RESUMO
A melhora clínica da funçao cardíaca pós aneurismectomia de ventrículo esquerdo e/ou cardiomioplastia com o músculo grande dorsal parece ser, ao menos parcialmente, devida ao remodelamento do ventrículo esquerdo. Através de pesquisa em nosso laboratório experimental com carneiros, demonstramos que o aumento do diâmetro do ventrículo é mais importante que a perda de massa muscular para a deterioraçao da funçao ventricular. Sabendo-se que em miocardiopatia dilatada nao ocorre aumento de massa muscular, reduzimos o diâmetro do ventrículo para o normal, em uma série consecutiva de pacientes com esta lesao. No período de 1984 a 1995, foram operados com esta nova técnica, denominada, entao, "Ventriculectomia Parcial", lO3 pacientes portadores de miocardiopatias complexas e insuficiência cardíaca congestiva (NYHA IV). A operaçao é baseada na lei de Laplace (T=P.1l.D) e consistiu na remoçao de uma fatia de músculo da parede lateral do ventrículo esquerdo, iniciando-se na ponta deste, estendendo-se entre os músculos papilares e terminando próximo ao anel mitral. A cirurgia é realizada sob circulaçao extracorpórea normotérmica e nao se utiliza cardioplegia. Todos os pacientes foram avaliados pré-operatoriamente com ecodopplercardiografia e ventriculografia digital, os quais revelaram fraçao de ejeçao < 20 por cento, confirmando estes pacientes como candidatos ao transplante cardíaco. A maioria era do sexo masculino (n=73) e a idade variou de l9 a 74 anos. As doenças foram: miocardite a virus (n=l2); pós miocardioplastia (n=l); doença de Chagas (n=l5); doença valvar (n=38); doença isquêmica (n=l6); idiopática (n=21). Obitos hospitalares (ocorridos nos primeiros 30 dias da cirurgia) (n=l3): embolia pulmonar (n=4); insuficiência renal (n=5); sangramento (n=4). Obitos tardios (ocorridos depois do 30( dia de cirurgia) (n=lO): arritmia (n=6); "insuficiência cardíaca" (n=2); causa desconhecida (n=2); 8 pacientes precisaram ser reoperados por sangramento. Nao houve infecçao e nenhum paciente precisou balao intra-aórtico. Todos saíram com nitroprussiato e 19 pacientes, com inotrópicos. A ventriculografia e a ecocardiografia pós-op mostraram melhora acentuada da FE (de 100 por cento a 300 por cento). Em conclusao, a nova técnica "Ventriculectomia Parcial", com o objetivo de reduzir o diâmetro do ventrículo esquerdo, pode beneficiar pacientes em estágio final de cardiopatia dilatada. Este novo conceito pode, na nossa experiência, proporcionar ao paciente melhora clínica significativa e prolongamento de sua vida.
Assuntos
Feminino , Humanos , Idoso , Pessoa de Meia-Idade , Adulto , Cardiomiopatia Dilatada/cirurgia , Ventrículos do Coração/cirurgia , Função Ventricular , Ecocardiografia Doppler , Eletrocardiografia , Estudos Retrospectivos , Procedimentos Cirúrgicos OperatóriosRESUMO
No período de janeiro de 1990 a maio de 1995 foram operados com a técnica do auto transplante cardíaco 92 pacientes com cardiopatias complexas e arritmias supraventriculares, principalmente fibrilaçao atrial (n=89), reentrada(n=2),QT longo(n=l). O sexo feminino predominou (n=63). A idade variou de l8 a 76 anos (m=43). Os defeitos concomitantes foram: átrio esquerdo gigante (medido pelo ecocardiograma > 6 cm) (n=65); átrio direito gigante (n=9); átrio esquerdo aumentado (< 6 cm/>4 cm) (n=23); estenose mitral (n=46); insuficiência mitral (n=28); dupla lesao mitral (n=l6); estenose aórtica (n=l2); insuficiência aórtica (n=5); insuficiência tricúspide (n=78); trombose atrial (n=23); calcificaçao atrial (n=l2); hipertensao pulmonar (n=86); flbroelastose biventricular (n=3); rotura atrioventricular (pós-troca de valva mitral) (n=l); aneurisma da raiz aórtica (n=l); ventriculectomia parcial (n=8); 88 pacientes saíram do centro cirúrgico em ritmo sinusal e assim permaneceram; 6 precisaram de drogas inotrópicas e 3 de drogas antiarrítmicas. Todos os pacientes que apresentavam átrio esquerdo ou direito gigante com fibrilaçao atrial tiveram seus átrios reduzidos ao tamanho normal. Nao houve mortalidade operatória e 6 evoluíram a óbito hospitalar. Na reavaliaçao aos seis meses de pós-operatório, os sobreviventes estavam bem, em ritmo sinusal. A técnica do autotransplante cardíaco facilita o reparo intracardíaco, proporciona a reduçao atrial e conseqüente retorno do paciente ao ritmo sinusal e abre novas perspectivas.