RESUMO
No presente trabalho, examina-se, em primeiro lugar, o papel dos museus e sua evolucao. E relatada a experiencia de uma exposicao sobre cultura indigena realizada em Roma, em 1983, qualificada como de comunicacao porque com o objetivo de contestar preconceitos e transmitir uma imagem positiva do indio, mas destinada a um publico culto, de classe media, devido ao local que a abrigou e ao preco do ingresso. Sao analisadas, ainda, duas experiencias de museologia pedagogica voltadas para as camadas populares. Trata-se de ilustracoes exemplares dos rumos que os museus do Terceiro Mundo deveriam tomar: 1) o programa de museus escolares implantado no Mexico, em 1972, estendido, tres anos mais tarde, a 400 escolas rurais e urbanas de todo o pais; 2) o experimento, igualmente rico, denominado 'Casa do Museu', fruto do trabalho interdisciplinar, baseado em pesquisa antropologica junto a uma comunidade carente na cidade do Mexico. Os dois enfoques mostram as prioridades e o publico que o museu busca atingir: elitista e adulto, no primeiro caso; popular e essencialmente juvenil, no segundo. Finalmente e feita uma digressao teorica sobre o papel social e politico dos museus etnograficos, a saber: 1) como instrumentos de luta ideologica contra as teorias racistas e colonialistas; 2) como repositorios da memoria de uma heranca cultural; 3) como veiculos de comunicacao da problematica dos povos do Terceiro Mundo; 4) como fonte de informacao a ser resgatada e devolvida a essas minorias sobre sua formacao historica e identidade etnica.