RESUMO
Resumo Na última década, estudos em terapia ocupacional têm enfatizado aspectos da construção coletiva em pesquisas narrativas que refletem sobre os preceitos éticos essenciais à anonimidade de participantes, ao mesmo tempo em que garantem o seu protagonismo. Este artigo discute um percurso metodológico pouco usado, qual seja, a narrativa construída por meio da colaboração não anônima entre participantes e pesquisadores, buscando identificar os desafios e as potencialidades da elaboração compartilhada. Para tanto, o artigo apresenta: 1. descrição das concepções do estudo e suas características gerais, notadamente os referenciais teóricos e metodológicos que sustentam a construção reflexiva, dialógica e coletiva das histórias; 2. potencialidades e dificuldades da abordagem participativa na construção de conhecimento em terapia ocupacional. Um dos pontos centrais da metodologia adotada, a revelação das identidades das participantes, que enfatiza a escrita das histórias em primeira pessoa, ainda não está consolidado nos desenhos atuais de estudos participativos realizados com terapeutas ocupacionais e pode ser considerado uma ação inovadora para o campo da terapia ocupacional. São apresentados os requerimentos da formação técnica, como as habilidades de comunicação e pactuação política, bem como os desdobramentos éticos e epistemológicos da experiência das profissionais. Ademais, cabe registrar que, ao narrar em primeira pessoa, sem pseudônimos, a trajetória das profissionais, enfrentamos diversos desafios, como a linha tênue entre vida pessoal e vida profissional, e também os compromissos sociais e consequências políticas das ações das participantes, além da exposição involuntária de terceiros, que não necessariamente autorizariam que suas ações fossem tornadas públicas.
Abstract In the last decade, studies in occupational therapy have emphasized aspects of collective construction in narrative research that reflect on the ethical precepts essential to the anonymity of participants, while guaranteeing their protagonism. This article discusses a methodological approach that is little used, namely, the narrative constructed through non-anonymous collaboration between participants and researchers, seeking to identify the challenges and potential of shared elaboration. Therefore, the article presents: 1. description of the study's conceptions and its general characteristics, notably the theoretical and methodological references that support the reflexive, dialogic and collective construction of the stories; 2. potentialities and difficulties of the participatory approach in the construction of knowledge in occupational therapy. One of the central points of the adopted methodology, the revelation of the participants' identities, which emphasizes the writing of stories in the first person, is not yet consolidated in the current designs of participatory studies carried out with occupational therapists and can be considered an innovative action for the field of occupational therapy. Technical training requirements are presented, such as communication skills and political agreement, as well as the ethical and epistemological consequences of the professionals' experience. Furthermore, it is worth mentioning that, when narrating in the first person, without pseudonyms, the trajectory of the professionals, we face several challenges, such as the fine line between personal and professional life, as well as the social commitments and political consequences of the participants' actions, in addition to the involuntary exposure of third parties, who would not necessarily authorize their actions to be made public.