RESUMO
O objetivo deste artigo é apresentar como alguns tópicos centrais da fenomenologia se encontram na concepção agostiniana do espírito humano. Em particular, analisaremos os conceitos intenção ou atenção (intentio), de cogito e de reflexão em Agostinho. Como corpus de análise foi usada A Trindade, por se tratar de uma obra de maturidade do autor. Inicialmente, apresentamos o papel que a atenção joga na percepção, na retenção memorativa e na evocação dos conteúdos da memória. Em seguida, discutimos como Agostinho articula atenção e vontade na dinâmica do cogito. Posteriormente, buscamos apontar como a distinção agostiniana entre pensar em si e conhecer a si antecipa a discussão fenomenológica atual entre autoconsciência pré-reflexiva e consciência reflexiva. Finalmente, examinamos a maneira como Agostinho aborda o problema da possibilidade da reflexão, como fonte epistêmica do conhecimento de si.
The aim of this article is to present how some central topics of phenomenology are found in the Augustinian conception of the human spirit. In particular, we will analyze the concepts of intention or attention (intentio), cogito and reflection in Augustine. As a corpus of analysis, the Trinity was used. Initially, we present the role that attention plays in the perception, in the memory retention and in the evocation of the contents of memory. Next, we discuss how Augustine articulates attention and will in the cogito dynamics. Subsequently, we seek to point out the Augustinian distinction between thinking about oneself and knowing oneself anticipates the current phenomenological discussion between pre-reflective self-consciousness and reflective consciousness. Finally, we examine the way Augustine addresses the problem of the possibility of reflection, as an epistemic source of self-knowledge.
El objetivo de este artículo es presentar como algunos tópicos centrales de la fenomenología se encuentran en la concepción agustiniana del espíritu humano. En particular, analizaremos los conceptos intención o atención (intentio), de reflexión y reflexión en Agustín. Como corpus de análisis fue usada La Trinidad, por tratarse de una obra de madurez del autor. Inicialmente, presentamos el papel que la atención juega en la percepción, en la retención memorial y en la evocación de los contenidos de la memoria. A continuación, discutimos cómo Agustín articula atención y voluntad en la dinámica del cogito. Posteriormente, buscamos apuntar cómo la distinción agustina entre pensar en sí y conocer a sí anticipa la discusión fenomenológica actual entre autoconciencia pre-reflexiva y conciencia reflexiva. Finalmente, examinamos la manera como Agustín aborda el problema de la posibilidad de la reflexión, como fuente epistémica del conocimiento de sí.
Assuntos
MetafísicaRESUMO
O objetivo do artigo é evidenciar traços da concepção agostiniana de temporalidade presentes em obras de autores da cultura brasileira colonial. O estudo, desenvolvido na perspectiva da história dos saberes psicológicos, propõe uma resenha à luz do tema agostiniano da temporalidade dos textos dos autores escolhidos para análise: Antônio Vieira, Alexandre de Gusmão e Nuno Marques Pereira. Neles, a análise evidencia a presença das quatro dimensões agostinianas da temporalidade: a diferença entre tempo e eternidade; o tempo psicológico; o tempo moral e o tempo histórico. Evidencia também a relação entre a noção de temporalidade e o dinamismo pessoal. Fica clara, portanto, a presença de aspectos do pensamento de Agostinho na concepção da temporalidade dos referidos autores.
This paper aims to investigate aspects of the temporality conception of Augustine of Hippo in the works of authors in the colonial Brazilian culture. The study, conducted from the perspective of history of psychological knowledge, proposes a review, in the light of the Augustinian theme, concerning the temporality of the authors of the texts chosen for analysis: Antônio Vieira, Alexandre de Gusmão and Nuno Marques Pereira. In these, the analysis shows the presence of four dimensions of Augustinian temporality: the difference between time and eternity; psychological time; moral time and historical time. It also shows the relationship between the notion of temporality and personal dynamism. Therefore, it showed aspects of Augustine's thought in the conception of the temporality of these authors.
