RESUMO
INTRODUÇÃO: A organização de uma diretriz clínica é tarefa complexa, que necessariamente deve envolver planejamento prévio, coordenação apropriada, revisão aprofundada da literatura científica, com envolvimento de múltiplos profissionais da área da saúde com notório reconhecimento. A elaboração de uma diretriz clínica de insuficiência cardíaca é ainda mais difícil, por conta da complexidade da síndrome, da amplitude das evidências científicas que permeiam o tópico e do grande impacto que as recomendações propostas têm sobre os pacientes, a comunidade médica e a sociedade como um todo. No presente documento, o Departamento de Insuficiência Cardíaca (DEIC) da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) apresenta uma revisão e uma atualização detalhadas de sua Diretriz de Insuficiência Cardíaca Crônica. Os trabalhos se iniciaram em setembro de 2017, com a definição da Comissão Coordenadora, que estabeleceu prioridades, dividiu grupos de trabalho e definiu o cronograma das atividades. Os grupos de trabalho, compostos por três a cinco participantes, deram início a intensas discussões virtuais, que culminaram com a redação de tabelas preliminares, sendo posteriormente amplamente divulgadas e revisadas pelos 34 participantes da diretriz. As discussões finais foram realizadas em reunião presencial em março de 2018, com a participação de todos os colaboradores, nas quais as principais recomendações foram votadas individualmente. As decisões quanto à classe das recomendações foram definidas por maioria plena (concordância de mais de 75% dos participantes). As recomendações terapêuticas propostas no presente documento se embasam nas evidências científicas mais atuais, considerando não apenas aspectos de eficácia clínica demonstrados em grandes ensaios clínicos, mas também contextualizando seus achados para o cenário de saúde brasileiro e incorporando aspectos econômicos definidos em estudos de custo-efetividade. Buscamos sumarizar as principais recomendações em fluxogramas e algoritmos de fácil entendimento e grande aplicabilidade clínica, propondo abordagens para o diagnóstico e o tratamento da síndrome em formato moderno, atualizado e didático. Na última seção da diretriz, o que não podemos deixar de fazer e o que não devemos fazer no diagnóstico, prevenção e tratamento da síndrome foram sumarizados em apenas três tabelas. Em especial, destacamos seis intervenções que foram consideradas de alta prioridade, por apresentarem relações de custo-efetividade altamente favoráveis. Sobretudo, esperamos que a publicação deste documento possa auxiliar na redução das elevadas taxas de mortalidade que ainda estão associadas com a insuficiência cardíaca no Brasil, além de minimizar o cruel impacto que a síndrome causa na qualidade de vida de nossos pacientes. Acreditamos que esta diretriz apresenta, de forma hierarquizada, a linha mestra que deve nortear a prática clínica em diferentes níveis de atenção à saúde, permitindo reconhecimento precoce de pacientes em risco, diagnóstico apropriado e implementação de tratamento de forma escalonada, eficaz e coerente com nossa realidade.
Assuntos
Guia de Prática Clínica , Insuficiência CardíacaRESUMO
Fundamento: Discordâncias entre diagnóstico pre e post-mortem são relatadas na literatura, podendo variar de 4,1 a 49,8% dentre os casos encaminhados para exame necroscópico, com importante repercussão no tratamento dos pacientes. Objetivo: Analisar pacientes com óbito após o transplante cardíaco e confrontar os diagnósticos pre e post-mortem. Métodos: Por meio da revisão de prontuários, foram analisados dados clínicos, presença de comorbidades, esquema de imunossupressão, exames laboratoriais, causa clínica do óbito e causa do óbito à necrópsia. Foram confrontadas, então, a causa clínica e a causa necroscópica do óbito de cada paciente. Resultados: Foram analisados 48 óbitos submetidos à necrópsia no período de 2000 a 2010; 29 (60,4%) tiveram diagnósticos clínico e necroscópico concordantes, 16 (33,3%) tiveram diagnósticos discordantes e três (6,3%) tiveram diagnóstico não esclarecido. Entre os discordantes, 15 (31,3%) apresentaram possível impacto na sobrevida e um (2,1%) não apresentou impacto na sobrevida. O principal diagnóstico clínico feito equivocadamente foi o de infecção, com cinco casos (26,7% dos discordantes), seguido por rejeição hiperaguda, com quatro casos (20% dos discordantes), e tromboembolismo pulmonar, com três casos (13,3% dos discordantes). Conclusão: Discordâncias entre o diagnóstico clínico e achados da necrópsia são comumente encontradas no transplante cardíaco. Novas estratégias no aperfeiçoamento do diagnóstico clínico devem ser introduzidas, considerando-se os resultados da necrópsia para melhoria do tratamento da insuficiência cardíaca por meio do transplante cardíaco. .
