RESUMO
Resumo Este artigo tem por objetivo sistematizar e analisar em perspectiva histórica as discussões que permearam o tema da saúde indígena em interface com a demografia dessas populações, partindo da dimensão política que a quantificação dos povos indígenas assumiu durante a ditadura militar no Brasil. Abrangendo um extenso período que se estende do estabelecimento do Serviço de Proteção aos Índios em 1910 até o fim dos anos 1980, busca-se oferecer uma visão ampliada sobre o tema. O foco da análise recai especialmente nos anos 1970, destacando os atores envolvidos neste debate: lideranças indígenas, indigenistas, acadêmicos, profissionais de saúde e missionários.
Abstract This article aims to systematize and analyze, from a historical perspective, the discussions that permeated the topic of indigenous health in interface with the demography of these populations, based on the political dimension that the quantification of indigenous peoples assumed during the military dictatorship in Brazil. Covering an extensive period that extends from the establishment of the Indian Protection Service in 1910 until the end of the 1980s, this article offers a comprehensive view of the topic. The analysis focuses primarily on the 1970s, highlighting the actors involved in this debate: indigenous leaders, indigenists, academics, health professionals, and missionaries.
RESUMO
Resumo A política de saúde indígena necessita de coordenação intergovernamental entre Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e serviços municipais e estaduais de saúde para sua eficácia. Tal coordenação deve ser feita tanto em nível de formulação como na sua implementação - que deve ocorrer entre burocratas de médio escalão e de nível de rua. Baseado na literatura que discute o federalismo e mecanismos de coordenação intergovernamental, este artigo investiga os mecanismos e as dificuldades de cooperação na ponta dos serviços de saúde aos povos indígenas. Foram feitas entrevistas semiestruturadas com seis profissionais atuantes na Sesai do DSEI Mato Grosso do Sul. Identificou-se que as dificuldades dizem respeito principalmente ao racismo institucional, à estrutura sobrecarregada do SUS, à desresponsabilização por parte dos municípios e à má comunicação entre Sesai e hospitais. Já os mecanismos de cooperação identificados foram relações pessoais, agência situada de profissionais da Sesai e a existência de incentivo financeiro. Conclui-se que são necessários mais mecanismos de colaboração intergovernamental que considerem todas essas dificuldades de integração na implementação do serviço.
Abstract The Brazilian policy for indigenous health has its efficacy conditioned by the promotion of intergovernmental coordination between the Special Secretariat for Indigenous Health (SESAI), municipal, and regional health services. This coordination should be done both in the policy formulation and in its implementation-which should occur between medium and street-level bureaucrats. Based on the literature that discusses federalism and intergovernmental coordination mechanisms, this article investigates the mechanisms and difficulties of cooperation in the frontline of health services offered to Indigenous peoples. A total of six semi-structured interviews were carried out with professionals of the SESAI in the Mato Grosso do Sul DSEI. It was identified that the difficulties are related mainly to institutional racism, the overload of the Brazilian National Health System (SUS), the unaccountability of municipal services, and the weak communication between SESAI and hospitals. The cooperation mechanisms are personal relations, situated agency of SESAI professionals, and a monetary incentive. In conclusion, there is a need for more intergovernmental collaboration mechanisms that consider these difficulties in integrating the implementation of these services.
Assuntos
Federalismo , Saúde de Populações Indígenas , Racismo Sistêmico , Política de Saúde , Acessibilidade aos Serviços de Saúde , Serviços de Saúde do IndígenaRESUMO
Resumo A resolutividade é um dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, com sua capacidade de resolver os problemas da população nos diferentes níveis de complexidade da saúde. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASI-SUS) integra este sistema, respeitando as especificidades das populações indígenas. O objetivo deste artigo é analisar a percepção dos profissionais e gestores de uma Casa de Saúde Indígena (CASAI) a respeito da resolutividade no subsistema quanto às circunstâncias da pandemia. Pesquisa qualitativa, de caráter descritivo, à luz da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI) e da teoria hermenêutica de Paul Ricoeur. Foram realizadas entrevistas entre os participantes a fim de registrar as experiências no processo de trabalho dos atores que cuidam dos indígenas referenciados à Manaus, Amazonas. Foram identificadas, pelas entrevistas, quatro temáticas essenciais: cuidado cultural; educação permanente em saúde & educação em saúde; negociação & improviso e; acolhimento & infraestrutura. A CASAI é uma instituição que vai além de um centro de apoio ou alojamento, sendo ponto de articulação entre os diferentes níveis de atenção aos indígenas e local de produção de cuidados e de saberes, tal como da construção de suas relações, resultando em um espaço resolutivo.
Abstract Problem-solving is one of the principles of the Unified Health System (SUS) in Brazil, with its ability to solve the health problems of the population at different levels of complexity. The Indigenous Health Care Subsystem (SASI-SUS) is part of this service, respecting the specificities of indigenous populations. The scope of this article is to analyze the perception of professionals and managers of an Indigenous Health Center (CASAI) regarding its ability to cope with the circumstances of the pandemic. It involved qualitative and descriptive research under the National Health Care Policy for Indigenous Peoples (PNASPI) and Paul Ricoeur's hermeneutic theory. Interviews were conducted with participants in order to record the experiences in the work process of the actors who assist the indigenous people housed at CASAI. Four essential themes were identified in the interviews: cultural care; permanent education in health & health education; negotiation & improvisation; and reception & infrastructure. CASAI is an institution that is more than a support center or accommodation, being a crossover point between the different levels of care and knowledge production of the indigenous people, as well as a place for establishing a relationship, resulting in a problem-solving space.
