RESUMO
O câncer colorretal metastático (CCRm) é uma doença clinicamente e molecularmente heterogênea. Os pacientes apresentam diferentes prognósticos e respostas variáveis às terapias direcionadas contra o tumor. Alterações na função do sistema de reparo do DNA (deficiency mismatch repair - dMMR) estão associadas com o fenótipo de instabilidade de microssatélites e bom prognóstico em tumores de estádio inicial. No entanto, dMMR é raro no CCRm e pouco se sabe sobre sua influência na taxa de resposta (TR) ao tratamento. Nosso objetivo primário foi comparar a TR, de acordo com o status dMMR, nos pacientes com CCRm. Os desfechos secundários foram TR, conforme RAS e BRAF mutados, e a sobrevida global (SG), de acordo com dMMR. MÉTODOS: Estudo retrospectivo com grupo controle que comparou a TR por RECIST 1.1 em pacientes com CCRm, tratados com quimioterapia (QT) sistêmica, de acordo com o status dMMR. Os dados clínicos foram coletados, retrospectivamente, dos prontuários médicos. Todas as imagens foram digitais e recuperadas para avaliação de resposta por um único radiologista, cego quanto ao status dMMR. dMMR foi definido como a perda de expressão imuno-histoquímica em pelo menos um dos genes MMR (MLH1, MSH2, MSH6 e PMS2). Mutações em RAS e BRAF foram investigadas por meio de sequenciamento gênico. Os casos foram os pacientes com dMMR, e os controles, com MMR proficiente (pMMR), selecionados de forma consecutiva, em proporção de 1:2. Com base em características clínicas e moleculares, os indivíduos dMMR foram classificados como provável Lynch ou dMMR esporádico. Estatística descritiva foi usada para resumir os resultados. A associação entre dMMR e os resultados específicos de cada grupo foram analisados pelo teste do qui-quadrado, e para a avaliação de SG mediana, curvas de Kaplan-Meier e teste log-rank foram utilizados. Valores bicaudados de p < 0.05 foram considerados significativos. RESULTADOS: Entre janeiro de 2009 e janeiro de 2013, de...
Metastatic colorectal cancer (mCRC) is a clinically and molecularly heterogeneous disease, where patients present different prognosis and variable responses to cancer-directed therapies. Alterations in the function of DNA deficiency mismatch repair (dMMR) genes are associated with microsatellite instability and good prognosis in early stage tumors. However dMMR dysfunction is rare in mCRC and little is known about its influence on treatment response rate (RR). Our primary endpoint was to compare the RR of mCRC patients according to dMMR status and to explore differences between patients with likely sporadic versus likely Lynch-related tumors. Secondary endpoints were RR according to RAS and BRAF mutation status, and survival times as per dMMR status. METHODS: Retrospective study with control group that compared the RR by RECIST 1.1 in patients with mCRC treated with systemic chemotherapy according to dMMR status. Clinical data were collected retrospectively from medical charts. All images were digital and were retrieved for response evaluation by a single radiologist blinded to dMMR results. dMMR status was defined as loss of immunohistochemistry expression in at least one of the MMR genes (MLH1, MSH2, MSH6 e PMS2). RAS and BRAF mutations were investigated through next generation sequencing. Cases were defined as dMMR and controls, as proficient MMR (pMMR) patients, in a 1:2 fashion. Based on clinical and molecular features, dMMR patients were classified as likely Lynch or sporadic. Descriptive statistics was used to summarize the results. The association between dMMR and outcomes of each group were analyzed by chi-square test; estimates of median overall survival were done by the Kaplan-Meier method and comparisons, by the log-rank test. Two-tailed p values < 0.05 were considered significant. RESULTS: From January 2009 to January 2013, out of 1270 patients, 762 were eligible and screened for dMMR: N = 27 (3.5%) had dMMR and N = 735 (96.5%) had...
