RESUMO
Os anos 2000 são marcados por um novo ímpeto de alinhamento ao Sul na Política Externa Brasileira, tendo em vista a ascensão de potências emergentes, o declínio relativo dos Estados Unidos e a chamada estratégia de autonomia pela diversificação. Nesse período, o Brasil passa a se engajar por vezes enquanto empreendedor político - em estratégias Cooperação Sul-Sul originais, notadamente o IBAS e o BRICS, os quais buscam, diferentemente do que era observado no passado, incluir em um mesmo agrupamento diversas agendas cooperação intra e extrabloco. Essas iniciativas unem, em um mesmo ambiente de diálogo, um tripé de cooperação ao qual denominou-se estratégia de cooperação Sul-Sul em múltiplas frentes e que compreende: coordenação política extrabloco, cooperação setorial e cooperação para o desenvolvimento com terceiros. A teoria da ação coletiva considera as dificuldades de coordenação e cooperação entre países diversos e agendas variadas; mas, em contraponto, o trabalho procurou demonstrar como isso ocorre na prática da política externa brasileira, por meio da estratégia de cooperação em múltiplas frentes. O referido modelo de cooperação tem sido uma grande aposta da estratégia internacional brasileira, a fim de reforçar suas posições de potência emergente e liderança no Sul Global, de modo que consiste, então, em objeto importante de análises acadêmicas que possam contextualizar e informar o engajamento político brasileiro.