Assuntos
Humanos , Cultura , Colonialismo/história , TempoRESUMO
O objetivo do artigo é evidenciar traços da concepção agostiniana de temporalidade presentes em obras de autores da cultura brasileira colonial. O estudo, desenvolvido na perspectiva da história dos saberes psicológicos, propõe uma resenha à luz do tema agostiniano da temporalidade dos textos dos autores escolhidos para análise: Antônio Vieira, Alexandre de Gusmão e Nuno Marques Pereira. Neles, a análise evidencia a presença das quatro dimensões agostinianas da temporalidade: a diferença entre tempo e eternidade; o tempo psicológico; o tempo moral e o tempo histórico. Evidencia também a relação entre a noção de temporalidade e o dinamismo pessoal. Fica clara, portanto, a presença de aspectos do pensamento de Agostinho na concepção da temporalidade dos referidos autores.(AU)
This paper aims to investigate aspects of the temporality conception of Augustine of Hippo in the works of authors in the colonial Brazilian culture. The study, conducted from the perspective of history of psychological knowledge, proposes a review, in the light of the Augustinian theme, concerning the temporality of the authors of the texts chosen for analysis: Antônio Vieira, Alexandre de Gusmão and Nuno Marques Pereira. In these, the analysis shows the presence of four dimensions of Augustinian temporality: the difference between time and eternity; psychological time; moral time and historical time. It also shows the relationship between the notion of temporality and personal dynamism. Therefore, it showed aspects of Augustine's thought in the conception of the temporality of these authors.(AU)
Assuntos
Tempo , Cultura , Colonialismo/históriaRESUMO
O artigo aborda o tema da memória como proposto num sermão de Vieira (1654), buscando reconstruir as matrizes conceituais (a concepção de memória de Agostinho e de Bernardo) e práticas (a tradição da ortopraxis desenvolvida nas comunidades monásticas na Idade Média). Para ambos, a memória é concebida como processo ativo e abrangente, intimamente associada à emoção e à imaginação: não apenas rememora, mas organiza experiências e conceitos segundo um esquema norteado por lugares e percursos, tornando-os disponíveis para a invenção e a construção cognitiva.
This article approaches the the me of memory as proposed in a sermon by Father Vieira (1654), where he reconstructs conceptual matrixes (St. Augustines and St.Bernards conceptions of memory) and practices (the orthopraxis tradition developedin monastic communities of the Middle Ages). For both thinkers, memory is conceivedas an active and comprehensive process and is intimately associated with emotion andimagination. It not only recalls; it also organizes experiences and concepts accordingto a scheme oriented by places and routes, making them available for invention andcognitive construction.
Cet article étudie le sujet de la mémoire tel comme articulé dans un sermon deVieira (1654), en cherchant de retracer les bases conceptuelles (la conception demémoire chez Augustin et chez Bernard) bien que la tradition des pratiques (latradition dorthopraxie développée dans les communautés monastiques du MoyenÂge). Selon ces deux auteurs, la mémoire est conçue comme processus actif et global,intimement associée à lémotion et à limagination: elle ne rappelle pas seulement, maisorganise aussi lexpérience et les concepts selon un schéma balisé par des lieux et desparcours en les rendant disponibles à linvention et à la construction cognitive.
Este artículo aborda el tema de la memoria, tal como fue propuesto en un sermónde Vieira (1654), buscando reconstruir sus matrices conceptuales (el concepto de memoria en Agustín y en Bernardo) y prácticas (la tradición de la ortopraxis,desarrollada por las comunidades monásticas de la Edad Media). Para ambos autoresla memoria es concebida como un proceso activo e abarcador, íntimamente asociadoa la emoción y la imaginación: no sólo rememora, sino que, además, organizaexperiencias y conceptos, según un esquema orientado por lugares y trayectos, lo quelos torna disponibles para la invención y la construcción cognitiva.