RESUMO
La psychanalyse entre dans la lettre par une faute d'orthographe qui bascule d'emblée la norme alphabétique : c'est le néologisme d'un « apprendre à lire en s'alphabêtissant ¼ avec lequel Lacan, en commettant cette première faute d'orthographe dans l'apprentissage alphabétique de l'écriture, déplace la lettre comme support phonétique différentiel minimal, dans le champ de la bêtise, ce qui oblige la psychanalyse de passer par une lecture de ce qui se dit et suppose de « prendre la fonction d'écrit pour un mode autre du parlant dans le langage ¼. Alors la question se pose pourquoi on parle de la lettre et de l'écriture si la psychanalyse est essentiellement une pratique de parole, un dispositif, depuis Freud, de l'association libre, et non pas une pratique de l'écriture au sens de représentation de la parole voire de l'analyse d'un écrit, qu'il soit littéraire ou pas : pour analyser, on a besoin de l'énonciation. La lettre sera donc prise comme fonction du langage et de la jouissance.
A psicanálise entra na letra através de um erro ortográfico que sacode de saída, a norma alfabética: É o neologismo "aprender a ler analfabetizando-se" com que Lacan, cometendo este primeiro erro ortográfico na aprendizagem alfabética da escrita, desloca a letra do lugar de suporte fonético diferencial mínimo, para o campo da estupidez, o que obriga a psicanálise a passar por uma leitura do que é dito e supõe "considerar a função de escrever como modo outro do ser falante na linguagem". Coloca-se então a questão de porque falamos da letra e da escrita se a psicanálise é essencialmente uma prática da fala, um dispositivo, desde Freud, de associação livre, e não uma prática da escrita como uma representação da fala ou mesmo da análise de uma obra escrita, literária ou não: para analisar, precisamos de enunciação. A letra será assim considerada como função da língua e do gozo.
Psychoanalysis enters the letter through a spelling error that shakes the alphabetic norm from the outset: It is the neologism "learning to read by becoming illiterate" with which Lacan, committing this first orthographic error in the alphabetic learning of writing, displaces the letter from the place of minimal differential phonetic support, into the field of stupidity, which forces psychoanalysis to undergo an interpretation of what is said and supposes "to consider the function of writing as another mode of the talking being in language". The question then arises as to why we speak of the letter and of writing if psychoanalysis is essentially a practice of speech, a device, since Freud, of free association, and not a practice of writing as a representation of speech or even the analysis of a written work, literary or otherwise: to analyze, we need enunciation. The letter will thus be considered as a function of language and enjoyment.
Assuntos
Psicanálise , História , IdiomaRESUMO
A psicanálise entra na letra através de um erro ortográfico que sacode de saída, a norma alfabética: É o neologismo "aprender a ler analfabetizando-se" com que Lacan, cometendo este primeiro erro ortográfico na aprendizagem alfabética da escrita, desloca a letra do lugar de suporte fonético diferencial mínimo, para o campo da estupidez, o que obriga a psicanálise a passar por uma leitura do que é dito e supõe "considerar a função de escrever como modo outro do ser falante na linguagem". Coloca-se então a questão de porque falamos da letra e da escrita se a psicanálise é essencialmente uma prática da fala, um dispositivo, desde Freud, de associação livre, e não uma prática da escrita como uma representação da fala ou mesmo da análise de uma obra escrita, literária ou não: para analisar, precisamos de enunciação. A letra será assim considerada como função da língua e do gozo.
La psychanalyse entre dans la lettre par une faute d'orthographe qui bascule d'emblée la norme alphabétique : c'est le néologisme d'un « apprendre à lire en s'alphabêtissant ¼ avec lequel Lacan, en commettant cette première faute d'orthographe dans l'apprentissage alphabétique de l'écriture, déplace la lettre comme support phonétique différentiel minimal, dans le champ de la bêtise, ce qui oblige la psychanalyse de passer par une lecture de ce qui se dit et suppose de « prendre la fonction d'écrit pour un mode autre du parlant dans le langage ¼. Alors la question se pose pourquoi on parle de la lettre et de l'écriture si la psychanalyse est essentiellement une pratique de parole, un dispositif, depuis Freud, de l'association libre, et non pas une pratique de l'écriture au sens de représentation de la parole voire de l'analyse d'un écrit, qu'il soit littéraire ou pas : pour analyser, on a besoin de l'énonciation. La lettre sera donc prise comme fonction du langage et de la jouissance
Psychoanalysis enters the letter through a spelling error that shakes the alphabetic norm from the outset: It is the neologism "learning to read by becoming illiterate" with which Lacan, committing this first orthographic error in the alphabetic learning of writing, displaces the letter from the place of minimal differential phonetic support, into the field of stupidity, which forces psychoanalysis to undergo an interpretation of what is said and supposes "to consider the function of writing as another mode of the talking being in language". The question then arises as to why we speak of the letter and of writing if psychoanalysis is essentially a practice of speech, a device, since Freud, of free association, and not a practice of writing as a representation of speech or even the analysis of a written work, literary or otherwise: to analyze, we need enunciation. The letter will thus be considered as a function of language and enjoyment.
