency (LF) component and a decrease in the high frequency (HF) component (p < 0,0001). In the supine position, LF was 33.6 in females and 47.4 in normalized units for males (p = 0.02). When applying the operating characteristic curve for positive TT, there was no statistical significance for HRV and scores. Conclusion Most children and adolescents with a presumed diagnosis of VVS presented a typical clinical scenario, with a Calgary score ≥ -2, and a predominant vasodepressor response to TT. Greater sympathetic activation was observed in the supine position in males. Calgary scores and sympathetic activation did not predict the response to TT.
RESUMO
Abstract Background: Maintenance of orthostatism requires the interaction of autonomic and muscle responses for an efficient postural control, to minimize body motion and facilitate venous return in a common type of syncope called neurocardiogenic syncope (NCS). Muscle activity in standing position may be registered by surface electromyography, and body sway confirmed by displacement of the center of pressure (COP) on a force platform. These peripheral variables reflect the role of muscles in the maintenance of orthostatism during the active tilt test, which, compared with muscle activity during the passive test (head-up tilt test), enables the analyses of electromyographic activity of these muscles that may anticipate the clinical effects of CNS during these tests. Objective: to evaluate and compare the effects of a standardized protocol of active and passive tests for CNS diagnosis associated with the effects of Valsalva maneuver (VM). Methods: twenty-thee clinically stable female volunteers were recruited to undergo both tests. EMG electrodes were placed on muscles involved in postural maintenance. During the active test, subjects stood on a force platform. In addition to electromyography and the platform, heart rate was recorded during all tests. Three VMs were performed during the tests. Results: progressive peripheral changes were observed along both tests, more evidently during the active test. Conclusion: the active test detected changes in muscle and cardiovascular responses, which were exacerbated by the VM.
Resumo Fundamento: A manutenção do ortostatismo requer interação das respostas autonômicas e musculares para um controle postural eficiente e minimizar oscilações do corpo e facilitar o retorno venoso frente a um tipo comum de síncope chamada neurocardiogênica (SNC). A atividade da musculatura na posição de pé pode ser documentada por meio da eletromiografia de superfície (EMG) e as oscilações do corpo confirmadas pelo deslocamento do centro de pressão (CP) sobre uma plataforma de força. Estas variáveis periféricas mostram o papel muscular na manutenção do ortostatismo durante o tilt test ativo bem como esta atividade muscular ser comparada durante o teste passivo, Head-Up Tilt test, na tentativa de verificar alterações na atividade eletromiográfica destes músculos que podem antecipar os efeitos clínicos da SNC durante estes testes. Objetivo: Avaliar e comparar os efeitos de um protocolo padronizado para testes ativo e passivo de detecção da SNC associado ao efeito da manobra de valsalva (MV). Métodos: 23 voluntárias mulheres clinicamente saudáveis foram recrutadas para realizar ambos os testes. Os eletrodos da EMG foram posicionados em músculos associados com a manutenção postural, além de durante o teste ativo os sujeitos realizarem a postura ortostática sobre uma plataforma de força. Foi registrado além da EMG e da plataforma, a frequência cardíaca durante todo o teste. Três MV foram realizadas durante os testes. Resultados: Alterações periféricas foram verificadas de maneira progressiva ao longo dos testes, sendo mais evidente durante o teste ativo. Conclusão: o teste ativo verificou mudanças mais evidentes nas respostas musculares e cardiovasculares, amplificadas pela MV.
