RESUMO
Objetivos: Gosserrelina é indicada para mulheres com leiomioma, por reduzir o risco associado às complicações clínicas. Este trabalho realizou uma análise de custo-utilidade comparando o uso e o não uso de gosserrelina em pacientes com leiomioma sob a perspectiva do Sistema Único de Saúde. Métodos: Um modelo de árvore de decisão foi estruturado para reproduzir o impacto clínico e econômico do uso de gosserrelina antes da miomectomia, cujo comparador seria o não uso de gosserrelina em pacientes elegíveis. Foram considerados: custos médicos diretos e eventos clínicos como complicações intra-hospitalares e tempo de internação. A razão de custo-utilidade incremental é representada pelo custo incremental da gosserrelina por anos de vida ajustado pela qualidade (QALY). Resultados: Em um cenário em que o acesso à gosserrelina é de 51% das pacientes, o custo incremental foi de R$ 629,08. Pacientes no grupo gosserrelina apresentaram um incremento de 0,0261 no QALY. A razão de custo-utilidade incremental foi de R$ 24.019,26 por QALY, ficando abaixo do limiar adotado pelo Ministério da Saúde. Ao variar o percentual de pacientes que recebem gosserrelina para 80% antes de um procedimento cirúrgico, houve um aumento de QALY para 0,5013, reduzindo custos de complicações e a razão de custo-utilidade incremental para R$ 10.581,07 por QALY. No cenário em que 100% das pacientes utilizam gosserrelina, há um aumento de QALY para 0,8290, reduzindo custos de complicações e a razão de custo-utilidade incremental para R$ 10.288,28 por QALY. Conclusão: O uso de gosserrelina possui custo-utilidade favorável, considerando os parâmetros utilizados nesta modelagem econômica. Quando o acesso à gosserrelina é maior, há um decremento expressivo no custo por QALY.
Objectives: Goserelin is indicated for women with leiomyoma to reduce the risk associated with clinical complications. This study conducted a cost-utility analysis comparing the use and non-use of goserelin in patients with leiomyoma from the perspective of the Brazilian Unified Health System. Methods: A decision tree model was structured to reproduce the clinical and economic impact of using goserelin before myomectomy, compared to not using it in eligible patients. Direct medical costs and clinical events such as in-hospital complications and length of stay were considered. The incremental cost-utility ratio is represented by the incremental cost of goserelin per quality-adjusted life year (QALY). Results: In a scenario where access to goserelin is 51% of patients, the incremental cost was R$ 629.08. Patients in the goserelin group showed an increase of 0.0261 in QALY. The incremental cost-utility ratio was R$ 24,019.26 per QALY, below the threshold adopted by the Ministry of Health. When the percentage of patients receiving goserelin was increased to 80% before surgery, there was an increase in QALY to 0.5013, reducing complication costs and the incremental cost-utility ratio to R$ 10,581.07 per QALY. In the scenario where 100% of patients use goserelin, QALY increased to 0.8290, reducing complication costs and the incremental cost-utility ratio to R$ 10,288.28 per QALY. Conclusions: The use of goserelin has a favorable cost utility, considering the parameters used in this economic modeling. When access to goserelin is higher, there is a significant decrease in the cost per QALY.
Assuntos
Análise Custo-Benefício , Gosserrelina , LeiomiomaRESUMO
Nas células musculares lisas atípicas características da linfangioleiomiomatose (LAM) encontram-se receptores de estrogênio e progesterona, de modo que o tratamento anti-hormonal pode ser considerado uma opção, mas ainda com resultados controversos. O objetivo deste trabalho foi avaliar retrospectivamente parâmetros hormonais e espirométricos em nove mulheres com LAM após o tratamento com goserelina por um ano. Houve um aumento médio de 80 mL e 130 mL, respectivamente, em VEF1 e CVF, assim como bloqueio hormonal efetivo. Ainda não se pode excluir um potencial efeito favorável da utilização de análogos de hormônio liberador de gonadotrofina em pacientes com LAM, reforçando a necessidade de ensaios randomizados.
In the atypical smooth muscle cells that are characteristic of lymphangioleiomyomatosis (LAM), there are estrogen and progesterone receptors. Therefore, anti-hormonal therapy, despite having produced controversial results, can be considered a treatment option. The objective of this retrospective study was to evaluate hormonal and spirometric data for nine women with LAM after one year of treatment with goserelin. The mean increase in FEV1 and FVC was 80 mL and 130 mL, respectively. There was effective blockage of the hormonal axis. It is still not possible to exclude a potential beneficial effect of the use of gonadotropin-releasing hormone analogues in LAM patients, which underscores the need for randomized trials.