Background: Discrepancies between pre and post-mortem diagnoses are reported in the literature, ranging from 4.1 to 49.8 % in cases referred for necropsy, with important impact on patient treatment. Objective: To analyze patients who died after cardiac transplantation and to compare the pre- and post-mortem diagnoses. Methods: Perform a review of medical records and analyze clinical data, comorbidities, immunosuppression regimen, laboratory tests, clinical cause of death and cause of death at the necropsy. Then, the clinical and necroscopic causes of death of each patient were compared. Results: 48 deaths undergoing necropsy were analyzed during 2000-2010; 29 (60.4 %) had concordant clinical and necroscopic diagnoses, 16 (33.3%) had discordant diagnoses and three (6.3%) had unclear diagnoses. Among the discordant ones, 15 (31.3%) had possible impact on survival and one (2.1%) had no impact on survival. The main clinical misdiagnosis was infection, with five cases (26.7 % of discordant), followed by hyperacute rejection, with four cases (20 % of the discordant ones), and pulmonary thromboembolism, with three cases (13.3% of discordant ones). Conclusion: Discrepancies between clinical diagnosis and necroscopic findings are commonly found in cardiac transplantation. New strategies to improve clinical diagnosis should be made, considering the results of the necropsy, to improve the treatment of heart failure by heart transplantation. .
Assuntos
Adulto , Feminino , Humanos , Masculino , Pessoa de Meia-Idade , Autopsia , Causas de Morte , Transplante de Coração/mortalidade , Erros de Diagnóstico/estatística & dados numéricos , Prontuários Médicos/estatística & dados numéricos , Estudos Retrospectivos , Sobrevida , Fatores de TempoRESUMO
BACKGROUND: Discrepancies between pre and post-mortem diagnoses are reported in the literature, ranging from 4.1 to 49.8 % in cases referred for necropsy, with important impact on patient treatment. OBJECTIVE: To analyze patients who died after cardiac transplantation and to compare the pre- and post-mortem diagnoses. METHODS: Perform a review of medical records and analyze clinical data, comorbidities, immunosuppression regimen, laboratory tests, clinical cause of death and cause of death at the necropsy. Then, the clinical and necroscopic causes of death of each patient were compared. RESULTS: 48 deaths undergoing necropsy were analyzed during 2000-2010; 29 (60.4 %) had concordant clinical and necroscopic diagnoses, 16 (33.3%) had discordant diagnoses and three (6.3%) had unclear diagnoses. Among the discordant ones, 15 (31.3%) had possible impact on survival and one (2.1%) had no impact on survival. The main clinical misdiagnosis was infection, with five cases (26.7 % of discordant), followed by hyperacute rejection, with four cases (20 % of the discordant ones), and pulmonary thromboembolism, with three cases (13.3% of discordant ones). CONCLUSION: Discrepancies between clinical diagnosis and necroscopic findings are commonly found in cardiac transplantation. New strategies to improve clinical diagnosis should be made, considering the results of the necropsy, to improve the treatment of heart failure by heart transplantation.
