RESUMO
Although immigrants report suffering experiences of discrimination in Europe, in Portugal the social representations of luso-tropicalism and lusophony could serve to weaken prejudice and discrimination against them. This study investigates what Brazilians who work in Portugal say about luso-tropicalism, lusophony, and organizational justice. The exploratory study is based on 33 semi-structured interviews; content analysis is done and the differences in the answers given, by sex, hierarchical level, and educational level, are checked using the Mann-Whitney test. Ingroup favouritism and outgroup devaluation are observed. The contribution of the social representations of luso-tropicalism and lusophony in weakening prejudice and discrimination against Brazilians in Portugal is not verified in Portuguese general society nor in the Portuguese labour market, yet a different situation is observed within organizations, where participants report being treated relatively fairly.
Embora imigrantes relatam sofrer experiências de discriminação na Europa, em Portugal, as representações sociais de luso-tropicalismo e lusofonia poderiam contribuir para enfraquecer o preconceito e a discriminação contra imigrantes. O estudo investiga o que brasileiros que trabalham em Portugal falam sobre luso-tropicalismo, lusofonia e justiça organizacional. O estudo exploratório é baseado em 33 entrevistas semi-estruturadas, análise de conteúdo é realizada e as diferenças de respostas entre sexo, nível hierárquico e educacional são conferidas pelo teste de Mann-Whitney. Favoritismo do endogrupo e desvalorização do exogrupo são observados. A contribuição das representações sociais de luso-tropicalismo e lusofonia para enfraquecer o preconceito e a discriminação contra brasileiros em Portugal não é verificada na sociedade portuguesa em geral nem no mercado de trabalho, mas o mesmo não acontece nas organizações, onde os participantes relatam serem tratados relativamente com justiça.
RESUMO
Although immigrants report suffering experiences of discrimination in Europe, in Portugal the social representations of luso-tropicalism and lusophony could serve to weaken prejudice and discrimination against them. This study investigates what Brazilians who work in Portugal say about luso-tropicalism, lusophony, and organizational justice. The exploratory study is based on 33 semi-structured interviews; content analysis is done and the differences in the answers given, by sex, hierarchical level, and educational level, are checked using the Mann-Whitney test. Ingroup favouritism and outgroup devaluation are observed. The contribution of the social representations of luso-tropicalism and lusophony in weakening prejudice and discrimination against Brazilians in Portugal is not verified in Portuguese general society nor in the Portuguese labour market, yet a different situation is observed within organizations, where participants report being treated relatively fairly.(AU)
Embora imigrantes relatam sofrer experiências de discriminação na Europa, em Portugal, as representações sociais de luso-tropicalismo e lusofonia poderiam contribuir para enfraquecer o preconceito e a discriminação contra imigrantes. O estudo investiga o que brasileiros que trabalham em Portugal falam sobre luso-tropicalismo, lusofonia e justiça organizacional. O estudo exploratório é baseado em 33 entrevistas semi-estruturadas, análise de conteúdo é realizada e as diferenças de respostas entre sexo, nível hierárquico e educacional são conferidas pelo teste de Mann-Whitney. Favoritismo do endogrupo e desvalorização do exogrupo são observados. A contribuição das representações sociais de luso-tropicalismo e lusofonia para enfraquecer o preconceito e a discriminação contra brasileiros em Portugal não é verificada na sociedade portuguesa em geral nem no mercado de trabalho, mas o mesmo não acontece nas organizações, onde os participantes relatam serem tratados relativamente com justiça.(AU)
Assuntos
Humanos , Adulto , Grupos Populacionais , Preconceito , Discriminação SocialRESUMO
Esta investigação insere-se num conjunto de pesquisas psicossociais que se centram no estudo da permanência do luso-tropicalismo enquanto representação social na sociedadeportuguesa contemporânea, nomeadamente, em torno dos temas da ausência de racismo entre os portugueses, assim como da sua capacidade para estabelecerem relações harmoniosas com outros povos ao longo da História. O estudo aqui apresentado visa fundamentalmente averiguar se as ideias luso-tropicalistas estão presentes nos manuais escolares de História e de Português do ensino primário editados entre 1965 e 1972 em Portugal. Em particular, procura-se explorar se existem ou não traços do luso-tropicalismo nas descrições que aí são feitas dos portugueses e dos africanos. Utilizaram-se no total 23 manuais, cujos textos seleccionados foram sujeitos aanálise de conteúdo. Os principais resultados mostram que existe uma diferença clara nas imagens dos africanos, consoante o período em causa. De um modo sintético, na fase das campanhas de pacificação são descritos sobretudo como selvagens e rebeldes; posteriormente são considerados irmãos portugueses. É em torno desta ideia de que somos todos portugueses em harmonia que se encontram traços do luso-tropicalismo. Adicionalmente, verifica-se uma glorificação das características dos portugueses e das suas acções, a par com uma legitimação do processo de colonização como um direito inquestionável de Portugal. Por último,sublinhe-se a importância dos manuais escolares na disseminação de representações sociais da identidade nacional e na construção da memória colectiva. (AU)
