RESUMO
Múltiplas säo as teorias que tentam explicar a etiopatogenia do aneurisma aterosclerótico de aorta abdominal. Seu surgimento ocorreu, na maioria das vezes, de forma independente. Este fenômeno favoreceu a interpretaçäo isolada dos diferentes conceitos. Ultimamente, no entanto, a tendência cada vez maior é considerar que a causa do estabelecimento da dilataçäo aneurismática da aorta abdominal se deve a um conjunto de fatores, baseada na apreciaçäo de todas as teorias até agora elaboradas. A teoria biomecânica se apoia no fato de que a aorta infra-renal mostra afilamento gradual de sua luz, é mais rígida em relaçäo à torácica, sendo mais sujeita à influência das ondas de reflexäo provenientes dos seus ramos. Além disso, em menor número de lamelas elásticas na camada média e irrigaçäo inadequada pela vasa-vasorum. É provável que a própria doença aterosclerótica possa comprometer a nutriçäo da parede do vaso por dificultar sua embebiçäo a partir da luz: Apesar do seu comportamento ser regido pela Lei da Laplace, a estabilidade do aneurisma pode ser explicada pelo recrutamento de fibras colágenas, pelo enrijecimento progressivo da parede e pela mudança da forma geométrica. Os trombos murais e o músculo liso desempenham papel irrelevante no fenômeno de crescimento e rotura do aneurisma. A teoria dos metais-traço se baseia principalmente nas evidências clínicas e experimentais da relaçäo entre os distúrbios do metabolismo do cobre e os aneurismas. A teoria genética se baseia no fato de haver predisposiçäo familiar para o aneurisma da aorta abdominal. O aneurisma familiar tem incidência quase 12 vezes maior nos parentes de primeiro grau e taxa de rotura quatro vezes maior, sendo essas características mais marcantes quando ocorrem no sexo feminino. A teoria proteolítica sugere a possibilidade de o aneurisma de aorta abdominal ser consequência do balaço entre proteólise e antiproteólise, apesar dos achados de diminuiçäo dos níveis de colágeno e elastina na parede aórtica näo terem sido evidenciados como sendo primários. Os principais fatores de risco, a hipertensäo arterial e o tabagismo, provavelmente interferem do ponto de vista mecânico e metabólico. Finalizando, o aneurisma de aorta abdominal provavelmente se deve à associaçäo do desequilíbrio do balanço proteólise versus antiproteólise, da predisposiçäo genética e da predisposiçäo estrutural e hemodinâmica do setor aorto-ilíaco. A hipertensäo e o tabagismo atuam como fatores multiplicadores