Assuntos
Autopsia , Causas de Morte , Transplante de Coração/mortalidade , Adulto , Erros de Diagnóstico/estatística & dados numéricos , Feminino , Humanos , Masculino , Prontuários Médicos/estatística & dados numéricos , Pessoa de Meia-Idade , Estudos Retrospectivos , Sobrevida , Fatores de TempoRESUMO
INTRODUÇÃO: O diagnóstico da cardiomiopatia isquêmica é frequentemente difícil. A angiografia coronária (AC) é limitada, por ser invasiva e de avaliação exclusivamente anatômica. A ressonância nuclear magnética cardíaca (RNM) com realce tardio pelo gadolínio (RTG) pode mensurar padrões de fibrose miocárdica ocasionados pela isquemia. Porém, o RTG pode não detectar isquemia que não resultou em fibrose. Assim, uma avaliação clínica meticulosa pelo cardiologista parece ser a maneira mais eficaz para definir o diagnóstico. O objetivo deste estudo foi avaliar a AC e o RTG como métodos complementares para o diagnóstico de cardiomiopatia isquêmica em pacientes com insuficiência cardíaca sistólica sem etiologia definida. MÉTODOS: Pacientes com insuficiência cardíaca sistólica, fração de ejeção do ventrículo esquerdo < 45% e etiologia indefinida após avaliação não invasiva inicial foram submetidos à AC e à RNM com RTG para definição etiológica. A análise dos casos por dois cardiologistas foi o padrão-ouro para o diagnóstico de cardiomiopatia isquêmica. RESULTADOS: Foram incluídos 24 pacientes. A sensibilidade para detecção de cardiomiopatia isquêmica foi de 0,45 para AC vs. 0,81 do RTG. A especificidade da AC foi de 1,0 vs. 0,84 do RTG. O valor preditivo positivo foi de 1,0 vs. 0,81, e o valor preditivo negativo foi 0,68 vs. 0,84 para AC e do RTG, respectivamente. A acurácia do RTG foi superior a da AC (0,83 vs. 0,75). CONCLUSÕES: O RTG foi mais sensível do que a AC na avaliação etiológica da disfunção ventricular, enquanto a AC foi mais específica. A definição de cardiomiopatia isquêmica utilizando cada um dos métodos em separado apresentou limitações.
BACKGROUND: The diagnosis of ischemic cardiomyopathy is frequently difficult. Coronary angiography (CA) is limited because it is invasive and the evaluation is exclusively anatomic. Cardiac magnetic resonance imaging (MRI) with late gadolinium enhancement (LGE) measures patterns of myocardial fibrosis caused by ischemia. However, LGE does not detect ischemia that does not result in fibrosis. Thus, a thorough clinical evaluation by a cardiologist seems to be the most effective option for diagnosis. The aim of this study was to evaluate CA and LGE as complementary methods for the diagnosis of ischemic cardiomyopathy in patients with systolic heart failure of unknown etiology. METHODS: Patients with systolic heart failure, left ventricle ejection fraction < 45% and unknown etiology after initial non-invasive evaluation were submitted to CA and MRI with LGE to define the etiology of the disease. Patient evaluation by two cardiologists was the gold standard for the diagnosis of ischemic cardiomyopathy. RESULTS: Twenty-four patients were included. The sensitivity to detect ischemic cardiomyopathy was 0.45 for CA vs. 0.81 for LGE. The specificity was 1.0 for CA vs. 0.84 for LGE. The positive predictive value was 1.0 vs. 0.81 and the negative predictive value was 0.68 vs. 0.84 for CA and LGE, respectively. LGE accuracy was superior to CA accuracy (0.83 vs. 0.75). CONCLUSIONS: LGE was more sensitive than CA to evaluate the etiology of ventricular dysfunction, whereas CA was more specific. The diagnosis of ischemic cardiomyopathy using each one of the methods separately presented limitations.