RESUMO
Resumo: Introdução: As comunidades tradicionais são grupos de indivíduos socialmente organizados que partilham comportamentos econômicos, socioambientais e culturais comuns. Entre elas, destacam-se as comunidades indígenas no Brasil, que vêm sofrendo o impacto da urbanização, do crescimento de doenças crônicas e epidemias e do aumento da insegurança alimentar. Relato de experiência: Este estudo teve como objetivo descrever as experiências da equipe de saúde, quanto ao uso de uma ferramenta de gestão de dados na assistência, em uma comunidade indígena no Nordeste brasileiro. Trata-se de um relato de experiência do uso de uma ferramenta digital nas ações assistenciais em uma comunidade tradicional. A equipe de saúde foi dividida em dois grupos: agentes comunitários de saúde e estudantes de Medicina. Discussão: A descrição das experiências e a análise das narrativas resultaram na identificação de 258 citações, que foram classificadas em 12 categorias, relacionadas ao objeto de estudo. Dentre estas, as questões ligadas aos benefícios da ferramenta foram as mais mencionadas (43,41%), em que os subgrupos abordaram diferentes reflexões. A segunda categoria mais citada se referia às limitações da ferramenta (15,11%), sendo a necessidade do sinal de internet o ponto crítico. Ou seja, esta pesquisa mostra vantagens da ferramenta na atenção à saúde, mas também explicita fragilidades inerentes ao seu uso, de modo a trazer questões importantes dessa vivência e estimular práticas semelhantes. Conclusão: Esse relato de experiência, como método científico, traz importantes questões vivenciadas, relacionadas à aplicabilidade prática de uma ferramenta digital em uma comunidade indígena. Apesar de ser inegável que há pontos de fragilidade evidentes, eles não comprometeram o resultado afirmativo da vivência, melhorando a assistência.
Abstract: Introduction: Traditional communities are groups of socially organized individuals with common economic, socio-environmental, and cultural behaviors. Brazil's indigenous communities are a prime example of these groups, suffering the impact of urbanization, the growth of chronic diseases, epidemics, and increased food insecurity. Experience report: To describe the health team's experiences in the use of a data management tool for care in an indigenous community in northeastern Brazil. Methodology: This is an experience report on the use of a digital tool to assist actions in a traditional community. The health team was divided into community health agents and medical students. Discussion: The description of the experiences and analysis of the narratives resulted in identifying 258 citations, classified into 12 categories related to the study scope. Of these, issues related to benefits of the tool were the most commonly mentioned (43.41%), where the subgroups addressed different reflections. The second most cited category referred to the tool's limitations (15.11%), with the need for an internet connection being the critical point. This research, therefore, shows the tool's advantages in health care but also explains weaknesses inherent to its use, raising important issues of this experience and stimulating similar practices. Conclusion: This experience report, as a scientific method, addresses essential experienced issues related to the practical applicability of a digital tool in an indigenous community. Although it is undeniable that there are obvious points of weakness, these did not compromise the positive result of the experience, and care was improved.
RESUMO
Resumo: Introdução: A formação médica brasileira tem sido repensada a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais que mostram a necessidade de inserir nos currículos abordagens que considerem a formação de médicos generalistas, voltados à assistência de populações vulneráveis. Objetivo: Este estudo teve como objetivos descrever o perfil de estudantes de Medicina das universidades de Santa Catarina e analisar quais competências eles consideram necessárias para atender a população indígena. Método: Trata-se de uma pesquisa com abordagens quantitativa do tipo transversal e qualitativa de natureza exploratória. A coleta de dados ocorreu por meio de questionário on-line com estudantes de Medicina do estado de Santa Catarina. Realizou-se a análise quantitativa dos dados por meio de estatística descritiva, e, no caso dos dados qualitativos, adotou-se a análise de conteúdo. Resultado: No perfil foi identificado predomínio de mulheres (66,95%), com idade média de 24,47 anos (± 5,35). Dos estudantes, 83,26% se autodeclararam de raça/cor branca, 76,99% nasceram na Região Sul do Brasil, 41,43% cursavam o ciclo básico do curso, e 45,61% não ingressaram por cota. Em relação à renda, 52,3% possuíam renda familiar de até cinco salários mínimos. As categorias que emergiram da análise foram habilidades comunicativas (capacidade de construir uma boa relação médico-paciente e de se comunicar), empatia (vontade de olhar o indivíduo pelas experiências dele e utilizar isso para auxiliar o tratamento), aspectos culturais (conhecimento antropológico e cultural da comunidade à qual for prestar assistência) e determinantes sociais (compreensão das vulnerabilidades específicas dessa população). Conclusão: O presente artigo permitiu refletir sobre o estudo da pluralidade acerca dos processos de saúde e doença no que diz respeito à saúde indígena, e analisou quem são os estudantes e de que forma a saúde indígena e as competências médicas para atender essa população estão sendo abordadas ao longo da formação no estado de Santa Catarina.
Abstract: Introduction: Brazilian medical training has been rethought from the National Curriculum Guidelines, which show the need to include approaches in the curricula that consider the training of general practitioners, aimed at assisting vulnerable populations. Objective: The objective was to describe the profile of medical students at universities in Santa Catarina and to analyse which skills they describe as necessary to medical care for the indigenous population. Method: This was a cross-sectional quantitative and exploratory qualitative study. Data was collected using an online questionnaire with medical students from the state of Santa Catarina. Quantitative data was analysed using descriptive statistics and content analysis was used for qualitative data. Results: The profile reflected a predominance of women (66.95%), a mean age of 24.47 years (± 5.35), and 83.26% self-declared as being of white race/colour. In addition, 76.99% of the students were born in the southern region of Brazil; 41.43% are taking the basic cycle of the course; 45.61% did not enroll due to ethnic quota; in relation to income, 52.3% of the students have a household income of up to five minimum wages. The categories that emerged from the analysis were communication skills (the ability to build a good doctor-patient relationship and to communicate), empathy (willingness to look at the individual through their experiences and use this to aid treatment), cultural aspects (anthropological and cultural knowledge of the community to which assistance is provided), social determinants (understanding of the specific vulnerabilities of this population). Final considerations: This article as allowed us to reflect on the study of plurality about health and disease processes relating to indigenous health and has analysed who the students are and how indigenous health and medical competencies to assist this population are being addressed during training in the state of Santa Catarina.
