RESUMO
Introdução: A automedicação ocorre, em especial, por fatores sociais, econômicos e culturais, podendo refletir na eficácia do tratamento antibacteriano, devido à adaptação das bactérias aos antibióticos de primeira escolha. A resistência bacteriana é uma problemática mundial. Objetivo: Verificar a etiologia e o perfil de resistência de bactérias isoladas em uroculturas frente aos antibióticos comumente utilizados em um hospital no município de Macapá (AP), Brasil. Métodos: Trata-se de um estudo transversal com coleta de dados no sistema de registros cadastrais do Laboratório Central de Saúde Pública do Amapá, onde foram processadas as uroculturas oriundas do hospital-alvo deste estudo, no período de junho de 2016 a junho de 2018. Resultados: Os resultados demonstraram que, das 2.078 uroculturas, 289 (13,9%) eram positivas, sendo 55% de pacientes do sexo feminino. As infecções urinárias foram causadas, predominantemente, por enterobactérias Escherichia coli (50,4%) e Klebsiella pneumoniae (21%), sendo sensíveis ao meropenem e à amicacina, e respectivamente resistentes às quinolonas norfloxacina (63% e 66%) e ciprofloxacina (61% e 46,6%). Por outro lado, Staphylococcus aureus (1,4%) apresentou maior resistência à eritromicina (100%) e à oxacilina (50%). O Enterococcus faecalis (5%) foi mais resistente aos antibióticos ciprofloxacina, ampicilina e gentamicina, com 35,7%. Conclusão: Os uropatógenos foram mais frequentes no sexo feminino entre a faixa etária de 40 a 79 anos. Os microrganismos mais isolados foram as bactérias Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae, que apresentaram perfil de resistência às quinolonas norfloxacina e ciprofloxacina, o que foi associado ao frequente uso empírico destes fármacos no tratamento de infecções do trato urinário. Verificou-se a existência de bactérias como Burkholderia cepacia e Stenotrophomonas maltophillia, que, por serem resistentes à maioria dos fármacos clinicamente utilizados, representam preocupação especial para os pacientes em condições de imunodepressão.