RESUMO
Este trabalho teve o objetivo de investigar, a partir da teoria das representações sociais, as ideias de senso comum que circulam entre professores acerca do autismo infantil. Buscamos compreender a lógica interna de tais teorias populares, mapear os saberes que as apoiam e as imagens que as concretizam. Os 16 participantes do estudo compuseram dois grupos: 9 professoras experientes na educação de crianças autistas e 7 professores sem experiência com tais crianças. Os dados obtidos através de entrevistas semi-estruturadas permitem concluir que paradoxalmente, a aproximação com o objeto não parece conduzir a uma maior familiarização. De maneira geral, há incertezas e fluidez quanto a considerar o autismo uma desordem orgânica ou o resultado de complicações relacionais precoces; em acreditar que essas crianças apresentam inteligência acima da média ou deficiência intelectual. Os professores constroem, assim, autismos diversos, num processo de conhecimento ancorado em variados repertórios, dentre eles, a psicanálise e neurociências.
Based on the social representations theory, this study aims at investigating teachers'commom sense thinking on infantile autism, its anchorage and objectivation. Sixteen teachers participated in this study, divided into two groups: 9 female teachers with experience on working with autistic children and 7 other teachers with no such experience. This article analyzes data obtained from semi-structured interviews. Paradoxically, despite being closer to autistic children, teachers do not become more familiar with them. In general, there is uncertainty and fluidity on considering autism as an organic disease or the result of poor mothering; there are also doubts on believing that these children are gifted or intellectually handicapped. Therefore, teachers create various "autisms", a process which seems to be anchored on different repertoires, from psychoanalysis to neurosciences.