Assuntos
Psicanálise , História , IdiomaRESUMO
Esse artigo aborda a articulação entre os conceitos psicanalíticos de lalíngua e de voz, pensados a partir da clínica com sujeitos autistas. Com base nas vinhetas clínicas retiradas da literatura e da experiência de trabalho em serviços de Saúde Mental, busca-se investigar de que formas essas noções teóricas se apresentam primordialmente no ato de escuta e como estas podem indicar uma direção de tratamento no autismo a partir da música. A musicalidade da voz materna, por meio de uma ressonância que não se prende ao sentido, transmite uma invocação ao infans para que este advenha como sujeito, produzindo marcas a serem lidas. É necessário que tal invocação, para que possa ressoar no sujeito, ocorra primeiramente no campo do Outro, como forma de apelo. No autismo, no entanto, há impasses quanto à alienação aos significantes provenientes do Outro, sentidos como invasivos. Com isso, constatou-se que a introdução da musicalidade na clínica com esses sujeitos surge como possibilidade de deixar suas marcas, por se tratar de um elemento que permite mediação no âmbito da enunciação. (AU)
This article discusses the articulation between the psychoanalytic concepts of Lalíngua and speech, thought from the clinic with autistic subjects. Based on the clinical vignettes drawn from the literature and from the experience of working in Mental Health services, we seek to investigate in what ways these theoretical notions are presented primarily in the act of listening and how these can indicate a direction of treatment in autism from the music. The musicality of the mother's voice, through a resonance that does not attach to the sense, transmits an invocation to the infans so that it comes as subject, producing marks to be read. Such an invocation, so that it may resonate in the subject, must first occur in the field of the Other, as a form of appeal. In autism, however, there are impasses regarding the alienation to the signifiers from the Other, sensed as invasive. With this, it was verified that the introduction of musicality in the clinic with these subjects appears as a possibility to leave their marks, because it is an element that allows a mediation in the ambit of the enunciation. (AU)
Este artículo aborda la articulación entre los conceptos psicoanalíticos de lenguas y de voz, pensados a partir de la clínica con sujetos autistas. Con base en las viñetas clínicas retiradas de la literatura y de la experiencia de trabajo en servicios de Salud Mental, se busca investigar de qué formas esas nociones teóricas se presentan primordialmente en el acto de escucha y cómo éstas pueden indicar una dirección de tratamiento en el autismo a partir de la música. La musicalidad de la voz materna, por medio de una resonancia que no se prende al sentido, transmite una invocación al infans para que éste venga como sujeto, produciendo marcas a ser leídas. Tal invocación, para que pueda resonar en el sujeto, es necesario que ocurra primero en el campo del Otro, como forma de apelación. En el autismo, sin embargo, hay impases en cuanto a la alienación a los significantes provenientes del Otro, sentidos como invasivos. Con ello, se constató que la introducción de la musicalidad en la clínica con esos sujetos aparece como posibilidad de dejar sus marcas, por tratarse de un elemento que permite una mediación en el ámbito de la enunciación. (AU)
Assuntos
Transtorno Autístico , Transtorno do Espectro Autista , Voz , Serviços de Saúde Mental , Mães , MusicoterapiaRESUMO
Este artigo resulta da experiência com autistas em uma extensão universitária articulada à rede de saúde mental e a um serviço de psicologia. Investiga-se a relação de lalíngua com a música e estabelece suas contribuições à clínica do autismo. Para tanto, foi feita a leitura de textos nos campos da psicanálise e da música. Como material explorado, utilizaram-se relatos de experiência de profissionais e trabalho no grupo de extensão. A relação de lalíngua com a música é apresentada a partir da consideração dos jogos rítmicos de presença e ausência do som no decorrer do tempo que trazem elementos marcantes à própria constituição do sujeito, situando-nos diante de uma diacronia, também presente em lalíngua. Com isso, pode-se pensar como o estudo desse conceito nos auxilia na compreensão da relação primordial do sujeito com Outro, especialmente no autismo.