Assuntos
Humanos , Feminino , Adolescente , Adulto , Adulto Jovem , Teste da Mesa Inclinada/métodos , Músculo Esquelético/fisiologia , Frequência Cardíaca/fisiologia , Postura , EletromiografiaRESUMO
Abstract Background: Cardioinhibitory vasovagal response is uncommon during the tilt test (TT). Heart rate variability (HRV) by use of spectral analysis can distinguish patients with that response. Objective: To compare the HRV in patients with cardioinhibitory vasovagal syncope (case group - G1) with that in patients without syncope and with negative response to TT (control group - G2). Methods: 64 patients were evaluated (mean age, 36.2 years; 35 men) and submitted to TT at 70 degrees, under digital Holter monitoring. The groups were paired for age and sex (G1, 40 patients; G2, 24). Results: In G1, 21 patients had a type 2A response and 19 had type 2B, with mean TT duration of 20.4 minutes. There was a greater low frequency (LF) component (11,6 versus 4,5 ms2, p=0.001) and a lower low/high frequency ratio in the supine position (3,9 versus 4,5 ms2, p=0.008) in G1, with no difference during TT between the groups. Applying the receiver operating characteristic curve for cardioinhibitory response, the area under the curve was 0.74 for the LF component in the supine position (p = 0.001). The following were observed for the cutoff point of 0.35 ms(2) for the LF component: sensitivity, 97.4%; specificity, 83.3%; positive predictive value, 85.3%; negative predictive value, 96.9%; and positive likelihood ratio, 5.8. Conclusion: HRV in the supine position allowed identifying patients with syncope and cardioinhibitory response with a high negative predictive value and likelihood ratio of 5.8.
Resumo Fundamento: A resposta cardioinibitória vasovagal ao teste de inclinação (TI) é pouco frequente. A variabilidade da frequência cardíaca (VFC) por meio da análise espectral pode discernir os pacientes (pts) com aquela resposta. Objetivo: Avaliar a VFC em pts com síncope vasovagal cardioinibitória (grupo caso - G1), comparando-a com a VFC de pts sem síncope e com resposta negativa ao TI (grupo controle - G2). Métodos: foram avaliados 64 pts, média de idade 36,2 anos, 35 homens, submetidos ao TI a 70º, sob monitoramento pelo Holter digital. Os grupos foram pareados por idade e sexo, sendo 40 pts do G1 e 24 do G2. Resultados: No G1, 21 pts apresentaram resposta tipo 2A e 19, tipo 2B, com média do TI de 20,4 min. Houve maior valor do componente de baixa frequência (BF) (11,6 versus 4,5 ms2, p=0,001) e menor relação baixa/alta frequência na posição supina (3,9 versus 4,5 ms2, p=0,008) no G1, sem diferença durante o TI. Aplicando-se a curva de operação característica para resposta cardioinibitória, foi obtida a área abaixo da curva de 0,74 para o componente BF na posição supina (p=0,001). Para o ponto de corte de 0,35 ms2 para BF observaram-se: sensibilidade, 97,4%; especificidade, 83,3%; valor preditivo positivo, 85,3%; valor preditivo negativo, 96,9%; e razão de probabilidade positiva, 5,8. Conclusão: A VFC na posição supina permitiu identificar os pts com síncope e com resposta cardioinibitória, com um alto valor preditivo negativo e uma razão de probabilidade de 5,8.
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Adolescente , Adulto , Pessoa de Meia-Idade , Idoso , Adulto Jovem , Teste da Mesa Inclinada/métodos , Síncope Vasovagal/fisiopatologia , Frequência Cardíaca/fisiologia , Valores de Referência , Fatores de Tempo , Pressão Sanguínea/fisiologia , Estudos Prospectivos , Curva ROC , Eletrocardiografia Ambulatorial , Decúbito Dorsal/fisiologia , Estatísticas não Paramétricas , Eletrocardiografia/métodosRESUMO
Abstract Background: Most international studies on epidemiology of transient loss of consciousness (TLC) were performed many years ago. There are no data about the lifetime prevalence of TLC in Russia. Objective: To identify the lifetime prevalence and presumed mechanisms of TLC in an urban Russian population. Methods: 1796 individuals (540 males [30.1%] and 1256 females [69.9%]) aged 20 to 69 years (mean age 45.8 ± 11.9 years) were randomly selected and interviewed within the framework of multicentre randomised observational trial. Results: The overall prevalence of TLC in the studied population was 23.3% (418/1796), with the highest proportion (28%) seen in 40-49 year age group. TLC was significantly more common in women than in men (27.5% vs 13.5%). The mean age of patients at the time of the first event was 16 (11; 23) years, with 333 (85%) individuals experiencing the first episode of TLC under 30 years. The average time after the first episode of TLC was 27 (12; 47) years. The following mechanisms of TLC were determined using the questionnaire: neurally-mediated syncope (56.5%), arrhythmogenic onset of syncope (6.0%), nonsyncopal origin of TLC (1.4%), single episode during lifetime (2.1%). Reasons for TLC remained unidentified in 34% cases. 27 persons (6.5%) reported a family history of sudden death, mainly patients with presumably arrhythmogenic origin (24%). Conclusion: Our findings suggest that the overall prevalence of TLC in individuals aged 20-69 years is high. The most common cause of TLC is neurally-mediated syncope. These data about the epidemiology can help to develop cost-effective management approaches to TLC.
