RESUMO
Miocardiopatias abrangem diversas apresentações de uma doença do miocárdio com função e estruturas anormais, porém com ausência de doença coronariana, hipertensão, doença cardíaca valvular ou malformação congênita que a explique. Entender a interdisciplinaridade entre cirurgião-dentista e cardiologista para o atendimento seguro dos indivíduos com miocardiopatias é relevante. Desse modo, o objetivo deste artigo é, através de uma revisão simples da literatura, abordar a compreensão das condições de pacientes com miocardiopatias e de como o cirurgião-dentista e cardiologista devem manejar seus atendimentos, facilitando a prática clínica e a trazendo segurança para os pacientes. Para isso, realizou-se uma busca nas bases de dados PubMed, Embase, BVS e Scopus, com os descritores "Cardiomyopathies" e "Dental Care", bem como seus termos correlatos, utilizando os operadores booleanos "AND" e "OR", tendo como critérios de inclusão artigos publicados em inglês, português e espanhol, sem restrição de tempo, disponíveis na íntegra, e que abordassem o tema em questão. Dentre os achados dessa revisão, encontrou-se que a doença periodontal é uma condição relevante a ser considerada pela associação com os marcadores inflamatórios e as miocardiopatias, e que o uso de anticoagulantes e antiagregantes plaquetários é frequente e ainda há dúvidas entre clínicos sobre o seu manejo em procedimentos cruentos, incluindo conhecimentos sobre anestesia odontológica, estresse e ansiedade. Especificamente, a amiloidose cardíaca pode trazer sinais clínicos em mucosas bucais, demonstrando a importância do diagnóstico e estadiamento da doença, e, os cuidados com indivíduos em risco de miocardiopatia takotsubo secundária. São necessários mais estudos que abordem o tema, para que melhores evidências científicas possam estabelecer diretrizes para o atendimento seguro e assertivo ao paciente, estabelecendo integralmente a interdisciplinaridade entre a odontologia e a cardiologia.