Cet article est le résultat d'une expérience réalisée avec des autistes lors d'un cours d'extension universitaire articulé entre le réseau de santé mentale et le service de psychologie. Nous recherchons la relation de lalangue avec la musique et nous établissons leurs contributions à la clinique de l'autisme. Pour cela, une lecture de textes dans les domaines de la psychanalyse et de la musique a été réalisée. Comme matériel à explorer nous avons utilisé les récits d'expérience de professionnels et le travail au sein du groupe d'extension. La relation de lalangue avec la musique est présentée à partir de la considération de jeux rythmiques basés sur le concept de présence et absence du son au cours du temps, apportant des éléments marquants à la propre constitution du participant, en nous plaçant devant une diachronie également présente dans lalangue. A partir de cela, nous pouvons établir de quel façon l'étude de lalangue peut nous aider dans la compréhension de la relation primordiale du sujet avec l'Autre, surtout chez l'autiste.
Este artículo es el resultado de una experiencia con autistas en un curso de extensión universitaria, articulado a la red de salud mental y a un servicio de psicología. Se investiga la relación de lalangue con la música y se establecen sus contribuciones a la clínica del autismo. Para ello, se realizó la lectura de textos en los ámbitos del psicoanálisis y de la música. Como material explorado, se utilizaron relatos de experiencias de profesionales y el trabajo en el grupo de extensión. La relación de lalangue con la música se presenta a partir de la consideración de juegos rítmicos de presencia y ausencia del sonido en el transcurso del tiempo, que aportan elementos notables a la propia constitución del sujeto, situándonos ante una diacronía también presente en lalangue. Lo que nos permite analizar la manera en que el estudio de ese concepto puede ayudarnos a comprender la relación primordial del sujeto con el Otro, especialmente en el autismo.
This paper is the result of observations made from children with autism during a university extension course performed between the Mental Health network and the Psychology Service. We investigated the Lalangue relationship with music and established its contributions to the autism clinic. To this end, studies on psychology and music were employed. We used some reports from professionals' experience and the work conducted with the extension group as material for investigation. The relationship of Lalangue with music is shown through the rhythmic games based on the presence or absence of sound during the time, bringing notable elements to the proper constitution of the participant, placing us before a diachrony, which is also present in Lalangue. Thus, we can say that studying this concept can help us understand the relationship of the primary participant with Another one, which is especially true in autism.
Assuntos
Transtorno Autístico , Idioma , Música , PsicanáliseRESUMO
A autora propõe uma reflexão sobre a contribuição da obra de James Joyce à construção teórico-clínica de Jacques Lacan a partir da análise de seu texto "Joyce, o Sinthoma". O foco deste texto está sobre a relação entre o modo criativo literário de Joyce e as articulações de Lacan ao abordar seu conceito de la-língua
RESUMO
O que é a interpretação psicanalítica? Tentar responder esta questão é a tarefa a que me dediquei neste texto. Seria possível destrinchar esse conceito? Mas já no título mesmo, algo da interpretação analítica se revela: uma operação significante, a "intrusão significante" de que deve ser capaz o analista, nos aponta Lacan, para atingir o que está fora do sentido. Partindo de lalíngua e, portanto, da constituição do sujeito com a escrita do texto inconsciente, tentarei demonstrar que na lalíngua própria de cada um se enodam os significantes que marcaram aquele sujeito em particular com o gozo por ele experimentado: a palavra encarnada. São estes significantes que a escuta da associação livre deve colher. Por meio de alguns fragmentos clínicos tentarei demonstrar a operação do analista que aconteceu ali, provocando um corte no sentido e forçando, consequentemente, outra escrita.(AU)
RESUMO
Partindo do problema que Márquez se coloca sobre a origem de seu estilo de escritor, acompanhamos o autor em suas respostas para constatar no seu relato um processo de mudanças subjetivas proporcionado pela eleboração de suas lembranças pela escrita. Reconhecemos um movimento de báscula que Márquez produz em seus textos entre o jornalismo e o fantástico e, em seguida, trazemos à baila os conceitos de fantasia e tiquê para evidenciar as complexidades da relação do sujeito com a realidade. Daí discutimos a abordagem que o autor faz de temas como sonhos, falsas lembranças, sexualidade e morte e, sob o crivo do conceito de lalíngua, analisamos um tema recorrente nos seus romances: a transmissão da solidão entre gerações. Por fim, situamos nesse âmbito o cerne das mudanças desencadeadas por sua escrita.(AU)
