RESUMO
Introdução: Pacientes críticos podem apresentar evolução prolongada e complicada, com respostas metabólicas intensas, e que são, geralmente, caracterizadas por hipermetabolismo e catabolismo proteico. Durante a fase aguda da sua doença, esses pacientes também estão expostos à subalimentação e a balanços energéticos negativos, decorrentes da insuficiente administração de alimentação enteral, o que favorece o desenvolvimento de desnutrição progressiva. O objetivo deste estudo foi verificar a adequação energética de pacientes críticos, em uso de nutrição enteral, por meio da comparação entre as calorias estimadas pelo nutricionista e as efetivamente administradas pela equipe assistencial. Método: Estudo de coorte, no qual os pacientes foram acompanhados, durante a internação nas áreas 2 e 4 (áreas clínicas) da UTI do Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), Porto Alegre/RS, para verificação do balanço energético e adequação da oferta calórica. Resultados: Foram avaliados 111 pacientes, com idade média de 61,39 ± 16,65 anos, sendo 55,4% do sexo masculino. O valor energético estimado (1129,97 ± 437,73 kcal) foi maior do que o valor energético administrado (885,83 ± 428,85 kcal) (p<0,001). Tempo de internação na UTI esteve inversamente associado com o balanço energético (R² = -0,653; p<0,001). Tempo de internação na UTI esteve diretamente associado com adequação da oferta calórica (R² = 0,280; p<0,001). O principal motivo que ocasionou déficit energético foi prescrição médica com volume de dieta menor do que o estimado pelos nutricionistas (57,1%) Conclusão: Foi observada inadequação na oferta energética, sendo a prescrição médica de volume abaixo do estimado a principal causa para o déficit energético; ainda, o balanço energético negativo esteve associado com maior tempo de permanência na UTI