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Pessoa de Meia-Idade , Angiografia Coronária/métodos , Gadolínio , Imageamento por Ressonância Magnética/métodos , Insuficiência Cardíaca Sistólica/etiologia , Isquemia Miocárdica/etiologia , Estudos Transversais , Diagnóstico , Fatores de Risco , Disfunção VentricularRESUMO
FUNDAMENTO: A realização da angiografia coronariana na insuficiência cardíaca sem etiologia definida é frequentemente justificada para avaliação diagnóstica de cardiopatia isquêmica. Porém, o benefício clínico dessa estratégia não é conhecido. OBJETIVO: Avaliar a prevalência de cardiopatia isquêmica mediante critérios angiográficos em pacientes com insuficiência cardíaca e fração de ejeção reduzida sem etiologia, assim como o seu impacto na decisão terapêutica. MÉTODOS: Foram avaliados pacientes ambulatoriais consecutivos com insuficiência cardíaca e disfunção sistólica, que tiveram a angiografia coronariana indicada para esclarecimento etiológico da cardiopatia, no período de 1º de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2010. Os pacientes com diagnóstico de doença arterial coronariana, sorologia positiva para doença de Chagas, cardiopatia congênita, valvopatia grave ou pacientes submetidos a transplante cardíaco foram excluídos da análise. A amostra foi dividida em dois grupos conforme a indicação do cateterismo. Grupo-1: Sintomáticos em razão de angina ou insuficiência cardíaca refratária. Grupo-2: Presença de > 2 fatores de risco para doença arterial coronariana RESULTADOS: Cento e sete pacientes foram incluídos para análise, sendo 51 (47,7%) pacientes pertencentes ao Grupo-1 e 56 (52,3%), ao Grupo-2. A prevalência de cardiopatia isquêmica foi de 9,3% (10 pacientes), e todos pertenciam ao Grupo-1 (p = 0,0001). Durante o seguimento, apenas 4 (3,7%) tiveram indicação de revascularização miocárdica; 3 (2,8%) pacientes apresentaram complicações relacionadas ao procedimento. CONCLUSÃO: Em nosso trabalho, a realização da angiografia coronariana em pacientes com insuficiência cardíaca e disfunção sistólica sem etiologia, apesar de embasada pelas atuais diretrizes, não evidenciou benefício quando indicada apenas pela presença de fatores de risco para doença arterial coronariana.
BACKGROUND: Performing a coronary angiography in patients with heart failure of unknown etiology is often justified by the diagnostic assessment of ischemic heart disease. However, the clinical benefit of this strategy is not known. OBJECTIVE: To evaluate the prevalence of ischemic heart disease by angiographic criteria in patients with heart failure and reduced ejection fraction of unknown etiology, as well as its impact on therapy decisions. METHODS: Consecutive outpatients with heart failure and systolic dysfunction, who had an indication for coronary angiography to clarify the etiology of heart disease were assessed from 1 January 2009 to December 31, 2010. Patients diagnosed with coronary artery disease, positive serology for Chagas disease, congenital heart disease, valve disease or patients undergoing cardiac transplantation were excluded from the analysis. The sample was divided into two groups according to the indication for catheterization. Group-1: Symptomatic due to angina or heart failure. Group-2: Presence of > 2 risk factors for coronary artery disease RESULTS: One hundred and seven patients were included in the analysis, with 51 (47.7%) patients in Group 1 and 56 (52.3%) in Group 2. The prevalence of ischemic heart disease was 9.3% (10 patients), and all belonged to Group 1 (p = 0.0001). During follow-up, only 4 (3.7%) were referred for CABG; 3 (2.8%) patients had procedure-related complications. CONCLUSION: In our study, coronary angiography in patients with heart failure and systolic dysfunction of unknown etiology, although supported by current guidelines, did not show benefits when performed only due to the presence of risk factors for coronary artery disease.
