RESUMO
Objetivos: Verificar a prevalência de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) em crianças atendidas em nível ambulatorial. Estudar a utilização de psicofármacos e a adesão ao tratamento entre as crianças com o transtorno. Métodos: Estudo epidemiológico de delineamento transversal baseado na análise de prontuários para caracterizar o perfil das crianças com TDAH e em entrevista com cuidadores das crianças, para avaliar a adesão ao tratamento através do teste de Morisky. O trabalho foi desenvolvido em um ambulatório de uma cidade do sul do Brasil entre os meses de agosto a outubro de 2011. A população foi constituída por crianças atendidas em nível ambulatorial. A amostra foi constituída de todos os prontuários das crianças atendidas no setor de neuropediatria do Ambulatório Materno Infantil (AMI) da Universidade do Sul de Santa Catarina. Resultados: De 623 crianças cujos prontuários foram analisados, 127 apresentaram diagnóstico de TDAH. A prevalência encontrada foi de 20,4%. A idade das crianças com TDAH variou de 3 a 16 anos e a maioria era do sexo masculino (79,5%). O fármaco mais utilizado foi o metilfenidato (92,6%). Encontrou-se ainda o uso de antidepressivos, antipsicóticos e antiepiléticos. O transtorno associado ao TDAH mais frequente foi o de aprendizagem (20,6%). Foram entrevistados 24 cuidadores de crianças com TDAH, das quais apenas 25,0% aderem ao tratamento, observando-se uma menor adesão para o sexo masculino (p=0,043). Conclusões: Encontrou-se uma prevalência de TDAH superior àquelas relatadas na literatura. O grau de adesão ao tratamento encontrado foi considerado baixo e houve predomínio do comportamento não-intencional.
Objectives: To investigate the Attention Deficit Disorder/Hyperactivity (ADHD) prevalence among children on an outpatient care. Study of psychotropic drugs use and compliance in children with ADHD treated at outpatient care. Methods: Cross-sectional study based on analysis of medical records to check the children profile with ADHD and in an interview with children`s caregivers, to assess compliance through the Morisky test. The study was conducted at a outpatient clinic in a southern Brazil city and time between August and October 2011. The sample consisted of all medical records of children treated in the neuropediatric sector at outpatient clinic. Results: Of 623 records, 127 were diagnosed with ADHD. The prevalence was 20.4%. The children's ages ranged from 3 until 16 years and most of them were male (79,5%). The medicines used most frequency was methylphenidate (92,6%). It was also found the use of antidepressants, antipsychotics and antiepileptics. Among the comorbidities with ADHD, the most common was Learning Disorder (20,6%). We interviewed 24 caregivers of children with ADHD, of which only 25,0% were compliance to treatment, and this lower rates was associated with boys (p=0,043). Conclusions: We found a high prevalence of ADHD than those reported in the literature. The degree of compliance to treatment was found to be low and there was a predominance of unintentional behavior.