RESUMO
O principal intuito do presente artigo é questionar uma tendência estrutural de nosso modo tradicional de compreensão do problema da negatividade. Se considerarmos a reação imediata à afirmação de que a existência se caracteriza exatamente como uma indeterminação ontológica radical, não é incomum perceber a dificuldade de assumir essa afirmação sem uma certa sensação de que inviabiliza por completo a própria existência, caso não seja contrabalanceada por alguma dimensão de soterramento da nadidade, de pavimentação da negatividade. Tal dificuldade repercute sobre os modos mais imediatos de lidar com o sofrimento existencial e mesmo de pensar o foco mais essencial das terapias em geral. Na medida em que questionamos esses modos e seus pressupostos mais imediatos, o que buscamos aqui é antes de tudo investigar até que ponto o problema mais intrínseco do sofrimento reside precisamente na carga imensa que provém justamente da tentativa de fugir dele. Heidegger é, nesse contexto, nosso parceiro mais próximo de diálogo, assim como a metáfora da ponte e do farol que nos guia incessantemente em nosso caminho.
The central aim of the present article is to put in question a structural tendency of our tradition of understanding the problem of negativity. If we consider the immediate reaction to the assertion that existence characterizes itself exactly through a very ontological indeterminacy, it is not uncommon to perceive how hard is to embrace this assertion without a sensation that it makes impossible the own existence, if it is not counterbalanced by any kind of attenuation to such a nothingness, of paving negativity. Such difficulty resonates over the main ways to cope with existential suffering and even of thinking the most essential focus of therapies in general. Putting in question these ways of thinking and their presupposes, we are trying over all to investigate if suffering itself has its basis in the extraordinary weight arousing from the proper attempt to avoid suffering. Heidegger is, in this context, our closer partner of dialog, such as the metaphors of the bridge and the lighthouse which guide us in our path.
RESUMO
Resumen El alivio del sufrimiento existencial en los pacientes oncológicos en estadio avanzado es un objetivo terapéutico de primer orden. En el presente trabajo se sugieren una serie de ejes sobre los cuales podría pivotar la intervención psicoterapéutica, con el fin de propiciar: 1) la experiencia de que a pesar del "ya" de la situación límite, la vida "todavía" tiene sentido; 2) experiencias emocionales positivas que promuevan el bienestar y la calidad de vida; 3) el afrontamiento de la experiencia de enfermedad grave y de muerte esperada más o menos inminente, mediante el desarrollo de una actitud serena, reconciliada con la vida e integradora con uno mismo y con los demás, a la par que abierta a la trascendencia.
Abstract The relief of existential suffering in the patients with adavanced cancer is a first-order therapeutic goal. The present work suggests some axis on which psychotherapeutic intervention could be developed, in order to facilitate in these patients: 1) The experience of: In spite of the "existing" limited situation, one's life "still" has meaning, 2) Positive emotional experiences that promote well-being and quality of life, and 3) Face the serious illness that will cause one's almost imminent death, through the development of a serene, reconciled attitude with life and integrating with oneself and the others.
Resumo O alívio do sofrimento existencial em pacientes oncológicos em estágio avançado é um objetivo terapêutico de primeira ordem. No presente trabalho, sugerimos uma série de eixos nos quais a intervenção psicoterapêutica poderia girar, a fim de promover: 1) a experiência de que, apesar do "já" da situação limite, a vida "ainda" faz sentido; 2) experiências emocionais positivas, que promovam bem-estar e qualidade de vida; 3) enfrentar a experiência de doença grave e morte esperada mais ou menos iminente, através do desenvolvimento de uma atitude serena, conciliada com a vida e integrando-se consigo mesmo e com os outros, ao mesmo tempo que aberta à transcendência.
Assuntos
Humanos , Cuidados Paliativos , Pacientes , Qualidade de Vida , Adaptação Psicológica , NeoplasiasRESUMO
Este artigo apresenta as transformações no processo de constituição da saúde mental e suas aproximações e distanciamentos com a Saúde Coletiva no Brasil, em especial entre os movimentos das reformas psiquiátrica e sanitária. Analisando os paradoxos, lacunas, impasses, desafios e perspectivas da construção da autonomia do sujeito em situação de sofrimento grave, discute como as dificuldades encontradas na desinstitucionalização psiquiátrica entrelaçamse em campos de consonância e conflito. Nesse contexto, torna-se fundamental a desconstrução e desnaturalização das perspectivas epistemológicas dificultadoras da autonomia do sujeito, cabendo resgatar importantes influências do pensamento fenomenológico que percorreram o processo de reforma psiquiátrica e continuam a se fazer ouvir na consideração da totalidade da existência dos sujeitos e no questionamento do determinismo sobre a subjetividade. A articulação de propostas de problematização e reinvenção das relações humanas nos dispositivos substitutivos permitem a crítica a uma miscigenação das concepções manicomiais nos próprios serviços de saúde mental.
This article presents the transformations in the mental health constitution process and their approximations and distancing with the collective health in Brazil, specially between the Psychiatric and sanitary reform movements. Analyzing the paradoxes, gaps, impasses, challenges and perspectives of the subject autonomy construction in a grave suffering situation, discuss how the difficulties found in the psychiatric deinstitutionalization intertwine themselves on consonance and conflict fields. In this context, it becomes fundamental the deconstruction and denaturalization of the epistemological perspective that difficult the subject's autonomy, fitting to rescue important influences of the phenomenological thought that went through the psychiatric reform process and are still making themselves to be listened in the consideration of the subjects existence totality and in the questioning of the determinism over the subjectivity. The proposals articulation of the human relations questioning and reinvention in the substitutive devices allows the critic to the manicomials conceptions miscegenation in the same mental health services.
Este artículo presenta los cambios en la constitución del proceso de salud mental y sus similitudes y diferencias con la salud pública en Brasil, especialmente entre los movimientos de la reforma psiquiátrica y la reforma sanitaria. El análisis de las paradojas, las lagunas, callejones sin salida, retos y perspectivas de la construcción de la autonomía de la persona en situación de peligro grave, discute cómo las dificultades encontradas en entrelazar desinstitucionalización psiquiátrica en campos de las líneas y los conflictos. En este contexto, es esencial para deconstruir y desnaturalizar causan dificultades perspectivas epistemológicas de la autonomía del sujeto, dejando de rescate influencias importantes del pensamiento fenomenológico que pasaron por el proceso de reforma psiquiátrica y continuar con el conocimiento en consideración de la totalidad de la existencia de los sujetos y cuestión del determinismo sobre la subjetividad. El interrogatorio conjunto de propuestas y reinvención de las relaciones humanas en los dispositivos sustitutivos permitió la crítica a un mestizaje de los conceptos de los manicomios en los propios servicios de salud mental.