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Adulto , Pessoa de Meia-Idade , Idoso , Idoso de 80 Anos ou mais , Biomarcadores Tumorais , Neoplasias Colorretais , Neoplasias Colorretais Hereditárias sem Polipose , Tratamento Farmacológico , Imuno-Histoquímica , Instabilidade de Microssatélites , Resultado do TratamentoRESUMO
Suspeita-se da Síndrome de Lynch (SL) a partir da história pessoal e familial do indivíduo. Posteriormente, os dados histopatológicos, imuno-histoquímicos e moleculares podem ser utilizados para aprimorar o diagnóstico da doença. Entretanto, um grande desafio no diagnóstico da Síndrome de Lynch é a baixa acurácia dos critérios clínicos utilizados. OBJETIVOS: Avaliar a frequência de SL em pacientes submetidos a tratamento cirúrgico por câncer colorretal e com história familial de câncer. Avaliar quais dos critérios clínicos e/ou moleculares seriam mais informativos no diagnóstico desta Síndrome na população brasileira. PACIENTES E MÉTODOS: Estudaram-se 458 casos de câncer colorretal (CCR), do Serviço de Coloproctologia do Departamento de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas - FMUSP, de janeiro de 2005 a dezembro de 2008. História familial (HF) positiva para CCR ocorreu em 118 pacientes. Promoveu-se a revisão das lâminas para critérios histopatológicos de MSI (diretrizes de Bethesda), avaliação imuno-histoquímica (IHC) para as proteínas MLH1, MSH2, MSH6, PMS2, através do complexo avidina-biotina-peroxidase e instabilidade de microssatélites (MSI) (BAT-25, BAT-26, NR-21, NR-24 e MONO-27). Realizada a análise da mutação somática para o BRAF em todos os casos com MSI positiva. RESULTADOS: Dos 118 pacientes com HF, 61 (51,69%) preencheram pelo menos um dos critérios de Bethesda revisados. 36 eram do sexo feminino (59%), média de idade de 53,2 anos. Nove (14,7%) pacientes apresentaram todos os critérios de Amsterdam I. Cinquenta e dois tumores localizaram-se no cólon esquerdo. Os componentes histopatológicos de MSI incluíram: linfócitos intratumoral (47,5%), característica expansiva do tumor (29,5%) e o componente mucinoso (27,8%) (componentes histopatológicos de MSI instável) em 44 (72%). A IHC estava alterada em oito (13%) e a MSI em 12 pacientes (20%). Houve associação entre os critérios de Amsterdam I e MSI e na IHC com MLH1 e PMS2. Houve associação entre...
Lynch Syndrome is suspected due to the personal and familial history of the individual. Subsequently, histopathological, immunohistochemical and molecular data can be used to improve diagnosis of the disease. However, a major challenge in the diagnosis of Lynch Syndrome is the low accuracy of clinical criteria. OBJECTIVES: To assess the frequency of Lynch Syndrome in patients with familial cancer history submitted to colorectal cancer resection. To assess what clinical and / or molecular criteria would be the most informative in the diagnosis of this syndrome in Brazilian population. PATIENTS AND METHODS: 458 colorectal cancer (CRC) cases were studied, from the Coloproctology Unit of the Department of Gastroenterology, Hospital das Clinicas - USP, from January 2005 to December 2008. Positive family history (FH) for CRC occurred in 118 patients. The pathologic slides were reviewed for histological criteria for MSI (Bethesda guidelines), immunohistochemical analysis (IHC) for MLH1, MSH2, MSH6, PMS2 proteins, through the avidin-biotin-peroxidase complex, and microsatellite instability (MSI) (BAT-25, BAT-26, NR-21, NR-24 and MONO-27). BRAF somatic mutation was analyzed in all cases with positive MSI. RESULTS: Of the 118 patients with HF, 61 (51.69%) met at least one of the revised Bethesda criteria. Thirty-six were female (59%), and the mean age was 53.2 years. Nine (14.7%) patients presented all Amsterdam criteria I. Fifty-two tumors were located in the left colon. MSI histopathological components included: intratumoral lymphocytes (47.5%), expansive characteristics of the tumor (29.5%) and mucinous component (27.8%) (Histological unstable components of MSI) in 44 (72%). IHC was abnormal in eight (13%) and MSI in 12 patients (20%). There was an association between the Amsterdam criteria I and MSI; and between IHC with MLH1 and PMS2. There was an association with the revised Bethesda criteria with: sex, mucinous histology and Crohn's like...
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Adulto Jovem , Pessoa de Meia-Idade , Idoso de 80 Anos ou mais , Neoplasias Colorretais , Neoplasias Colorretais Hereditárias sem Polipose , Imuno-Histoquímica , Instabilidade de Microssatélites , Guias de Prática Clínica como Assunto , Proteínas Proto-Oncogênicas B-rafRESUMO
CONTEXT: Muir-Torre syndrome is a rare autosomal dominant genodermatosis caused by mutations in the mismatch repair genes. It is characterized by the presence of sebaceous skin tumors and internal malignancies, affecting mainly the colon, rectum and urogenital tract. Awareness of this syndrome among physicians can lead to early diagnosis of these malignancies and a better prognosis. CASE REPORT: We report the case of a Chilean patient who, over the course of several years, had multiple skin lesions, endometrial cancer and colon cancer. The syndrome was diagnosed using molecular techniques such as microsatellite instability analysis, immunohistochemistry and DNA sequencing, which allowed us to find the causative mutation. CONCLUSION: Molecular diagnostics is a highly useful tool, since it allows clinicians to confirm the presence of mutations causing Muir-Torre syndrome. It is complementary to the analysis of the clinical data, such as dermatological presentation, presence of visceral malignancies and family history of colorectal tumors, and it provides important knowledge to help physicians and patients choose between treatment options. .
