RESUMO
O sofrimento e a morte são ocorrências naturais da vida humana com as quais todo médico se depara com frequência em sua atividade prática. Paradoxalmente, dentro do modelo predominante de ensino e prática da Medicina não se dedica a devida atenção a tais temas. Levando-se em conta a necessidade de formar seus residentes em Cuidados Paliativos, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família (SOBRAMFA) criou em parceria com o Departamento de Oncologia da Escola de Medicina do ABC, um Ambulatório Didático de Cuidados Paliativos (ADCP) especialmente dirigido aos seus residentes de primeiro ano, e eventualmente frequentado por estudantes de medicina. Tratava-se de uma clínica gratuita com atendimento semanal a pacientes considerados fora de possibilidades terapêuticas. Os autores atuaram como observadores participantes durante todo o tempo de duração do ADCP e foram anotando em um diário o que fosse relevante em relação ao aprendizado de estudantes e residentes. Foram destacados os seguintes aspectos: o paciente como foco de atendimento, relacionamento com as famílias, contato com a morte. O conhecimento técnico transmitido aliado à criação de um ambiente propício à reflexão fez do ADCP um cenário ímpar de educação médica. Acreditamos que atividades didáticas em cenários destinados à prática de Cuidados Paliativos, em ambulatórios, hospices, homecare e hospitais, deveriam estar presentes em todas as escolas e residências médica.