RESUMO
Abstract Objectives: to characterize the nutritional status of indigenous children underfive years of age living in rural communities in the Upper Solimões River region, inhabited by seven ethnic groups, based on data of december 2013. Methods: weight and height data extracted from SISVAN-I (Indigenous Food and Nutritional Surveillance System) forms filled in 2013 for 7,520 children (86.0% of the estimated children in this age group). The indices height-for-age (H/A), weight-for-age (W/A), weight-for-height(W/H), and body mass index-for-age (BMI/A) were calculated. Growth reference curves proposed by the World Health Organization were used to calculate z-scores. Results: the height-for-age (H/A) index presented the lowest mean z-score values, reaching -1.95 among children between 36 and 60 months. Mean z-score values for the weight-for-age (W/A) index also remained below zero. Mean z-score values for the indices weight-for-height (W/H) and body mass index-for-age (BMI/A) remained slightly above zero, reaching a maximum value of 0.5. Of all children, 45.7% presented low H/A, 9.6% presented low W/A, 4.5% presented low W/H, and 10.7% presented overweight based on BMI/A. Conclusion: our analysis show that in 2013 poor nutritional status persisted as an important health issue among these rural indigenous children.
Resumo Objetivos: caracterizar o estado nutricional de crianças indígenas menores de cinco anos, de comunidades rurais na região do Alto Solimões, habitada por sete etnias, com base em dados de dezembro de 2013. Métodos: foram extraídos dos formulários do SISVAN Indígena dados de peso e estatura, coletados em 2013, de 7.520 crianças (86,0% das crianças estimadas nesta faixa etária). Foram calculados os índices estatura-para-idade (E/I), peso-para-idade (P/I), peso-para-estatura (P/E) e índice de massa corporal para idade (IMC/I). Curvas de referência para crescimento propostas pela Organização Mundial da Saúde foram utilizadas para calcular escores z. Resultados: o índice estatura-para-idade (E/I) apresentou os menores valores médios de escore z, chegando a -1,95 nas crianças entre 36 e 60 meses. Os valores médios do escore z do índice peso-para-idade (P/I) também permaneceram abaixo de zero. Os valores médios do escore z para os índices P/E e índice de massa corporal para idade (IMC/I) mantiveram-se ligeiramente acima de zero, atingindo valor máximo de 0,5. Do total de crianças, 45,7% apresentaram baixa E/I, 9,6%, baixo P/I, 4,5% baixo P/E e 10,7% de excesso de peso de acordo com o IMC/I. Conclusão: em 2013 a desnutrição persistia como um importante agravo à saúde nessas crianças.
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Recém-Nascido , Lactente , Pré-Escolar , Vigilância Alimentar e Nutricional , Estado Nutricional , Desnutrição/epidemiologia , Disparidades nos Níveis de Saúde , Saúde de Populações Indígenas/estatística & dados numéricos , Povos Indígenas , Brasil/epidemiologia , Estudos Transversais , Inquéritos e Questionários , Nutrição da Criança , Nutrição do LactenteRESUMO
Trabalhar com a saúde dos povos indígenas significa estar disposto/a abrir mão dos conhecimentos hegemônicos para ser afetado/a por grupos com concepções de mundo, saúde e corpo próprias. Este é um relato de experiência de uma psicóloga estudante da Residência Multiprofissional em Saúde Indígena (RMSI) do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados. Serão utilizadas as anotações de Diário de Campo feitas ao final de cada campo de prática da Residência em diálogo com a literatura da Saúde Coletiva, Antropologia da Saúde e Psicologia Social Comunitária. Contextualizou-se o lugar de fala da autora, bem como o contexto da Reserva Indígena de Dourados e suas imediações, além do histórico da saúde indigenista no Brasil. As discussões foram feitas em três eixos, o primeiro apresentou as problemáticas da gestão da atenção básica e hospitalar na efetivação da atenção diferenciada e seus impactos na assistência aos/às indígenas. O segundo trouxe as vivências nos serviços de saúde, com ênfase nas relações entre trabalhadores/as e usuários/as. E o terceiro evidenciou a saúde na perspectiva dos/das Kaiowás e Guaranis, pela participação em cerimônias tradicionais. Conclui-se que as normativas que orientam este segmento não são efetivadas no cotidiano da assistência, e afirma-se que a saúde se dá nos encontros, em que é necessário respeitar as formas de ser e estar no mundo destes povos, para produzir cuidado e potência de vida, e não violações. Por fim, reitera o papel da RMSI como espaço privilegiado, e questiona-se os processos de seleção e formação dos/das residentes.Palavras-chave: Capacitação de Recursos Humanos em Saúde; Educação Continuada; Saúde de Populações Indígenas; Saúde Pública.
RESUMO
RESUMEN Objetivo. Identificar publicaciones realizadas entre los años 2000 y 2020 sobre hepatitis B en indígenas de América Latina, con el fin de conocer avances y vacíos en el tema durante los últimos 20 años. Métodos. Revisión exploratoria y síntesis rápida de la evidencia. El proceso de organización documental se realizó con los programas Excel® y Rayyan®. Resultados. Se seleccionaron 30 de 107 artículos encontrados, 17 corresponden a estudios epidemiológicos, 10 a revisiones documentales, dos estudios clínicos y una carta al editor. Brasil fue el país con más publicaciones (50%), la mayoría con enfoque epidemiológico. La temática más abordada fue la medición de prevalencia de la infección por hepatitis B con 22 publicaciones, le siguieron 11 estudios que informan resultados de estudios moleculares del virus, siete estudios sobre vacunación, cinco estudios sobre factores de riesgo y cuatro publicaciones con temas como la transmisión vertical y estudios sociales. Conclusión. En comparación con revisiones previas realizadas por otros autores, se observa una mayor diversidad en los temas y métodos de investigación utilizados; sin embargo, aún prevalecen los enfoques epidemiológicos convencionales centrados en la medición de la prevalencia de marcadores serológicos. Esto hace necesario encarar otro tipo de investigaciones centradas en los determinantes socioculturales.
ABSTRACT Objective. Identify publications from 2000 to 2020 on hepatitis B in indigenous people in Latin America, to learn about advances and gaps in this field in the last 20 years. Methods. Exploratory review and systematic evidence review. Documents were organized using Excel and Rayyan® software. Results. We selected 30 of 107 articles found: 17 epidemiological studies, 10 document reviews, 2 clinical studies, and 1 letter to the editor. Brazil was the country with the most publications (50%), most of them with an epidemiological approach. The topic most often addressed was hepatitis B prevalence with 22 publications, followed by 11 studies reporting results of molecular studies of the virus, 7 studies on vaccination, 5 studies on risk factors, and 4 publications with topics such as vertical transmission and studies of social issues. Conclusion. Compared to previous reviews by other authors, we saw greater diversity in topics and research methods; however, conventional epidemiological approaches that focus on measuring prevalence of serological markers still predominate. Thus, there is a need for other types of research focused on sociocultural determinants.