Starting from the problem formulated by Márquez about the origin of his style as writer, we follow the author on his answers and we recognize is his repport a process of subjective changes provided by the transformation of their memories by writing. We testify amovement of weighbridge between journalism and fantastic in his books and, therefore, we use the concepts of fantasy and tichê to discuss the complexities of the subject's relationships to reality.We argue the way that the author deals with topics like dreams, false memories, sexuality and death and, under the scrutiny of the concept of lalangue, we analyze a recurring theme in the novels of the author: the intergenerational transmission of solitude. Finally, we situate in the transformations of this solitude the core of the changes triggered by his writing.(AU)
RESUMO
Nesse artigo o autor interroga as condições da enunciação da resposta do analista chamada classicamente de interpretação, cujo termo advém de campos tão díspares. Inicialmente como oráculo, que toma a via do signo e do enigma, correndo o risco de ser tomada como vaticínio e também como fora-do-discurso das psicoses, que toma o sentido paranoico como sua via por excelência, portanto avessa à ética da psicanálise por referir-se a uma significação pré-estabelecida. Para sair do embaraço de nomear o dizer do analista com esse termo, o autor lembra que Freud indicava o caminho trilhado pelo artista, ou seja, o da interpretação musical ou teatral, justificando ao longo do texto a escolha da sua trilha pelo inconsciente musical de lalíngua e a mise-en-acte do analista.(AU)
In this article the author questions the conditions of enunciation of the analysts answer classically called interpretation, whose term originates from diverse fields. Oracle at first, it follows theway of the sign and the enigma, running the risk of being taken as prophecy and also as out of the discourse of the psychoses, which takes the paranoid sense as its route par excellence,thus resistant to the ethics of psychoanalysis for referring to apre-established signification. To get out of the embarrassing situation of labeling the saying of the analyst with such a term, the author recalls that Freud would point to the path followed by the artist, in other words, that of musical or theatrical interpretation, justifying along the text the choice for his path by the musical unconscious of lalingua and the mise-en-actedo analyst.(AU)
RESUMO
Neste artigo, a autora interessa-se, assim como Freud e Lacan, pelo processo criativo e a relação entre a psicanálise e a arte. Freud, ao longo de sua elaboração da teoria psicanalítica, atribuiu diferentes conotações ao conceito de sublimação. Na esteira freudiana, Lacan também foi pródigo na produção de conotações para o termo sublimação. Após nos levar por ambos os percursos, a autora trabalha a arte-sinthoma como gozo de letra a partir da relação artística de James Joyce, ilustrada, sobretudo,com fragmentos de sua obra Um retrato do artista quando jovem, tendo em vista que Joyce conduziu Lacan a ampliar conceitos fundamentais da psicanálise: o inconsciente, o Nome-do-Pai e o sinthoma.(AU)
Assuntos
HumanosRESUMO
A questão do corpo na psicanálise entranha uma complexidadeque perpassa todo o ensino de Lacan. Portanto, ao percorrermos cada uma das fases de prevalência dedeterminado registro (Real, Simbólico e Imaginário), devemos também enlaçar estas elaborações com as precedentese com as que Lacan irá avançar ao longo de seu ensino. É o que tentaremos fazer neste trabalho, partindodo corpo imaginário, passando pelo corpo simbólico até chegar ao corpo no real (o real da estrutura),com as últimas elaborações de Lacan. Ou seja, ao final de seu ensino o corpo adquirirá seu verdadeiro estatuto paraa psicanálise: um enodamento das consistências Real, Simbólico e Imaginário, o que trará profundas modificações, tanto teóricas quanto para a clínica psicanalítica.(AU)
Assuntos
HumanosRESUMO
Nosso objetivo é de articular a clínica psicanalítica com a topologia lacaniana, tomando como referência o nóborromeano, amplamente trabalhado por Jacques Lacan nos últimos anos do seu ensino. A pesquisa sobre o objetoa, separador dos gozos que enodam os registros real, simbólico e imaginário, nos permite diferenciá-lo à luzde uma vinheta clínica. As articulações sobre lalíngua possibilitam dar ênfase à interpretação como equívoco, diferenciando o sentido e o nonsense. A elaboração possível dos gozos e sua dimensão ética, a qual equivale adizer das incidências no campo do desejo, eis o que está em questão nesse texto.(AU)
Assuntos
HumanosRESUMO
O corpo humano é sede de lalíngua, é um corpo falante.Este ensaio visa demonstrar que o corpo é morada de lalíngua, a partir da retomada de Lacan sobre a questãodo corpo nos anos 1970 e sua nova definição do Inconsciente, o saber inscrito na lalíngua. Destarte, o corpo doser falante é aquele que está preso e determinado pelos significantes da língua materna que se depositaram paraaquele sujeito. É a letra, como elemento da lalíngua, que se corporifica no sinthoma como um acontecimento docorpo.(AU)