Resumo Fundamento: A maioria dos estudos internacionais sobre epidemiologia da perda de consciência temporária (PCT) foi realizada há muitos anos. Não há dados sobre sua prevalência ao longo da vida na Rússia. Objetivo: Identificar a prevalência ao longo da vida e os supostos mecanismos da PCT em uma população russa urbana. Métodos: 1.796 indivíduos (540 homens 30,1% e 1.256 mulheres 69,9%) com idade entre 20 e 69 anos (idade média, 45,8 ± 11,9 anos) foram selecionados aleatoriamente e entrevistados no contexto de um estudo multicêntrico randomizado observacional. Resultados: A prevalência global de PCT na população estudada foi 23,3% (418/1.796), sendo a mais alta proporção (28%) observada na faixa etária de 40-49 anos. PCT foi significativamente mais comum nas mulheres (27,5% vs 13,5%). A idade média dos pacientes por ocasião do primeiro evento foi 16 (11; 23) anos, com 333 (85%) indivíduos experienciando o primeiro episódio de PCT antes dos 30 anos. O tempo médio após o primeiro episódio de PCT foi 27 (12; 47) anos. Os seguintes mecanismos de PCT foram determinados usando-se um questionário: síncope neuromediada (56,5%), síncope de origem arritmogênica (6,0%), PCT de origem não sincopal (1,4%), episódio único durante a vida (2,1%). A causa de PCT não foi identificada em 34% dos casos, sendo que 27 pacientes (6,5%) relataram história familiar de morte súbita, principalmente aqueles com PCT de suposta origem arritmogênica (24%). Conclusão: Nossos achados sugerem uma alta prevalência global de PCT em indivíduos com idade entre 20 e 69 anos. A causa mais comum de PCT é a síncope neuromediada. Esse dado sobre a epidemiologia pode contribuir para o desenvolvimento de abordagem custo-efetiva para PCT.
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Adulto , Pessoa de Meia-Idade , Idoso , Inconsciência/etiologia , Inconsciência/epidemiologia , Doenças Cardiovasculares/complicações , Arritmias Cardíacas/complicações , População Urbana , Doenças Cardiovasculares/genética , Prevalência , Inquéritos e Questionários , Federação Russa/epidemiologia , Distribuição por Sexo , Distribuição por Idade , Síncope Vasovagal/diagnóstico , Predisposição Genética para Doença , Morte Súbita/etiologiaRESUMO
OBJETIVO: Investigar uma possível predisposição genética para síncope vasovagal. MÉTODOS: Estudo transversal, com 252 indivíduos com história de síncope, submetidos ao teste de inclinação (TI) no Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, durante o período de setembro de 2001 a setembro de 2005. Foi analisada a relação entre história familiar positiva para síncope vasovagal e resultado do TI. RESULTADOS: Todos indivíduos foram submetidos ao TI sendo que 126 (50 por cento) casualmente tiveram resultado positivo para síncope vasovagal. História familiar dessa patologia foi identificada em 40 por cento (49/126 casos) dos pacientes com teste de inclinação positivo e em 25 por cento (31/126 pacientes) daqueles que tiveram TI negativo (p= 0,01). CONCLUSÃO: Há uma correlação entre a história familiar de síncope vasovagal e sua ocorrência. É possível que um componente genético possa explicar essa relação.
OBJECTIVE: To investigate a possible familial predisposition in neurocardiogenic syncope. METHODS: Cross-sectional survey with 252 subjects, with positive familial history for syncope, who underwent head-up tilt-test (TT) at Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, between September 2001 and September 2005. The relationship between familial history for neurocardiogenic syncope and TT result was analysed. RESULTS: Familial history for neurocardiogenic syncope was identified in 40 percent (49/126 cases) of subjects with positive tilt-test results and 25 percent (31/126 ) of those with negative TT. CONCLUSION: There is a correlation between familial history for neurocardiogenic syncope and its occurence. A genetic component can possibly explain this relationship.