RESUMO Objetivo. Identificar artigos publicados entre 2000 e 2020 sobre hepatite B em indígenas da América Latina, visando a conhecer as conquistas obtidas nos últimos 20 anos e as lacunas existentes com relação a esta doença. Métodos. Foi realizada uma revisão exploratória da literatura com síntese das evidências. O material obtido foi organizado com o uso de Excel® e Rayyan®. Resultados. De 107 artigos encontrados, 30 foram selecionados - 17 estudos epidemiológicos, 10 revisões documentais, 2 estudos clínicos e 1 carta ao editor. O Brasil foi o país com o maior percentual de artigos publicados (50%), na sua maioria estudos com enfoque epidemiológico. As áreas temáticas abordadas foram a prevalência de infecção pelo vírus da hepatite B (22 artigos), estudos moleculares do vírus da hepatite (11 estudos), vacinação (7), fatores de risco (5), e temas como transmissão materno-fetal e aspectos sociais (4). Conclusões. Comparado aos estudos de revisão anteriores conduzidos por outros autores, o presente estudo demonstra uma maior variedade de áreas temáticas e metodologias empregadas. No entanto, ainda predominam enfoques epidemiológicos convencionais com foco na avaliação da prevalência de marcadores sorológicos. São necessárias outras linhas de pesquisas enfocando os determinantes socioculturais.
RESUMO
ABSTRACT Objectives: to discuss the applicability of the conceptual map and its underlying theoretical anchors and analyze the challenges and potentialities of this method concerning the participation of Indigenous Peoples. Methods: experience report of the use of the conceptual map as a data collection instrument. Results: the study allowed us to discuss the epistemic approaches and distances, as well as to analyze to what extent the conceptual map favored the process of joint production of knowledge with Indigenous Peoples. The experience with this type of research design also revealed epistemological challenges that reflect the established historical relationships, whose overcoming implies the construction of new forms of egalitarian and intercultural scientific relations. Final Considerations: the conceptual map theoretically composes a structured participatory methodology, which enables data collection and the collective construction of knowledge, provided that the cultural, epistemic, social, and political diversities of all the social actors involved are considered.
RESUMEN Objetivos: discutir aplicabilidad del mapa conceptual y sus subyacentes ancorajes teóricos; y analizar desafíos y potencialidades de ese método en lo que tange la participación de los pueblos indígenas. Métodos: relato de experiencia de la utilización del mapa conceptual como instrumento de recolecta de datos. Resultados: el estudio permitió discutir las aproximaciones y alejamientos epistemológicos, así como analizar en que medida el mapa conceptual favoreció el proceso de producción conjunta de conocimiento con los pueblos indígenas. La experiencia con ese tipo de delineamiento de investigación también reveló desafíos epistemológicos que reflejan las relaciones históricas establecidas, cuya superación implica la construcción de nuevas maneras de relaciones científicas igualitarias e interculturales. Consideraciones Finales: el mapa conceptual compone, teóricamente, una metodología participativa estructurada, que posibilita la recolecta de datos y la construcción colectiva de saberes, desde que tengan en cuenta las diversidades culturales, epistemológicas, sociales y políticas de todos los atores sociales involucrados.
RESUMO Objetivos: discutir a aplicabilidade do mapa conceitual e suas subjacentes ancoragens teóricas; e analisar os desafios e potencialidades desse método no que tange à participação dos povos indígenas. Métodos: relato de experiência da utilização do mapa conceitual como instrumento de coleta de dados. Resultados: o estudo permitiu discutir as aproximações e distanciamentos epistêmicos, assim como analisar em que medida o mapa conceitual favoreceu o processo de produção conjunta de conhecimento com os povos indígenas. A experiência com esse tipo de delineamento de pesquisa também revelou desafios epistemológicos que refletem as relações históricas estabelecidas, cuja superação implica a construção de novas formas de relações científicas igualitárias e interculturais. Considerações Finais: o mapa conceitual compõe, teoricamente, uma metodologia participativa estruturada, que possibilita a coleta de dados e a construção coletiva de saberes, desde que sejam levadas em consideração as diversidades culturais, epistêmicas, sociais e políticas de todos os atores sociais envolvidos.
RESUMO
Resumo A partir da experiência do projeto Respostas Indígenas à COVID-19 no Brasil: arranjos sociais e saúde global (PARI-c), na região do Alto Rio Negro (AM), buscamos refletir neste artigo sobre as possibilidades e implicações da produção colaborativa de conhecimento com pesquisadoras indígenas, levando em consideração a emergência sanitária, as imobilidades territoriais, as desigualdades sociais e as diferenças epistemológicas e de políticas ontológicas. A partir da ideia de Cestos de conhecimento, pensamos as formas e possibilidades dessa colaboração, à luz de discussões contemporâneas sobre processos de "descolonização" da saúde pública (global, planetária) e do conhecimento em saúde. A base empírica para este artigo é uma descrição da experiência metodológica, de produção de conhecimento, focada em duas faces: o campo e a escrita. Esse material nos permite tecer algumas considerações em torno da relevância e do sentido de formas de geração de "saberes híbridos", para lidar com contextos de crises globais ou sindemias. Estas formas, como veremos, atravessam o realinhamento das alianças e têm na escrita de mulheres um lugar especial de atenção.
Abstract From the experience of the project Indigenous Responses to COVID-19 in Brazil: social arrangements and global health (PARI-c), in the region of Alto Rio Negro (AM), we seek to reflect in this article on the possibilities and implications of collaborative knowledge production with indigenous researchers, taking into account the health emergency, territorial immobilities, social inequalities, and epistemological and ontological policy differences. From the idea of Baskets of knowledge, we think about the forms and possibilities of this collaboration, in the light of contemporary discussions on processes of "decolonization" of public health (global, planetary) and health knowledge. The empirical basis for this article is a description of the methodological experience of knowledge production, focused on two aspects: the field and writing. This material allows us to make some considerations around the relevance and meaning of ways of generating "hybrid knowledge", to deal with contexts of global crises or syndemics. These ways, as we shall see, cross the realignment of alliances and find a special focal point on women's writing.