This research is part from a set of psychosocial investigations centered on the study of the abiding presence in Portuguese contemporaneous society of Luso-Tropicalism as a socialrepresentation. This focuses on the themes that point out the absence of prejudice of the Portuguese and their ability for harmonious co-existence among different people along History.The exploratory study presented here seeks to check if these ideas are represented in Portuguese and History school textbooks published in Portugal between 1965 and 1972. In particular, this work aims to explore the existence or inexistence of Luso-Tropicalist traits in the descriptions of Portuguese and African people. We used 23 textbooks, from which selected texts were submitted to content analysis. The main results shows that there is a clear difference in descriptions of African people, depending on which period they refer to. In a synthetic way, we can say that in a pacification campaigns phase, they are described as savages and wild; after that they are considered as Portuguese brothers. It is around this idea that we are all Portuguese in harmony that we found Luso-Tropicalist traits. Additionally, we observed a glorification of Portuguese characteristics and actions and a legitimation of the colonization process as an unquestionable Portuguese right. Lastly, in this study we underline the importance of textbooks in the dissemination of social representations about national identity and in the construction of collective memory. (AU)
Assuntos
Psicologia Social , Colonialismo , Aculturação , Livro-TextoRESUMO
Esta investigação insere-se num conjunto de pesquisas psicossociais que se centram no estudo da permanência do luso-tropicalismo enquanto representação social na sociedadeportuguesa contemporânea, nomeadamente, em torno dos temas da ausência de racismo entre os portugueses, assim como da sua capacidade para estabelecerem relações harmoniosas com outros povos ao longo da História. O estudo aqui apresentado visa fundamentalmente averiguar se as ideias luso-tropicalistas estão presentes nos manuais escolares de História e de Português do ensino primário editados entre 1965 e 1972 em Portugal. Em particular, procura-se explorar se existem ou não traços do luso-tropicalismo nas descrições que aí são feitas dos portugueses e dos africanos. Utilizaram-se no total 23 manuais, cujos textos seleccionados foram sujeitos aanálise de conteúdo. Os principais resultados mostram que existe uma diferença clara nas imagens dos africanos, consoante o período em causa. De um modo sintético, na fase das campanhas de pacificação são descritos sobretudo como selvagens e rebeldes; posteriormente são considerados irmãos portugueses. É em torno desta ideia de que somos todos portugueses em harmonia que se encontram traços do luso-tropicalismo. Adicionalmente, verifica-se uma glorificação das características dos portugueses e das suas acções, a par com uma legitimação do processo de colonização como um direito inquestionável de Portugal. Por último,sublinhe-se a importância dos manuais escolares na disseminação de representações sociais da identidade nacional e na construção da memória colectiva.
This research is part from a set of psychosocial investigations centered on the study of the abiding presence in Portuguese contemporaneous society of Luso-Tropicalism as a socialrepresentation. This focuses on the themes that point out the absence of prejudice of the Portuguese and their ability for harmonious co-existence among different people along History.The exploratory study presented here seeks to check if these ideas are represented in Portuguese and History school textbooks published in Portugal between 1965 and 1972. In particular, this work aims to explore the existence or inexistence of Luso-Tropicalist traits in the descriptions of Portuguese and African people. We used 23 textbooks, from which selected texts were submitted to content analysis. The main results shows that there is a clear difference in descriptions of African people, depending on which period they refer to. In a synthetic way, we can say that in a pacification campaigns phase, they are described as savages and wild; after that they are considered as Portuguese brothers. It is around this idea that we are all Portuguese in harmony that we found Luso-Tropicalist traits. Additionally, we observed a glorification of Portuguese characteristics and actions and a legitimation of the colonization process as an unquestionable Portuguese right. Lastly, in this study we underline the importance of textbooks in the dissemination of social representations about national identity and in the construction of collective memory.