CONTEXTO: A síndrome de Muir-Torre é uma genodermatose autossômica dominante rara causada por mutações nos genes de reparo de incorreções. Caracteriza-se pela presença de tumores sebáceos da pele e doenças malignas internas, afetando principalmente cólon, reto e trato urogenital. A consciência desta síndrome pelos médicos pode levar ao diagnóstico precoce dessas doenças malignas e a um melhor prognóstico. RELATO DE CASO: Relatamos o caso de uma paciente chilena que, ao longo de vários anos, teve lesões cutâneas múltiplas, câncer de endométrio e câncer de cólon. A síndrome foi diagnosticada com técnicas moleculares, como a análise de instabilidade de microssatélites, imunoistoquímica e sequenciamento de DNA, o que nos permitiu encontrar a mutação causadora. CONCLUSÃO: Diagnóstico molecular é uma ferramenta muito útil, uma vez que permite que os clínicos confirmem a presença de mutações causadoras de síndrome de Muir-Torre. É complementar para a análise dos dados clínicos, tais como a apresentação dermatológica, a presença de doenças malignas viscerais e história familiar de tumores colorrectais, e fornece conhecimentos importantes para ajudar os médicos e os pacientes a escolher entre opções de tratamento. .
Assuntos
Feminino , Humanos , Pessoa de Meia-Idade , Técnicas de Diagnóstico Molecular/métodos , Síndrome de Muir-Torre/diagnóstico , Adenocarcinoma/diagnóstico , Colo/patologia , Neoplasias do Colo/diagnóstico , Imuno-Histoquímica , Instabilidade de Microssatélites , Síndrome de Muir-Torre/genética , Mutação , Valor Preditivo dos Testes , Fatores de Risco , Análise de Sequência de DNARESUMO
O câncer colorretal tem importância elevada frente a sua incidência e morbidade. Dentre os casos hereditários, o câncer colorretal hereditário sem polipose (HNPCC), ou Síndrome de Lynch, é responsável por cerca de 5% do total de casos. No HNPCC, a alteração genética herdada é a inativação de um dos alelos dos genes envolvidos em reparo do DNA, sendo os principais os genes hMLH1 e hMSH2. O objetivo deste trabalho foi investigar, em indivíduos com diagnóstico clínico de HNPCC, a presença de mutações nos genes MLH1 e MSH2, associar as variáveis clínicas com o gene mutado e investigar os familiares de portadores de HNPCC aos quais tivemos acesso, com relação a mutações germinativas. A investigação das mutações foi realizada por meio de sequenciamento direto dos éxons, região promotora e regiões de junção. Foram analisados 65 indivíduos divididos em três grupos, sendo (I) 46 pacientes portadores de câncer colorretal inclusos nos Critérios de Amsterdã, (II) dois familiares portadores de câncer colorretal e (III) 17 familiares sem câncer, todos da região metropolitana de Campinas, atendidos no Hospital de Clínicas da UNICAMP. Em 21 (45,65%) dos pacientes foram encontradas mutações deletérias. As mutações deletérias nos genes MLH1 e MSH2 estavam na proporção de 34,78% (16 pacientes) e 10,86% (5 pacientes), respectivamente. As mutações não deletérias nos genes MLH1 e MSH2 estavam na proporção de 65,22% dos pacientes (30 alterações) e 50% dos pacientes (23 alterações), respectivamente...
Colorectal cancer has high importance because of its incidence and morbidity. Among the hereditary cases, the hereditary nonpolyposis colorectal cancer (HNPCC) or Lynch syndrome, accounts for about 5% of cases. In HNPCC, the genetic alteration inherited is the inactivation of one of the alleles of genes involved in the DNA repair, being hMSH2 and hMLH1 the main genes. The objective of this study is to investigate the presence of mutations in MLH1 and MSH2 in patients with clinical diagnosis of HNPCC, correlate clinical variables with the mutated gene, and investigate the relatives of patients with HNPCC who we had access to, in relation to germline mutations. Investigation of the mutations was performed by éxons direct sequencing, the promoter and junction regions. Sixty-five individuals, divided into three groups, were studied: (I) 46 patients with colorectal cancer included in the Amsterdam Criteria, (II) two family members of colorectal cancer patients and (III) 17 relatives without cancer, all of them treated at Hospital das Clínicas at UNICAMP and living in the Campinas metropolitan area. Deleterious mutations were found in 21 patients (45.65%). The ratio of deleterious mutations in MLH1 and MSH2 was 34.78% (16 patients) and 10.86% (5 patients) respectively. The ratio of non deleterious mutations in genes MLH1 and MSH2 was 65.22% of patients (30 alterations) and 50% of patients (23 alterations) respectively. Among patients with HNPCC, 23 potentially deleterious mutations were identified, via sequences of MLH1 and MSH2 with a 50% detection rate. It doesn't seem to appear variations in the clinical characteristics of the tumor when a germline mutation occurs in MLH1 or MSH2, with the exception of the relationship between the presence of mutation in the MLH1 gene and age of disease onset. As it occurs throughout the world, the disease present a his molecular extremely heterogeneoty, where only two mutations were repeated in two patients...