Assuntos
Adulto , Feminino , Humanos , Pessoa de Meia-Idade , Angiografia Coronária , Insuficiência Cardíaca , Isquemia Miocárdica , Brasil/epidemiologia , Estudos Transversais , Isquemia Miocárdica/epidemiologia , Prevalência , Estudos Retrospectivos , Fatores de Risco , Volume Sistólico/fisiologia , Disfunção Ventricular Esquerda/fisiopatologiaRESUMO
BACKGROUND: Performing a coronary angiography in patients with heart failure of unknown etiology is often justified by the diagnostic assessment of ischemic heart disease. However, the clinical benefit of this strategy is not known. OBJECTIVE: To evaluate the prevalence of ischemic heart disease by angiographic criteria in patients with heart failure and reduced ejection fraction of unknown etiology, as well as its impact on therapy decisions. METHODS: Consecutive outpatients with heart failure and systolic dysfunction, who had an indication for coronary angiography to clarify the etiology of heart disease were assessed from 1 January 2009 to December 31, 2010. Patients diagnosed with coronary artery disease, positive serology for Chagas disease, congenital heart disease, valve disease or patients undergoing cardiac transplantation were excluded from the analysis. The sample was divided into two groups according to the indication for catheterization. Group-1: Symptomatic due to angina or heart failure. Group-2: Presence of > 2 risk factors for coronary artery disease RESULTS: One hundred and seven patients were included in the analysis, with 51 (47.7%) patients in Group 1 and 56 (52.3%) in Group 2. The prevalence of ischemic heart disease was 9.3% (10 patients), and all belonged to Group 1 (p = 0.0001). During follow-up, only 4 (3.7%) were referred for CABG; 3 (2.8%) patients had procedure-related complications. CONCLUSION: In our study, coronary angiography in patients with heart failure and systolic dysfunction of unknown etiology, although supported by current guidelines, did not show benefits when performed only due to the presence of risk factors for coronary artery disease.
Assuntos
Angiografia Coronária , Insuficiência Cardíaca/diagnóstico por imagem , Isquemia Miocárdica/diagnóstico por imagem , Adulto , Brasil/epidemiologia , Estudos Transversais , Feminino , Humanos , Masculino , Pessoa de Meia-Idade , Isquemia Miocárdica/epidemiologia , Prevalência , Estudos Retrospectivos , Fatores de Risco , Volume Sistólico/fisiologia , Disfunção Ventricular Esquerda/fisiopatologiaRESUMO
Uma ampla gama de estudos epidemiológicos e experimentais tem demonstrado que a poluição atmosférica é importante fator de risco para eventos cardiovasculares. Alterações induzidas pela poluição atmosférica, especialmente por exposição a partículas ultrafinas, podem contribuir para o desenvolvimento de hipertensão, disfunção endotelial e aterosclerose no longo prazo. No curto prazo, pode haver aumento na incidência de eventos cardiovasculares agudos, como descompensação da insuficiência cardíaca e arritmias cardíacas. Existem mecanismos complexos por trás desta relação entre poluição atmosférica e doença cardiovascular. Dentre eles, citamos: modulação do sistema nervoso autônomo e do tônus vascular, indução e descompensação de placas ateroscleróticas e stress oxidativo. Novas tecnologias devem nos ajudar a entender, de forma mais ampla, a relação dos diversos agentes poluidores da atmosfera e seus mecanismos na gênese de eventos cardiovasculares. Finalmente, dada a enorme população exposta a este tipo de fator de risco modificável, esperamos adquirir conhecimento suficiente para propor ações específicas que reduzam os efeitos nocivos da poluição atmosférica e a morbimortalidade cardiovascular.
Assuntos
Humanos , Arritmias Cardíacas/complicações , Arritmias Cardíacas/diagnóstico , Insuficiência Cardíaca/complicações , Insuficiência Cardíaca/diagnóstico , Insuficiência Cardíaca/mortalidade , Estresse Oxidativo , Poluição do Ar/efeitos adversos , Fatores de Risco , Estudos de Coortes , Doenças Cardiovasculares/complicações , Doenças Cardiovasculares/mortalidadeRESUMO
BACKGROUND: The relationship between inflammatory and prothrombotic activity in chagas cardiomyopathy and in other etiologies is unclear. OBJECTIVE: To study the profile of pro-thrombotic and pro-inflammatory markers in patients with Chagas' heart failure and compare them with patients of non-chagas etiology. METHODS: Cross-sectional cohort. INCLUSION CRITERIA: left ventricle ejection fraction (LVEF) < 45% and onset time to symptoms > one month. The patients were divided into two groups: group 1 (G1) - seropositive for Chagas - and group 2 (G2) - seronegative for Chagas. Pro-inflammatory factor: Ultra-sensitive CRP. Pro-thrombotic factors: thrombin-antithrombin factor, fibrinogen, von Willebrand factor antigen, plasma P-selectin and thromboelastography. Sample calculated for 80% power, assuming a standard deviation difference of 1/3; significant p if it is < 0.05. STATISTICAL ANALYSIS: Fisher's exact test for categorical variables; unpaired Student's t-test for parametric continuous variables and Mann-Whitney test for nonparametric continuous variables. RESULTS: Between January and June 2008, 150 patients were included, 80 in G1 and 70 in G2. Both groups maintained the averages of high sensitivity CRP above baseline values, however, there was no significant difference (p = 0.328). The fibrinogen levels were higher in G2 than in G1 (p = 0.015). Among the thromboelastography variables, the parameters MA (p=0.0013), G (p=0.0012) and TG (p =0.0005) were greater in G2 than in G1. CONCLUSION: There is no evidence of greater pro-thrombotic status among patients with Chagas disease. The levels of fibrinogen and the MA, G and TG parameters of the thromboelastography point to pro-thrombotic status among non-chagas patients. Both groups had increased inflammatory activity.
