RESUMO
Este artigo parte da análise da ruptura ocorrida na Marcha das Vadias de Porto Alegre no ano de 2014, para pensar como se negociaram as políticas de aliança e coalizões dentro de um campo de tensões dos feminismos contemporâneos. Trata-se de um recorte de uma pesquisa de mestrado que acompanhou o processo de organização da Marcha das Vadias em caráter etnográfico e entrevistou sete pessoas que fizeram parte desse momento político. Aqui, são apresentadas brevemente as personagens a fim de refletir como se compôs a pluralidade em um campo de disputa que parecia ser polarizado. Essa análise busca ainda trazer uma reflexão mais ampla em relação aos movimentos políticos contemporâneos, suas pluralidades e negociações em campo identitário. Conclui-se que para pensar as alianças nas pautas é necessário considerar os marcadores sociais que se atravessam nos diferentes modos de fazer política feminista.
Marcha das Vadias de Porto Alegre: uma análise das políticas de aliança. Psicologia Política, 19(45), p 216-228 The aim of this article is to apply the analysis of rupture that occurred in the SlutWalk, during 2014 in Porto Alegre, to explore how alliances and coalitions were negotiated in a contemporary feminism tension field. This is part of a master's research that followed the SlutWalk organization, in an ethnographic process, and interviewed seven people who were part of this political moment. Here, the characters are briefly introduced in order to reflect how the plurality was composed in a dispute field that seemed to be polarized. This analysis also seeks to bring a broader reflection on contemporary political movements, their pluralities and negotiations in the identity field. In conclusion, in order to think about the alliances in the feminist guidelines, it is necessary to consider social markers that are crossed in the different ways of doing of feministpolitics.
Este artículo parte del análisis de la ruptura ocurrida en la Marcha de las Putas de Porto Alegre en el ano 2014, para pensar cómo se negociaron las políticas de alianza y coaliciones dentro de un campo de tensiones de los feminismos contemporáneos. Se trata de un recorte de una investigación de maestría que acompanó el proceso de organización de la Marcha de las Putas en carácter etnográfico y entrevistó a siete personas que formaron parte de ese momento político. Aquí, se presentan brevemente los personajes para reflejar cómo se compuso la pluralidad en un campo de disputa que parecía ser binario. Este análisis busca aún traer una reflexión más amplia en relación a los movimientos políticos contemporáneos, sus pluralidades y negociaciones en campo identitario. Se concluye que para pensar las alianzas en las pautas feministas es necesario considerar marcadores sociales que se atravesan en las diferentes formas de feminismos.
Cet article commence par l'analyse de la rupture survenue lors de la SlutWalk de Porto Alegre en 2014, afm de réfléchir à la manière dont les politiques d'alliance et de coalitions ont été négociées dans un champ de tensions du féminisme contemporain. Il s 'agit d 'une partie de la recherche d 'un Master qui a accompagné le processus d 'organisation de la SlutWalk à caractère ethnographique et qui a interrogé sept personnes qui faisaient partie de ce moment politique. Ici, les personnages sont brièvement présentés afm de refléter la composition de la pluralité dans un champ de controverse qui semblait être polarisé. Cette analyse cherche également à apporter une réflexion plus large sur les mouvements politiques contemporains, leurs pluralités et leurs négociations dans le domaine de l'identité. Il est conclu que, pour penser les alliances dans les lignes directrices, il est nécessaire de considérer différents marqueurs sociaux croisés dans les différentes formes de féminisme.
RESUMO
Resumo Os corpos e as emoções sempre foram importantes recursos políticos para ativistas, embora apenas recentemente tenham se tornado objetos de interesse dos estudos sobre movimentos sociais. Na Marcha das Vadias, protesto feminista contra o estupro, os corpos das participantes constituem os próprios sentidos da ação coletiva, já que são mobilizados por elas para produzir novos códigos acerca da violência sexual e da sexualidade. A nudez e o uso de roupas “sensuais” são algumas das formas pelas quais o corpo é utilizado para produzir e comunicar essas mensagens. A performatividade incorporada das participantes busca produzir eficácia simbólica evocando emoções associadas ao humor, à provocação e à autoafirmação, e preterindo a expressão pública de dor e a figura da vítima, marcantes em outros protestos contra o estupro. Os repertórios corporais e emocionais do protesto, resultantes do trabalho simbólico e material feito pelas ativistas a partir de contextos culturais e de interação específicos, reelaboram a política identitária feminista, na medida em que são usados tanto pelas vadias como por outros grupos feministas para delimitar fronteiras, sempre fluidas, de diferenciação mútua.
Abstract Bodies and emotions have always been important political resources for activists, although only recently have they become objects of social movements’ studies. In the SlutWalk (Marcha das Vadias), an anti-rape global feminist protest, demonstrators’ bodies constitute the very meanings of collective action, since they are mobilized to produce new codes about sexual violence and sexuality. The employment of nudity and “sexy” clothes by the participants are some of the ways by which the body is used to produce and communicate those meanings. The protesters’ performative embodiment aim to produce symbolic efficacy by evoking emotions connected to humor, provocation and self-affirmation, and overlooking those associated to pain and victimization, which are central at other anti-rape protests. The bodily and emotional repertoires of the protest, which result from symbolic and material work done by activists in and from specific cultural and interactional contexts, re-elaborate the feminist identity politics, as they are used by the Slutwalkers and other feminist groups to delineate fluid boundaries of mutual differentiation.
Resumen Los cuerpos y emociones siempre han sido un recurso político importante para activistas, pero sólo recientemente se han convertido en objetos de interés para el estudio de los movimientos sociales. En la Marcha de las Putas, protesta feminista contra la violación, los cuerpos de las participantes constituyen los propios sentidos de la de acción colectiva, ya que son movilizados por ellas para producir nuevos códigos sobre la violencia sexual y la sexualidad. La desnudez y el uso de ropa "sexy" son algunas de las formas en las que el cuerpo es utilizado para producir y comunicar estos mensajes. La performatividad encarnada de los participantes trata de producir eficacia simbólica evocando emociones asociadas con humor, provocación y autoafirmación, y pretiriendo la expresión pública del dolor y la figura de la víctima, destacada en otras protestas contra la violación. Los repertorios corporales y emocionales de la protesta, que resultan del trabajo simbólico y material realizado por activistas desde contextos culturales y de interacción específicos, reelaboran la política de identidad feministas, en la medida en que son usados tanto por las vadias como por otros grupos feministas para delimitar fronteras, siempre fluidas, de diferenciación mutua.