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Saúde de Populações Indígenas , Pesquisa Participativa Baseada na Comunidade , Identidade de Gênero , COVID-19 , Antropologia , Antropologia CulturalRESUMO
Resumo Nos primeiros meses da pandemia de covid-19, em 2020, os movimentos e organizações indígenas da região Nordeste do Brasil estabeleceram uma extensa rede de apoio e parcerias com grupos de pesquisadores e entidades da sociedade civil para a organização de campanhas de solidariedade aos povos indígenas. A produção de informações gerais e dados empíricos sobre como a doença atingiu os territórios e populações indígenas constituiu uma das principais estratégias de ação. Essa mobilização foi a base para a constituição de redes colaborativas que investigaram como ocorreu o enfrentamento dos povos diante da pandemia, por meio de um viés antropológico e aplicando métodos que poderíamos definir como uma pesquisa colaborativa virtual. Este artigo, portanto, discute o potencial desse tipo de parceria para a reflexão sobre o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, argumentando que esse modelo pode constituir uma forma de apoio ao controle social exercido por parte das comunidades.
Abstract In the first months of the covid-19 pandemic, in 2020, indigenous movements and organizations in the Northeast region of Brazil established an extensive network of support and partnerships with groups of researchers and civil society entities to organize campaigns of solidarity with the indigenous peoples. The production of general information and empirical data on how the disease reached indigenous territories and populations constituted one of the main strategies for action. This mobilization was the basis for establishing collaborative networks that investigated how the indigenous peoples faced the pandemic, from an anthropological bias and applying methods that we could define as virtual collaborative research. The article, thus, discusses the potential of this type of partnership for reflection on the Indigenous Health Care Subsystem, arguing that this model can constitute a kind of support for social control exercised by the communities.
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Controle Social Formal , Pesquisa Interdisciplinar , Saúde de Populações Indígenas , Monitoramento Epidemiológico , Povos Indígenas , COVID-19RESUMO
Resumo O enfrentamento à Covid-19 suscitou a necessidade da formação em Saúde Mental para profissionais da saúde, educação, proteção social e lideranças comunitárias que atuam junto aos povos indígenas. Em seus cotidianos, essas comunidades já convivem com questões que impactam a saúde mental e a espiritual, mas o sofrimento psíquico ficou ainda mais evidenciado no contexto pandêmico. O curso 'Bem viver: Saúde Mental Indígena', voltado para mitigar o impacto psicossocial da Covid-19 nas populações indígenas da Amazônia brasileira, exigiu estratégias inovadoras ante o desafio de ensino remoto nesse contexto de conectividade limitada e isolamento territorial. Os desenhos pedagógico e operacional do curso priorizaram o diálogo intercultural na elaboração dos conteúdos com uso de diversas ferramentas de ensino para superar barreiras de conectividade e de entendimento da língua portuguesa no formato escrito. Apesar do desafio da produção coletiva e intercultural, dada a diversidade étnica, o curso foi um espaço de produção e trocas entre profissionais de diferentes áreas e lideranças comunitárias, sempre buscando um olhar ampliado sobre as práticas de cuidado, apoio psicossocial e valorizando as formas de atenção à saúde utilizadas pelas comunidades.
Abstract The confrontation with COVID-19 raised the need for training in Mental Health for health, education, social protection and community leaders who work with indigenous peoples. In their daily lives, these communities already live with issues that impact mental and spiritual health, but psychological distress was even more evident in the pandemic context. The 'Well Living: Indigenous Mental Health' course, aimed at mitigating the psychosocial impact of COVID-19 on indigenous populations in the Brazilian Amazon, required innovative strategies in the face of the challenge of remote learning in this context of limited connectivity and territorial isolation. The pedagogical and operational design of the course prioritized intercultural dialogue in the development of content using various teaching tools to overcome barriers to connectivity and understanding of the Portuguese language in written format. Despite the challenge of collective and intercultural production, given the ethnic diversity, the course was a space for production and exchanges between professionals from different areas and community leaders, always seeking a broader look at care practices, psychosocial support and valuing ways of health care used by communities.
Resumen La lucha contra el Covid-19 planteó la necesidad de promover la capacitación en Salud Mental para los profesionales de salud, educación, protección social y líderes comunitarios que trabajan con pueblos indígenas. En su vida diaria, estas comunidades ya conviven con problemas que impactan la salud mental y espiritual, pero el sufrimiento psíquico fue aún más evidente en el contexto de la pandemia. El curso 'Bien Vivir: Salud Mental Indígena', dirigido a mitigar el impacto psicosocial del Covid-19 en las poblaciones indígenas de la Amazonía brasileña, requirió estrategias innovadoras ante el desafío del aprendizaje remoto en un contexto de conectividad limitada y aislamiento territorial. El diseño pedagógico y operacional del curso priorizó el diálogo intercultural en el desarrollo de contenidos, utilizando diversas herramientas didácticas para superar las barreras a la conectividad y comprensión del idioma portugués en formato escrito. A pesar del desafío de la producción colectiva e intercultural, dada la diversidad étnica, el curso fue un espacio de producción e intercambio entre profesionales de diferentes áreas y líderes comunitarios, buscando siempre una mirada más amplia a las prácticas asistenciales, al apoyo psicosocial y de valoración de las formas de atención a la salud utilizadas por las comunidades.