Assuntos
Fatores de Coagulação Sanguínea/análise , Cardiomiopatia Chagásica/sangue , Biomarcadores/sangue , Métodos Epidemiológicos , Feminino , Humanos , Inflamação/sangue , Masculino , Pessoa de Meia-Idade , Reação em Cadeia da Polimerase , Fatores de Risco , Tromboelastografia/métodos , Trombose/sangueRESUMO
FUNDAMENTO: A relação entre atividade inflamatória e pró-trombótica na cardiomiopatia chagásica e em outras etiologias é obscura. OBJETIVO: Estudar o perfil de marcadores pró-trombóticos e pró-inflamatórios em pacientes com insuficiência cardíaca chagásica e compará-los com os de etiologia não chagásica. MÉTODOS: Coorte transversal. Critérios de inclusão: fração de ejeção do VE (FEVE) < 45 por cento e tempo de início de sintomas > um mês. Os pacientes foram divididos em dois grupos: grupo 1 (G1) - sorologias positivas para Chagas - e grupo 2 (G2) - sorologias negativas para Chagas. Fator pró-inflamatório: PCR ultrassensível. Fatores pró-trombóticos: fator trombina-antitrombina, fibrinogênio, antígeno do fator de von Willebrand, P-selectina plasmática e tromboelastograma. Amostra calculada para poder de 80 por cento, assumindo-se diferença de 1/3 de desvio-padrão; p significativo se < 0,05. Análise estatística: teste exato de Fischer para variáveis categóricas; teste t de Student não pareado para variáveis contínuas paramétricas e teste de Mann-Whitney para variáveis contínuas não paramétricas. RESULTADOS: Entre janeiro e junho de 2008, foram incluídos 150 pacientes, 80 no G1 e 70 no G2. Ambos os grupos mantinham médias de PCR ultrassensível acima dos valores de referência, porém, sem diferença significativa (p=0,328). Os níveis de fibrinogênio foram maiores no G2 do que no G1 (p=0,015). Entre as variáveis do tromboelastograma, os parâmetros MA (p=0,0013), G (p=0,0012) e TG (p=0,0005) foram maiores no G2 em comparação ao G1. CONCLUSÃO: Não há indícios de maior status pró-trombótico entre chagásicos. A dosagem de fibrinogênio e dos parâmetros MA, G e TG do tromboelastograma apontam para status pró-trombótico entre não chagásicos. Ambos os grupos tinham atividade inflamatória exacerbada.
