RESUMO
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A pressão intra-abdominal (PIA) costuma se elevar em pacientes graves e deve ser monitorada considerando o risco de síndrome compartimental. A ventilação mecânica pode intensificar o aumento da PIA por transmissão da pressão intratorácica pelo diafragma. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito de valores mais elevados de pressão positiva no final da expiração (PEEP) sobre a PIA em pacientes com diagnóstico de hipertensão intra-abdominal. MÉTODO: Quinze pacientes com indicação para elevação dos níveis de PEEP e que apresentavam hipertensão intra-abdominal; a mensuração da PIA foi realizada por medida de pressão intravesical em cinco momentos distintos: pré e pós-bloqueio neuromuscular, pós-otimização da PEEP, após 6 horas e 12 horas da otimização. RESULTADOS: Foram avaliados 15 pacientes, sendo 33,3% (5) do sexo feminino e 66,7% (10) sexo masculino; com idade entre 20 e 89 anos. Sete pacientes (46,7%) em pós-operatório de cirurgia gastroenterológica, cinco (33,3%) vítimas de politraumatismo e três (20%) em pós-operatório de cirurgia de aorta. Considerando a classificação de Burch, 10 pacientes, apresentava hipertensão abdominal grau 1(10,4-15 mmHg); quatro com grau II (16-25 mmHg) e um com grau III (27,5 mmHg). A variação entre a PIA inicial e as quatro medidas seqüenciais após otimização da PEEP variaram entre 2 e 10 mmHg; esta comparação não se apresentou estatisticamente significativa, utilizando-se o teste Analise de Variância de Friedman com p igual 0,196, logo maior que 0,005. CONCLUSÃO: O incremento da PEEP não alterou de forma significativa os níveis de pressão intra-abdominal nas primeiras 12 horas pós sua otimização.