Assuntos
Humanos , Povos Indígenas , COVID-19 , Saúde Mental , Educação a DistânciaRESUMO
Este trabalho apresenta contribuições ao papel dos profissionais em Psicologia na Atenção Diferenciada à Saúde Indígena, destacando o entre-lugar teórico-prático ocupado junto aos povos Guarani, Kaiowá e Terena, e demonstrando a relação entre a Política Pública de Saúde, com suas exigências normativas e disciplinares, e a ordem cósmica, refletidas nos saberes em Saúde das diferentes figurações sociais e grupos-sujeitos com que trabalhamos. A partir dos diferentes ethos e estilos dos grupos indígenas e não indígenas e suas acepções de saúde, nos deparamos com a complexidade desse cenário-contexto, representada pela multiculturalidade/interculturalidade e pelas relações de poder e saber no cuidado em saúde. Assim, a Psicologia e demais profissões de saúde se veem desafiadas a produzirem uma Atenção à Saúde que cumpra sua função e tenha a eficácia simbólico-material necessária aos povos indígenas. Nesse sentido, a Cartografia como recurso metodológico nos permite acompanhar o processo, adentrar os textos e contextos de produção de Atenção à Saúde Indígena e compreender a emergência do pensamento limiar com a participação dos conhecimentos e saberes indígenas no cuidado em Saúde. A Psicologia Decolonial surge como alternativa, não como uma nova receita de atuação, mas provendo uma orientação teórico-prática que viabiliza a coexistência dos saberes indígenas e não indígenas no cuidado em Saúde. A supervisão das lideranças tradicionais e a entrada na cosmologia e nas epistemologias indígenas se tornam imprescindíveis para a atuação da Psicologia, possibilitando novos enlaces afetivo-intelectuais e políticos no cuidado em Saúde.(AU)
This work presents contributions to the role of professionals in Psychology in Differentiated Indigenous Healthcare, highlighting the theoretical-practical in-between occupied by indigenous people Guarani, Kaiowá, and Terena and demonstrating the relationship between the Public Health Politics, with its normative and disciplinary requirements, and the cosmic order, reflected in the knowledge of Health of the different social representations and subject-groups we work with. From the different ethos and styles of indigenous and non-indigenous groups and their meanings of health, we faced the complexity of this scenario-context, represented by multiculturalism/interculturalism and the relations of power and knowledge in healthcare. With this, the Psychology and other health professions are challenged to produce a Healthcare that fulfills its function and has the symbolic-material effectiveness necessary to the indigenous peoples. In this sense, the Cartography, as a methodological resource, allows us to follow the process, get into the texts and contexts of production in Indigenous Healthcare and understand the emergence of the threshold thought with the participation of indigenous knowledge and wisdom in the Healthcare. The Decolonial Psychology is an alternative, not as a new performance recipe, but as a theoretical-practical guideline that enables the coexistence of indigenous and non-indigenous knowledge in Healthcare. The supervision of traditional leaderships and the entry in the indigenous cosmology and epistemology became indispensable to the performance of Psychology, enabling new affective-intellectual and political links in Healthcare.(AU)
Este trabajo presenta contribuciones al papel de los profesionales en Psicología en la Atención Diferenciada a la Salud Indígena, destacando el entre-lugar teórico-práctico ocupado junto a los pueblos Guaraní, Kaiowá y Terena, y demostrando el tránsito entre la Política Pública de Salud, con sus requisitos normativas y disciplinarias, y el orden cósmico, reflejadas en los saberes en Salud de las diferentes figuraciones sociales y grupos-sujetos con los que trabajamos. Desde los diferentes ethos y estilos de los grupos indígenas y no indígenas y sus acepciones de Salud, nos encontramos con la complejidad de este escenario-contexto representada por la multiculturalidad / interculturalidad y por las relaciones de poder y conocer en el cuidado en Salud. Así, la Psicología y demás profesiones de salud se ven desafiadas a producir una Atención a la Salud que cumpla su función y tenga eficacia simbólico-material necesaria para los pueblos indígenas. En ese sentido, la Cartografía, como recurso metodológico, nos permite acompañar el proceso, adentrar a los textos y contextos de producción de Atención a la Salud Indígena y comprender la emergencia del pensamiento umbral con la participación de los conocimientos y saberes indígenas en el cuidado en Salud. La Psicología Decolonial surge como alternativa, no como una nueva receta de actuación, sino como orientadora teórico-práctica que viabiliza la coexistencia de los saberes indígenas y no indígenas en el cuidado en Salud.(AU)
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Psicologia , Atenção à Saúde , Saúde de Populações Indígenas , Competência Cultural , Mapeamento Geográfico , Atenção Primária à Saúde , Valores Sociais , Sociologia , Políticas, Planejamento e Administração em Saúde , Colonialismo , Diversidade Cultural , Conhecimento , Cosmovisão , Modelos de Assistência à Saúde , Povos Indígenas , Política de Saúde , Pesquisa sobre Serviços de Saúde , Processos MentaisRESUMO
Este relato de experiência trata sobre o desenvolvimento do Curso de Qualificação em Acolhimento do Usuário Indígena LGBTQIA+, voltado para os profissionais de atenção à saúde indígena do estado da Bahia. Para elaboração do curso, buscou-se conhecer as demandas de saúde dos indígenas LGBTQIA+, porém identificou-se que não há registros oficiais a respeito desse tema e os bancos de dados científicos pouco contribuíram. Em contrapartida, as redes sociais se mostraram uma importante fonte de informações, que possibilitaram a aproximação com os indígenas LGBTQIA+ e suas reais necessidades. A qualificação ocorreu de forma virtual, com duração total de oito horas, por meio da plataforma Zoom. Dos participantes, 91 cumpriram as exigências para a certificação ao final do curso. A partir dos dados de inscrição, foi possível traçar o perfil dos discentes: orientação sexual, identidade de gênero, quesito raça/cor, faixa etária e categorias profissionais. O curso foi avaliado pelos alunos por meio de formulário eletrônico quanto ao conteúdo e à metodologia. Suas respostas foram categorizadas e apresentadas neste relato. A realização dessa qualificação permitiu constatar a existência de uma lacuna no que diz respeito ao preparo de profissionais para atuar no cuidado à saúde integral dos indígenas que se autodeclaram LGBTQIA+, bem como na implementação da Política Nacional de Saúde Integral LGBT. Por fim, essa ação contribuiu para o fortalecimento da parceria entre Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) e o Distrito Sanitário Especial Indígena do Estado da Bahia (DSEI-BA) na continuidade das ações de educação permanente e, consequentemente, na melhoria da qualidade do cuidado ofertado ao indígena LGBTQIA+.