BACKGROUND: The relationship between inflammatory and prothrombotic activity in chagas cardiomyopathy and in other etiologies is unclear. OBJECTIVE: To study the profile of pro-thrombotic and pro-inflammatory markers in patients with Chagas' heart failure and compare them with patients of non-chagas etiology. METHODS: Cross-sectional cohort. Inclusion criteria: left ventricle ejection fraction (LVEF) < 45 percent and onset time to symptoms > one month. The patients were divided into two groups: group 1 (G1) - seropositive for Chagas - and group 2 (G2) - seronegative for Chagas. Pro-inflammatory factor: Ultra-sensitive CRP. Pro-thrombotic factors: thrombin-antithrombin factor, fibrinogen, von Willebrand factor antigen, plasma P-selectin and thromboelastography. Sample calculated for 80 percent power, assuming a standard deviation difference of 1/3; significant p if it is < 0.05. Statistical analysis: Fisher's exact test for categorical variables; unpaired Student's t-test for parametric continuous variables and Mann-Whitney test for nonparametric continuous variables. RESULTS: Between January and June 2008, 150 patients were included, 80 in G1 and 70 in G2. Both groups maintained the averages of high sensitivity CRP above baseline values, however, there was no significant difference (p = 0.328). The fibrinogen levels were higher in G2 than in G1 (p = 0.015). Among the thromboelastography variables, the parameters MA (p=0.0013), G (p=0.0012) and TG (p =0.0005) were greater in G2 than in G1. CONCLUSION: There is no evidence of greater pro-thrombotic status among patients with Chagas disease. The levels of fibrinogen and the MA, G and TG parameters of the thromboelastography point to pro-thrombotic status among non-chagas patients. Both groups had increased inflammatory activity.
Assuntos
Feminino , Humanos , Masculino , Pessoa de Meia-Idade , Fatores de Coagulação Sanguínea/análise , Cardiomiopatia Chagásica/sangue , Biomarcadores/sangue , Métodos Epidemiológicos , Inflamação/sangue , Reação em Cadeia da Polimerase , Fatores de Risco , Tromboelastografia/métodos , Trombose/sangueRESUMO
AIMS: Trials of disease management programmes (DMP) in heart failure (HF) have shown controversial results regarding quality of life. We hypothesized that a DMP applied over the long-term could produce different effects on each of the quality-of-life components. METHODS AND RESULTS: We extended the prospective, randomized REMADHE Trial, which studied a DMP in HF patients. We analysed changes in Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire components in 412 patients, 60.5% male, age 50.2 +/- 11.4 years, left ventricular ejection fraction 34.7 +/- 10.5%. During a mean follow-up of 3.6 +/- 2.2 years, 6.3% of patients underwent heart transplantation and 31.8% died. Global quality-of-life scores improved in the DMP intervention group, compared with controls, respectively: 57.5 +/- 3.1 vs. 52.6 +/- 4.3 at baseline, 32.7 +/- 3.9 vs. 40.2 +/- 6.3 at 6 months, 31.9 +/- 4.3 vs. 41.5 +/- 7.4 at 12 months, 26.8 +/- 3.1 vs. 47.0 +/- 5.3 at the final assessment; P < 0.01. Similarly, the physical component (23.7 +/- 1.4 vs. 21.1 +/- 2.2 at baseline, 16.2 +/- 2.9 vs. 18.0 +/- 3.3 at 6 months, 17.3 +/- 2.9 vs. 23.1 +/- 5.7 at 12 months, 11.4 +/- 1.6 vs. 19.9 +/- 2.4 final; P < 0.01), the emotional component (13.2 +/- 1.0 vs. 12.1 +/- 1.4 at baseline, 11.7 +/- 2.7 vs. 12.3 +/- 3.1 at 6 months, 12.4 +/- 2.9 vs. 16.8 +/- 5.9 at 12 months, 6.7 +/- 1.0 vs. 10.6 +/- 1.4 final; P < 0.01) and the additional questions (20.8 +/- 1.2 vs. 19.3 +/- 1.8 at baseline, 14.3 +/- 2.7 vs. 17.3 +/- 3.1 at 6 months, 12.4 +/- 2.9 vs. 21.0 +/- 5.5 at 12 months, 6.7 +/- 1.4 vs. 17.3 +/- 2.2 final; P < 0.01) were better (lower) in the intervention group. The emotional component improved earlier than the others. Post-randomization quality of life was not associated with events. CONCLUSION: Components of the quality-of-life assessment responded differently to DMP. These results indicate the need for individualized DMP strategies in patients with HF. Trial registration information www.clincaltrials.gov NCT00505050-REMADHE.
