RESUMO
Objetivo: Avaliar a relação entre o padrão de uso da cocaína e a perfusão cerebral de dependentes da substância. Métodos: Estudou-se uma amostra de 30 dependentes de cocaína por meio de tomografia computadorizada por emissão de fóton único (single photon emission computed tomography - SPECT) com hexametil-propileno-amina-oxima, marcada com tecnécio 99 m (99 m-TC-HMPAO), e comparou-se o padrão de perfusão cerebral com o padrão de consumo de droga. Resultados: Dos dependentes, 80 por cento apresentaram alterações de perfusão cerebral, focais ou difusas, com grau de intensidade variável. Não foram observadas diferenças de perfusão cerebral entre usuários de crack e usuários de cloridrato de cocaína. As alterações tomográficas tampouco permitiram distinguir os dependentes em abstinência dos dependentes na vigência do uso. Não foi possível evidenciar associação entre o relato da quantidade diária de droga utilizada e a perfusão cerebral dos pacientes. Entretanto, foi observada correlação entre o número de meses durante os quais os pacientes consumiram droga e o grau de comprometimento da perfusão cerebral (coeficiente de correlação de Spearman: r=0,45, p<0,05). Conclusão: Este estudo documenta a frequência elevada de alterações funcionais cerebrais em dependentes de cocaína, estabelecendo a influência do tempo de consumo da droga no grau de comprometimento do fluxo cerebral dos pacientes