RESUMO
Resumo Como um homem branco pode falar sobre questões minoritárias? Sustento que a epistemologia dos saberes situados não diz respeito somente à perspectiva dos grupos minoritários e não silencia vozes majoritárias. Na verdade, não requer confissões, mas um pensamento crítico formulado em primeira pessoa. Procurando evitar o que Donna Haraway chamou de "truque de deus", inicio o artigo discutindo a rejeição francesa dos estudos de gênero e dos estudos críticos sobre raça, situando-a no contexto de uma reação internacional. A reflexão de Joan W. Scott em torno do que ela nomeou de paradoxo minoritário (falar como mulher para não ser tratada como tal) nos ajuda então a conceitualizar o que chamo aqui de paradoxo majoritário: falar sobre questões minoritárias desde uma posição majoritária sem, entretanto, falar pelos sujeitos minoritários. Enfrentando seriamente o paradoxo majoritário formula-se então a posição de insider without, simetricamente oposta à que Patricia Hill Collins chamou de outsider within. Ser por essa razão tratado como traidor apenas revela um certo tipo de política identitária majoritária. Resistir a tal identificação pode ser assim produtivo.
Resumen ¿Cómo puede un hombre blanco hablar de cuestiones minoritarias? Sostengo que la epistemología del conocimiento situado no sólo se refiere a la perspectiva de los grupos minoritarios y no silencia las voces mayoritarias. De hecho, no requiere confesiones, sino un pensamiento crítico formulado en primera persona. Tratando de evitar lo que Donna Haraway denominó "truco de dios", empiezo por discutir el rechazo francés a los estudios de género y los estudios críticos sobre raza, situándolo en el contexto de una reacción internacional. La reflexión de Joan W. Scott sobre lo que llamó una paradoja minoritaria (hablar como una mujer para no ser tratada como tal) nos ayuda a conceptualizar lo que llamaré una paradoja mayoritaria: hablar de temas minoritarios desde una posición mayoritaria, aunque sin hacerlo en lugar de los sujetos minoritarios. Enfrentando seriamente la paradoja mayoritaria, formulo la posición de insider without, simétricamente opuesta a lo que Patricia Hill Collins llamó outsider within. Ser por esta razón tratado como un traidor sólo revela un cierto tipo de política identitaria mayoritaria. Resistirse a tal identificación puede ser entonces productivo.
Abstract How can one speak about minority issues as a White man? Standpoint epistemology is not just for minorities, and it does not silence majority voices. Indeed, what is required is not a confession; rather, critical thinking in the first person. In order to avoid Donna Haraway's "god trick", I start from the French rejection of gender and critical race studies situated in an international context of reaction. Joan W. Scott's feminist (and minority) paradox (speaking up as a woman, in order not to be treated as one) then helps conceptualize what I call the majority paradox: speaking up, from a majority position, about minority issues, without speaking for minorities. Taking seriously this majority paradox creates a position that is symmetrical to Patricia Hill Collins' "outsider within": the insider without. Being called a traitor as a result only reveals a kind of majority identity politics. Resisting this identification can thus be productive.
Assuntos
Humanos , Poder Psicológico , Grupos Raciais , Ativismo Político , Identidade de Gênero , Grupos MinoritáriosRESUMO
En este artículo se describen algunas de las dificultades presentadas cuando se postulan, para su evaluación y aval de parte del comité de ética, proyectos de investigación de áreas del conocimiento con lenguajes y lógicas que se alejan de la investigación clínica. Se presentan dos casos, cuyos objetos de conocimiento tienen epistemologías disímiles a los que usualmente se deliberan en estas instancias. El primero trata de una instalación de arte que permitió el estudio del vínculo afectivo entre seres humanos y ratones de laboratorio. Se analizan las solicitudes puntuales de parte del comité de ética y las respuestas emitidas por la artista para obtener su aprobación. El segundo consiste en la introducción de la planta invasora Tá m ar i x spp en el ecosistema ribereño de los Estados Unidos, convirtiéndose en el sitio de anidamiento del ave atrapamoscas Empidonax trailii extimus en peligro de extinción. Este fenómeno suscitó cuestiones éticas desafiantes para los restauradores ecológicos en su búsqueda por el significado de lo natural. Se concluye que los comités de ética podrían acoger la perspectiva de los conocimientos situados de Donna Haraway y la teoría del actor-red de Bruno Latour, que sugieren que, en el afán de alcanzar una universalidad, la ciencia ha tendido a buscar una estandarización reduccionista de la diversidad de significados.
This article describes some of the difficulties when a research project pertaining to knowledge areas with languages and logics that are distant from clinical research is submitted to an ethics committee for its evaluation and approval. Two cases, with different knowledge object epistemologies to the ones usually deliberated in those instances are presented. The first case deals with an art installation that allowed the study of the link of affection between human beings and lab mice. The ethics committee's punctual requests and the answers given by the artist are analyzed in order to get its approval. The second case describes the introduction of the invasive species plant Tamarix spp in the riparian ecosystem of the United States, becoming the nesting site of an endangered flycatcher bird Empidonax trailii extimus. This phenomenon prompted challenging ethics issues for the ecological restorationists in their search for the meaning of the natural. The authors conclude ethics committees should welcome Donna Haraway's situated knowledges perspective and Bruno Latour's actor-network theory suggesting that in the pursue of reaching a universality, science has tended to standardize diverse meanings in a reductionist way.
Este artigo descreve algumas das dificuldades apresentadas quando elas são postuladas, para avaliação e aprovação por parte do comitê de ética, projetos de pesquisa nas áreas de conhecimento com linguagens e lógicas que se desviam da pesquisa clínica. Apresentamos dois casos, cujos objetos de conhecimento têm diferentes epistemologias que são geralmente discutidas nestes casos. A primeira é uma instalação de arte que permitiu o estudo sobre o vínculo emocional entre os seres humanos e ratos. Analisa solicitações de parte específica do Comitê de ética e as respostas emitidas pelo artista para aprovação. A segunda é a introdução da planta invasora Tamarix spp no ecossistema costeiro dos Estados Unidos, tornando-se o lugar da nidificação da ave papa-moscas Empidonax trailii extimus em perigo de extinção. Este fenômeno suscitou questões éticas desafiadoras para os restauradores de ecossistemas em sua busca pelo significado do natural. Conclui-se que os comitês de ética poderiam adoptar a perspectiva de conhecimento situado de Donna Haraway e a teoria ator-rede de Bruno Latour, que sugerem que, no esforço para atingir a universalidade, a ciência tem tendido a procurar uma padronização reducionista da diversidade do significados.