RESUMO
OBJETIVO: Analisar os fatores associados à percepção negativa de saúde em idosos brasileiros. MÉTODOS: Estudo de base populacional com delineamento transversal realizado no ano de 2009, em três cidades do Brasil. A amostra estratificada de forma aleatória simples foi composta de 909 adultos de 60 a 91 anos. Na identificação dos fatores associados com a percepção negativa de saúde (PNS), foi realizada análise bruta e mutivariável por estimativas das Razões de Prevalência (RP), por meio da regressão de Poisson; p < 0.05. RESULTADOS: A prevalência para PNS foi de 49,6 por cento, e após análise multivariada foi observado associação para os homens com o aumento da idade RP = 1,03 (IC = 1,01 - 1,06), risco de desnutrição RP = 1,66 (IC = 1,13 - 2,43) e incapacidade funcional RP = 1,79 (IC = 1,21-1,77). Para as mulheres, o uso superior a dois medicamentos RP = 1,41 (IC = 1,13 - 2,52), hipertensão arterial RP = 1,52 (IC = 1,43 - 1,97) e a incapacidade funcional RP = 1,36 (IC = 1,13 - 1,86). CONCLUSÕES: Quase a metade dos idosos possuem uma PNS, de maneira que ações preventivas de diminuição ao uso de medicamentos e comportamentos que favoreçam melhores condições nutricionais devem estar atreladas às políticas públicas à promoção da autonomia funcional e do bem-estar dos idosos.
OBJECTIVE: To analyze the factors associated with negative health perception in older Brazilians. METHODS: Population study of a cross-sectional sample, conducted in 2009 in three cities of Brazil. The stratified simple random sample consisted of 909 adults between 60 and 91 years of age. A gross and multivariate analysis by estimated prevalence rate (PR) using Poisson regression with calculation of adjusted prevalence ratios, p < 0.05 was performed to identify factors associated with negative perception of health (NPH). RESULTS: The prevalence of NPH was 49.6 percent. After the multivariate association, a certain association for men with older age PR = 1.03 (Cl = 1.01 to 1.06), risk of malnutrition PR = 1.66 (CI = 1.13 to 2.43) and disability PR = 1.79 (CI = 1.21 to 1.77) was observed. For women, the association was with taking more than two medications PR = 1.41 (CI = 1.13 to 2.52), hypertension PR = 1.52 (CI = 1.43 to 1.97) and functional disability PR = 1.36 (CI = 1.13 to 1.86). CONCLUSIONS: Nearly half of the elderly have NHP, therefore preventive actions that decrease drug use and encourage behaviors toward better nutritional conditions should be tied to public policies in order to promote the functional independence and well-being of the elderly.
Assuntos
Idoso , Idoso de 80 Anos ou mais , Feminino , Humanos , Masculino , Pessoa de Meia-Idade , Atitude Frente a Saúde , Autoavaliação Diagnóstica , Brasil , Estudos TransversaisRESUMO
OBJETIVO: Compreender os significados atribuídos à auto-avaliação da saúde do idoso. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Estudo qualitativo, realizado com 17 idosos (> 70 anos) de ambos os sexos residentes em Bambuí, MG, em 2008. Foi utilizada abordagem antropológica baseada no modelo de signos, significados e ações que relaciona ações individuais, códigos culturais e contexto macrossocial. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas centradas na auto-avaliação da saúde, descrição de saúde "boa" e saúde "ruim" e nos critérios utilizados pelos idosos na auto-avaliação da saúde. ANÁLISE DOS RESULTADOS: A idéia organizadora dos relatos vincula a autoavaliação da saúde do idoso às lógicas "participar da vida" e "ancoragem à vida". A primeira tem a autonomia como fio condutor, englobando as seguintes categorias: permanecer ativo dentro das capacidades funcionais instrumentais avançadas, ser dono da própria vida (como oposição a ser dependente), ser capaz de resolver problemas e poder agir como desejar. A segunda lógica unifica as seguintes categorias: capacidade de interação, estar engajado em relações significativas e poder contar com familiares, amigos ou vizinhos. CONCLUSÕES: A saúde é entendida pelos idosos como ter autonomia no exercício de competências funcionais demandadas pela sociedade, tais como capacidade de responder às obrigações familiares e capacidade de desempenhar papéis sociais. Ao definir sua saúde como boa ou razoável, o idoso não se caracteriza como pessoa livre de doenças, mas como sujeito capaz de agir sobre o ambiente.
OBJECTIVE: To understand the meanings attributed to self-assessment of health by the elderly. METHODS: Qualitative study performed with 17 elderly individuals (> 70 years of age) of both sexes, living in the city of Bambuí, Southeastern Brazil, in 2008. An anthropological approach based on the model of signs, meanings and actions, which associates individual actions, cultural codes and the macro-social context, was used. Semi-structured interviews were conducted, focusing on self-assessment of health, description of health as "good" and "poor" and the criteria used by the elderly to rate their own health. ANALYSIS OF RESULTS: The idea organizing reports associates self-assessment of health by the elderly with the "participating in life" and "being anchored in life" logics. The first logic has autonomy as its basic line of thinking, including the following categories: remaining active within advanced instrumental and functional abilities, being in charge of one's life (as opposed to being dependent on others), being able to solve problems and acting at will. The second logic unites the following categories: being able to interact, being engaged in meaningful relationships and being able to rely on family members, friends and neighbors. CONCLUSIONS: Health is understood by the elderly as having autonomy in the exercise of functional abilities required by society, such as the ability to meet family obligations and the ability to perform social roles. By defining their health as good or fair, the elderly individual is not characterized as someone free from diseases, but rather able to act over the environment.