RESUMO
Este artigo aborda a relação materno-filial em meninas adolescentes com anorexia nervosa. O tema é tratado por meio de conceitos da psicopatologia psicanalítica na integração com aspectos da relação mãe e filha. A metodologia utilizada foi de um estudo de caso explanatório. Os sujeitos de pesquisa foram duas meninas anoréxicas e suas mães. As duplas de mãe e filha foram escolhidas ao acaso, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre e responderam a uma entrevista semi-estruturada. As categorias analisadas foram a configuração familiar, a dinâmica da relação materno-filial e o papel materno na construção da subjetividade da menina anoréxica. A partir da análise destas categorias, concluiu-se que as mães não permitiram que suas filhas se constituíssem enquanto sujeitos separados destas. O pai, por sua vez, também não exerce sua função paterna na relação familiar, permitindo que mãe e filha vivessem uma relação narcísica. Deste modo, a anorexia desenvolve-se como uma tentativa desesperada da menina na direção de tornar-se independente e criar um sentido de self diferente de sua mãe.