RESUMO
OBJETIVO: Analisar as características clínicas e audiométricas da disacusia sensórioneural ocupacional por ruído de acordo com a faixa etária e o tempo de exposição em anos. MÉTODO: Foram estudados retrospectivamente 222 pacientes portadores de disacusia sensórioneural ocupacional decorrente da exposição ao ruído no ambiente de trabalho, correlacionando-se as queixas clínicas auditivas, alterações de limiar audiométrico nas freqüências de 250Hz a 8000Hz, índices de discriminação vocal com a faixa etária e o tempo de exposição. Como grupo controle, utilizou-se os limiares audiométricos de uma população de mesma média etária, sem antecedentes mórbidos de doença auditiva, conforme preconiza a norma ISO 1999 (1990). O grupo foi dividido em subgrupos, tendo-se analisado três décadas de exposição. RESULTADOS: Verificamos que a queixa clínica de hipoacusia aumenta de acordo com a faixa etária e o tempo de exposição, enquanto que a freqüência da queixa tinnitus mantém-se constante. Os Limiares audiométricos na segunda década de exposição apresentam variações que dependem da faixa etária analisada. As várias curvas audiométricas realizadas são paralelas entre si, mas não-horizontais, sendo que os piores limiares foram encontrados nas freqüências agudas de 3000Hz a 8000Hz, como conseqüência clínica e fisiopatológica do acometimento mais acentuado das áreas basais da cóclea. A discriminação vocal também mostrou-se pior de acordo com o aumento das faixa etária e do tempo de exposição. CONCLUSÃO: Indivíduos portadores de disacusia sensórioneural por ruído ocupacional apresentam alterações audiométricas, características que variam de acordo com a faixa etária e o tempo de exposição. Estas características definidas e resumidas nas curvas audiométricas obtidas podem constituir padrão de comparação, avaliação e controle de outras populações também expostas.