Assuntos
Insuficiência Cardíaca/psicologia , Monitorização Ambulatorial/métodos , Educação de Pacientes como Assunto/métodos , Qualidade de Vida , Progressão da Doença , Feminino , Seguimentos , Insuficiência Cardíaca/reabilitação , Humanos , Masculino , Pessoa de Meia-Idade , Prognóstico , Estudos Prospectivos , Inquéritos e Questionários , Fatores de TempoRESUMO
FUNDAMENTO: A modulação adicional do sistema nervoso simpático em pacientes com insuficiência cardíaca sistólica (ICS) sob tratamento clínico otimizado pode ser benéfica. Objetivo: Avaliar a exequibilidade e segurança do BSCTE em pacientes com ICS sintomática, refratária ao tratamento farmacológico incluindo beta-bloqueadores (BB). Secundariamente, avaliamos os seus efeitos no sistema cardiovascular tanto no perioperatório quanto após seis meses de seguimento. MÉTODOS: Ensaio clínico com duplo sorteio com "concealed allocation". Pacientes com ICS e Fração de ejeção do VE (FEVE) = 40%, CF da NYHA II ou III, ritmo sinusal e FC > 65 bpm a despeito do uso adequado de BB foram incluídos. Pacientes com cardiomiopatia chagásica, congênita, valvar e com marcapasso ou comorbidades graves foram excluídos. A cada três pacientes incluídos, era realizado um duplo sorteio com um paciente alocado no grupo controle (G1) e dois pacientes no grupo tratamento (G2). O procedimento consistia em videotoracoscopia esquerda, em posição semi-sentada, com intubação seletiva e sob anestesia geral, com controle de parâmetros hemodinâmicos invasivos nas 24h em UTI. Feita clipagem do 1/3 inferior do gânglio estrelado e do espaço inter-espinhal entre T3 e T4 esquerdos. Critérios previamente estabelecidos de interrupção do estudo e remoção dos clips por via toracoscópica eram morte ou piora grave dos sintomas de IC atribuíveis ao procedimento. Em todos os pacientes, era realizada avaliação clínica, Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire (MLHFQ), ecocardiográfica, com Holter de 24h, teste ergoespirométrico, teste de caminhada de 6 minutos, teste de barorreflexo, microneurografia, cintilografia com 123I- metaiodobenzilganidina(MIBG) e ventriculografia radioisotópica(Gated) antes e seis meses após o sorteio. Análise estatística: teste exato de Fischer para proporções; teste t de student não-pareado para variáveis contínuas normais; ANOVA duplo fator quando aplicável...
BACKGROUND: Sympathetic nervous system modulation is the cornerstone treatment for systolic heart failure (SHF). We sought to evaluate the feasibility, safety and potential beneficial effects of additional surgical sympathetic blockade in SHF patients. METHODS: In this prospective randomised controlled trial, inclusion criteria were: NYHA functional class II or III, left ventricular ejection fraction (LVEF) = 40%, sinus rhythm and resting heart rate >65 bpm, despite optimal medical therapy (MT). Fifteen patients were randomly assigned in a 1:2 basis either to MT alone or MT plus surgical treatment (ST). ST consisted of left lower 1/3 stellar ganglion and T3-T4 thoracic interspinal space videothoracoscopic clipping. Primary endpoints were feasibility and safety. Secondary endpoints were changes in clinical status, exercise capacity, quality of life, LVEF and remodeling by echocardiography and heart rate before and after 6 months of randomisation. RESULTS: 10 patients underwent ST and there were no adverse events attributable to surgery. ST improved: LVEF (25±6.6 vs 33±5.2, p=0.03); 6 -min walking distance in meters (167±35 vs 198±47), p=0.02); 24h-Holter mean HR (77±5 vs 72±4, p=0.0003; MLHFQ score (48±10 vs 40±14, p=0.01. 123IMIBG radionuclide scan heart/mediastinum ratio, LV end diastolic diameter, sympathetic peripheral nerve activity, peak VO2, LVEF by Gated, serum BNP levels and 24h Holter NN standard deviation were unchanged. Two patients died at each group. Clinical status improvement was only observed at ST. CONCLUSIONS: ST was feasible and safe in SHF patients. Its beneficial effects warrant the development of a larger randomized trial.