This experience report concerns the development of a Qualification Course in Indigenous LGBTQIA+ User Care, aimed at professionals in indigenous health care in the state of Bahia. To develop the course, the researchers sought to understand the health demands of Indigenous queer people, but no official records on the topic were found and the scientific databases contributed little. On the other hand, social media proved to be an important source of information, allowing us to approach Indigenous queer individuals and meet their actual needs. Qualification took place virtually, via Zoom platform, with total duration of eight hours. Of the participants, 91 fulfilled the requirements for certification at the end of the course. A student profile was drawn using the following enrollment data: sexual orientation, gender identity, race/color, age group, and professional categories. Students evaluated the course by means of an electronic form, regarding content and methodology. Their responses were categorized and presented in this report. Giving this qualification course allowed us to identify a gap regarding the training of professionals to work in the comprehensive health care of Indigenous LGBTQIA+ people, and the implementation of the National LGBT Comprehensive Health Policy. Finally, this experience contributed to strengthen the partnership between the Department of Health (SESAB) and the Special Indigenous Health District (DSEI-BA) in the State of Bahia in promoting continuing education actions and, consequently, in improving the quality of care offered to Indigenous LGBTQIA+ individuals.
Este relato de experiencia aborda el desarrollo del Curso de Calificación en Acogida de Usuarios Indígenas LGBTQIA+, dirigido a profesionales de la salud indígena en el estado de Bahía (Brasil). Para la elaboración del curso se buscó conocer las demandas de salud de los indígenas LGBTQIA+, pero se identificó que no existen registros oficiales al respecto y que las bases de datos científicas han aportado poco. Por otro lado, las redes sociales demostraron ser una importante fuente de información, lo que permitió acercarnos a los indígenas LGBTQIA+ y sus necesidades reales. La calificación se realizó de forma virtual, con una duración total de ocho horas, mediante la plataforma Zoom. De los participantes, 91 cumplieron con los requisitos para finalizar el curso. A partir de los datos de matrícula, fue posible describir el perfil de los estudiantes: orientación sexual, identidad de género, raza/color, grupo de edad y categorías profesionales. El curso fue evaluado por ellos por medio de un formulario electrónico, en cuanto a contenido y metodología. Sus respuestas se han categorizado y presentado en este informe. La realización de esta calificación nos permitió constatar que existe una brecha en la formación de los profesionales para trabajar en la atención integral en salud de los pueblos indígenas que se declaran LGBTQIA+, así como en la implementación de la Política Nacional de Salud Integral LGBT. Finalmente, esta acción contribuyó al fortalecimiento de la alianza entre la Secretaría de Salud del Estado de Bahía (Sesab) y el Distrito Sanitario Especial Indígena del Estado de Bahía (DSEI-BA) en la continuidad de acciones de educación continua, y la consecuente mejora de la atención ofertada a los indígenas LGBTQIA+.
Assuntos
Qualidade da Assistência à Saúde , Comportamento Sexual , Atenção à Saúde , Educação Continuada , Saúde de Populações Indígenas , Identidade de GêneroRESUMO
Este texto é uma cartografia a partir de minhas experiências como docente de Psicologia e como trabalhadora da atenção e da gestão do Sistema Único de Saúde com os povos Kaiowá e Guarani da região de Dourados - Mato Grosso do Sul. As Ciências Humanas e Sociais e a Saúde Coletiva possuem acúmulos significativos sobre as inúmeras violências e as violações de direitos dos povos indígenas do Brasil. Mas uma pergunta continua sem resposta: até quando? A qualificação do Sistema Único de Saúde e o fortalecimento da saúde como direito de cidadania, em especial na construção de uma Saúde Indígena que respeite, de forma radical, os saberes e as práticas tradicionais, acarretam muitas desaprendizagens à Psicologia e aos demais trabalhadores do e pelo Sistema Único de Saúde. Dentre os inúmeros desafios e incertezas, é urgente reaprender a viver com os povos tradicionais e construir enfrentamentos coletivos às práticas biopolíticas de medicalização e aprisionamento da vida.(AU)
This text is a cartography based on my experiences as a Psychology teacher and as a worker in the care and management of the Public Health System with the Kaiowá and Guarani peoples in the region of Dourados - Mato Grosso do Sul. The Human and Social Sciences and Public Health have significant accumulations of the countless types of violence and violations of the rights of indigenous peoples in Brazil. But one question remains unanswered: Until when? The qualification of the Public Health System and the strengthening of health as a right of citizenship, especially in the construction of an Indigenous Health that respects, in a radical way, traditional knowledge and practices, imply many unlearning of Psychology and other workers of the and by Public Health System. Among the countless challenges and uncertainties, it is urgent to relearn how to live with traditional peoples and build collective confrontations to biopolitical practices of medicalization and life imprisonment.(AU)
Este texto es una cartografía basada en mis experiencias como profesor de Psicología y como trabajador en la atención y gestión del Sistema Único de Salud con los pueblos Kaiowá y Guarani en la región de Dourados - Mato Grosso do Sul. Las Ciencias Humanas y Sociales y la Salud Pública tienen acumulaciones significativas de innumerables tipos de violencia y violaciones de los derechos de los pueblos indígenas en Brasil. Pero una pregunta sigue sin respuesta: ¿hasta cuándo? La calificación del Sistema Único de Salud y el fortalecimiento de la salud como derecho de ciudadanía, especialmente en la construcción de una Salud Indígena que respete, de manera radical, los saberes y prácticas tradicionales, implican muchos desaprendizajes de la Psicología y de otros trabajadores de la y por SUS. Entre los innumerables desafíos e incertidumbres, urge reaprender a convivir con los pueblos tradicionales y construir enfrentamientos colectivos a las prácticas biopolíticas de medicalización y encarcelamiento de la vida.(AU)
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Humanos , Sistema Único de Saúde , Saúde Pública , Saúde de Populações IndígenasRESUMO
