RESUMO
INTRODUÇÃO E/OU FUNDAMENTOS: A presença de bradicardia durante o repouso é um achado comum em atletas de alto rendimento. Entretanto a avaliação funcional clínica pura e simples não é sinal de um atleta saudável. No mesmo cenário episódios de síncope podem ocorrer em até 20% dos adolescentes com coração normal. A avaliação clínica pré-participação avalia atletas e esportistas, antes de iniciar atividades de moderada à alta intensidade, com o objetivo de identificar doenças cardiovasculares e a detectar precocemente doenças causadoras de morte súbita cardíaca que possam contraindicar a realização do mesmo. OBJETIVO: Descrever o caso de uma atleta adolescente com bradicardia em repouso e pré sincope com diagnóstico diferencial entre over training e espectro de BAV congênito. RELATO DO CASO: Paciente de 12 anos, sexo feminino, previamente hígida, atleta competitiva. Admitida em nosso serviço após episódios de pré sincope, sem fatores desencadeantes. Na admissão identificado bradicardia com estabilidade hemodinâmica, FC de 43 batimentos por minuto (bpm) e eletrocardiograma (ECG), com diagnóstico de ritmo juncional ativo. Realizado, teste ergométrico com ritmo juncional ativo e períodos de ritmo sinusal com wenckebach (no pico do esforço) e déficit cronotrópico. Teste cardiopulmonar máximo com VO2 pico = 48,5ml.kg, 131% do valor predito para a idade, com presença de distúrbio cardiocirculatório pelo cronotropismo deprimido e ritmo cardíaco basal. Presença associada de doença do nó sinusal e comprometimento da condução atrioventricular no espectro clinico de BAVT congênito. Excluído miocardite ativa, com sorologias negativas, cintilografia cardíaca com gálio e ressonância magnética de coração. Por fim, paciente mantendo estabilidade hemodinâmica sem novos sintomas. Orientamos a suspensão das atividades físicas competitivas e instalação de monitorização prolongada para indicação precoce de marcapasso. CONCLUSÕES: Conclusão: 1) A realização do ECG associado à avaliação clínica (a amnésia e exame físico) é extremamente importante na triagem pré-participação esportiva. 2) Existem alterações eletrocardiográficas no coração de atleta que são variantes da normalidade para a condição como BAV de segundo grau do tipo I (Wenckebach) no repouso mas não no esforço. 3) O descondicionamento físico e a monitorização clínica é eletrocardiográfica prolongada pode evidenciar novas nuances para manutenção do seguimento clínico e esportivo mas também auxilia na indicação adequada do marcapasso.
Assuntos
BradicardiaRESUMO
INTRODUÇAÌO: Hemitruncus, ou origem anoÌmala da arteÌria pulmonar direita na aorta ascendente, eÌ uma cardiopatia congeÌnita rara, frequentemente associada a outras malformaçoÌes cardiÌacas, mas que pode ocorrer de forma isolada. Caracteriza-se por sobrecarga de pressaÌo e volume direcionados ao pulmaÌo direito, que estaÌ conectado a aorta, gerando um hiperfluxo pulmonar, que por sua vez leva a insuficieÌncia cardiÌaca. A naÌo correçaÌo ciruÌrgica precoce tem pior prognoÌstico, gera vasoconstriçaÌo croÌnica da vasculatura pulmonar e hipertensaÌo arterial pulmonar fixa. RELATO DE CASO: Homem, 21 anos, encaminhado a serviço de cardiologia aos 11 anos de idade devido ausculta de sopro sistoÌlico em borda esternal alta aÌ direita, com B2 fisioloÌgica. Na ocasiaÌo, assintomaÌtico do ponto de vista cardiovascular, com eletrocardiograma que evidenciava sobrecarga de ventriÌculo direito, e radiografia de toÌrax com aumento de aÌrea cardiÌaca +/4+ e trama vascular pulmonar +/4+. Realizado ecocardiograma transtoraÌcico evidenciando origem da arteÌria pulmonar direita na aorta ascendente (Hemitruncus), comunicaçaÌo interatrial, persisteÌncia do canal arterial e hipertensaÌo pulmonar (PSVD 108mmHg). A angiotomografia do coracaÌo (figura 1) confirmou os achados descritos pelo ECO e o cateterismo diagnoÌstico demonstrou hipertensaÌo arterial pulmonar grave, sem resposta ao teste com vasodilatador pulmonar. Este paciente manteve seguimento clinico em ambulatoÌrio de hipertensaÌo pulmonar, e apresentou no decorrer dos anos surgimento de dispneia com piora progressiva, e teste cardiopulmonar com reduçaÌo gradual da capacidade funcional. DISCUSSAÌO: A origem anoÌmala de arteÌria pulmonar direita da aorta eÌ uma cardiopatia congeÌnita de hiperfluxo pulmonar, cuja histoÌria natural sem correçaÌo ciruÌrgica possui alta mortalidade e morbidade devido a insuficieÌncia cardiÌaca e a instalação de hipertensaÌo pulmonar fixa, portanto o diagnoÌstico precoce com correção cirúrgica é fundamental. O caso relatado evidencia essa necessidade de abordagem precoce, mostrando que mesmo com o diagnóstico sendo feito durante a infância (11 anos), o paciente já possuía hipertensão pulmonar fixa, contra indicando a correção cirúrgica e permanecendo apenas em tratamento clínico, sem possibilidade de tratamento curativo.