RESUMO
A presente revisão sobre a participação do sistema renina-angiotensina e obesidade aborda inicialmente os aspectos multifatoriais da fisiopatologia da hipertensão na obesidade. O papel da hemodinâmica, nessa síndrome, é caracterizado como um estado de aumento absoluto na volemia, aumento do débito cardíaco e resistência vascular periférica numericamente normal. Destaca o papel maior da insulina e do sistema nervoso simpático na vasoconstrição periférica e aumento na absorção de sódio pelos túbulos renais. Apresenta as evidências de que a obesidade experimental em animais leva a alterações na matrix da medula renal, promovendo alterações na dinâmica túbulo-glomerular e conseqüente aumento na secreção de renina. Focaliza a associação do sistema renina-angiotensina tecidual apontando para a importante expressão de genes de vários componentes do sistema no tecido adiposo. Enfatiza o papel da angiotensina II na transformação do preadipócito em adipócito via prostaciclinas. Por fim discute alguns aspectos do tratamento farmacológico anti-hipertensivo no paciente obeso, mostrando os benefícios do uso dos inibidores da enzima de conversão da angiotensina (ECA) como droga de primeira escolha nessa síndrome. Os inibidores da ECA apresentam eficácia superior aos diuréticos em monoterapia, menos efeitos colaterais eletrolíticos e metabólicos. Ao lado desses benefícios, há evidências mostrando aumento no número de receptores periféricos para insulina, sugerindo um favorável efeito no metabolismo da glicose.