Introdução: A atuação do farmacêutico no atendimento da população indígena ainda é pouco explorada no Brasil. Em 2016, foi realizado curso de capacitação em parceria com o Ministério da Saúde e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul para profissionais farmacêuticos atuantes na saúde indígena visando atender as necessidades e especificidades desta população específica. Uma das etapas do curso foi a realização da simulação da dispensação de medicamentos como forma de aprimoramento e consolidação dos conhecimentos. Métodos: Estudo transversal e retrospectivo que avaliou as gravações das simulações de dispensação de medicamentos a pacientes indígenas através de formulário específico. Resultados: A pontuação geral dos participantes variou de 2,4 a 8,3 pontos. Os casos de infecção pediátrica foram os que apresentaram o pior desempenho entre os participantes. A média de tempo para realização da dispensação foi de 8,8 minutos. Em relação ao conhecimento técnico, os participantes apresentaram uma média de 4,4 pontos. Conclusão: O baixo desempenho dos participantes nas simulações reflete o despreparo dos farmacêuticos para realizarem a dispensação de medicamentos a pacientes indígenas. As limitações quanto as barreiras linguísticas e culturais foram identificadas de forma marcante na avaliação das simulações. (AU)
Introduction: The pharmacist's role in providing care to the indigenous population is still little explored in Brazil. In 2016, a training course sponsored by the Ministry of Health and the Federal University of Rio Grande do Sul was offered for pharmaceutical professionals working in indigenous health care to meet the needs and specificities of this population. One of the course sections was based on drug dispensing simulation as a way of improving and consolidating knowledge. Methods: This cross-sectional, retrospective study evaluated recordings of drug dispensing simulations with indigenous patients using a specific form. Results: The overall score of the participants ranged from 2.4 to 8.3 points. The cases of pediatric infection had the worst performance among the participants. The mean dispensing time was 8.8 minutes. Regarding technical knowledge, the participants had a mean score of 4.4 points. Conclusion: The poor performance of the participants in the simulations reflects pharmacists' lack of preparation to dispense medications to indigenous patients. Limitations regarding language and cultural barriers were markedly identified in the evaluation of simulations. (AU)
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Simulação de Paciente , Saúde de Populações Indígenas , Dispensários de Medicamentos , Estudos Transversais , Educação a Distância/métodosRESUMO
Este livro é formado por 12 capítulos selecionados na chamada pública e por um expressivo grupo de 44 autores com diversas formações acadêmicas e vinculados a instituições de quatro regiões brasileiras, além do capítulo de apresentação. A temática da saúde indígena é destacada por diferentes ênfases disciplinares e por diversos dispositivos temáticos, como se verá adiante. No seu todo, os capítulos falam da saúde indígena como uma condição complexa, com determinações diversas daquelas que aprendemos na formação universitária e técnica dos cursos da área da saúde. São diversidades que fazem falta no cotidiano, inclusive para superar as adversidades que também estão presentes de forma permanente.
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Conhecimentos, Atitudes e Prática em Saúde , Saúde de Populações Indígenas , Competência Cultural , Povos Indígenas , Saúde PúblicaRESUMO
No Brasil convivemos com uma grande diversidade étnica, linguística, cosmológica, social e cultural, o que significa dizer também, que são bem diversos os modos de compreender o corpo, a saúde, a origem e a causa das doenças, bem como o tratamento. Neste sentido a coletânea "Saúde Indígena: práticas e saberes por um diálogo intercultural" apresenta uma diversidade de estudos, experiências e práticas de saúde acerca das populações indígenas. Nesse primeiro volume tivemos uma significativa representação de regiões e de povos: Kaingang (Estado de SC); os Ticuna (região do Alto Rio Solimões/AM); os Kyikateje (Estado do PA); os Kaiowa e Guarani (Estado do MS); os Tenetehar-Tembe (Estado do Para); os Karipuna (Estado do AP); etnia Javaé (Estado do TO); os Pataxós (Estado da BA); Parque Nacional do Xingu. Ainda temos manuscritos sobre temas do parto e suicídio nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) e Estados Os textos abordam as práticas das equipes e os saberes dos indígenas sobre diferentes áreas do cuidado em saúde e perspectivas, contribuindo para a discussão sobre o modelo de atenção à saúde das populações indígenas. A compreensão dos saberes e das práticas dos cuidados em saúde indígena são plurais, diversos e diferentes, pois dependem da cosmologia, dos mitos e das tradições de cada povo. Assim, temos a tarefa árdua de nos aproximarmos desses universos simbólicos, crenças e práticas para o exercício de um diálogo intercultural ou diferenciado, exigindo a construção de caminhos da descolonização dos saberes e da promoção de outras formas de poder e de ser.
Assuntos
Saúde Pública , Saúde de Populações Indígenas , Competência Cultural , Povos Indígenas , Conhecimentos, Atitudes e Prática em SaúdeRESUMO
O Plano foi construído com base no "Plano de Contingência Nacional para Infecção Humana pelo novo Coronavírus (COVID-19) em Povos Indígenas" elaborado e disponibilizado pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) em versão preliminar e adaptada oportunamente para a realidade e modo de viver da população indígena de Mato Grosso do Sul.
Assuntos
Coronavirus , Saúde de Populações Indígenas , Povos IndígenasRESUMO
Resumo Este trabalho analisou um artefato (um livro de saúde) concebido pelo povo maxakali, denominado Hitupmã'ax: curar (2008). Tangenciado o projeto de produção do livro, o objetivo foi entender o processo de negociação da saúde pública no Brasil, dentro de uma perspectiva histórica e intercultural das epistemologias não ocidentais. Constatamos que a construção da obra maxakali representa um esforço para diminuir a distância da percepção e dos cuidados de saúde entre indígenas e não indígenas, e por essa via demonstramos a importância desse projeto intercultural para a efetivação de políticas públicas voltadas para o público indígena em geral e, especificamenete, para a promoção da história, dos saberes e da cultura maxakali.
Abstract This study analyzed an artifact (a book on health) conceived by the Maxakali people, called Hitupmã'ax: curar (2008). Parallel to the project for the production of this book, the aim was to understand the negotiation of public health in Brazil from a historical and intercultural perspective of non-Western epistemologies. It was found that the construction of the Maxakali work represented an effort to bridge the gap in the perception of health and health care between indigenous and non-indigenous people. This was then used to demonstrate the importance of this intercultural project for the shaping of public policies for indigenous people in general and particularly for the promotion of the history, knowledge, and culture of the Maxakali people.