RESUMO
Neste texto, o objetivo é explorar em que difere a posição da política e da psicanálise em relação ao desejo. A questão é justificada a partir de duas observações de Lacan. A primeira postula que a felicidade se tornou um fator que a política levou em consideração, enquanto a segunda coloca uma proposição que Lacan condensa da seguinte forma: o inconsciente é política. Isso nos leva a desenvolver essa proposição, situar a posição da psicanálise em relação à política e definir o que quer dizer uma ética do desejo. Esse percurso vai lançar luz sobre o que é possível esperar da psicanálise para o século XXI. (AU)
In this text, the aim is to explore how the position of politics and psychoanaly-sis differs in regard to the desire. The question is justified from two remarks by Lacan. The first postulates that happiness has become a factor that politics has taken into consideration, the second poses a proposition that Lacan condenses as follows: the unconscious is politics. This leads us to develop this proposition, situate the position of psychoanalysis in relation to politics and define what an ethic of desire means. This course will shed light on what is possible to expect from psychoanalysis for the XXI century. (AU)
En este texto, el objetivo es explorar qué distingue la posición de la política y del psicoanálisis en relación al deseo. La pregunta se justifica a partir de dos comen-tarios de Lacan. El primero postula que la felicidad se ha convertido en un factor que la política ha tenido en cuenta, el segundo plantea una proposición que Lacan condensa de la siguiente manera: el inconsciente es política. Esto nos lleva a desarrollar esta proposición, situar la posición del psicoanálisis en relación a la política y definir qué significa una ética del deseo. Este recorrido arrojará luz so-bre lo que es posible esperar del psicoanálisis en el siglo XXI. (AU)
Il sagit dans ce texte dexplorer en quoi diffère la position de la politique et de la psychanalyse par rapport au désir. La question se justifie à partir de deux re-marques de Lacan. La première pose que le bonheur est devenu un facteur que la politique a pris en considération, la deuxième pose une proposition que Lacan condense ainsi : « linconscient, cest la politique ». Cela nous amène à développer cette proposition, situer la position de la psychanalyse par rapport à la politique et définir ce que veut dire une éthique du désir. Ce parcours nous éclairera sur ce qui est possible dattendre de la psychanalyse pour le XXIe siècle. (AU)
RESUMO
Se a demanda de análise que concerne aos impasses no amor permanece atual até hoje, uma outra demanda nela se implantou. Esta ganhou cada vez mais valor nos discursos dos analisantes, ultrapassando, algumas vezes, a queixa sobre os obstáculos no amor. Ela é referente ao gozo. Isso toma, às vezes, a forma de uma questão relativa à satisfação: será que estou satisfeito o bastante ou seria possível sê-lo ainda mais? Às vezes, essa questão se mistura ao amor. Mas, na época atual, a satisfação ligada ao gozo torna-se, muitas vezes, uma exigência endereçada ao analista e exclui radicalmente o amor. É certo que o amor visa ao ser do parceiro sexual, mas não o encontra. Com o gozo, temos uma amostra do ser sexual, o ser próprio, mas também o do outro. Entretanto, o amor faz falência, e o que motiva o gozo permanece, em parte, opaco. A questão que se coloca para nós é a de saber o que é que funda um novo enodamento do amor e do gozo e, sobretudo, o que é que permite dizer que ela é a consequência de uma análise? Penso que é aqui que se situa a verdadeira questão da orientação lacaniana, e que pode ser formulada da seguinte maneira: a satisfação de fim de análise é o efeito de uma certeza com relação à identidade sexual como condição de acesso a um novo amor. O enodamento comporta, assim, três dimensões: a identidade sexual, o amor e o gozo. É somente sobre uma operação que implica o gozo que damos uma chance a um novo amor que vai, como diz Lacan, de ser a ser, ou seja, que não é o amor do mesmo.(AU)
If analysis demand concerning the deadlocks in love has remained updated until today, a second demand has emerged from it. This demand has acquired more and more value in the discourse of the analysis patient, surpassing sometimes the complaint about the obstacles in love. The demand refers to jouissance. It sometimes take the shape of a question related to satisfaction: am I satisfied enough or could I be a little bit more? Sometimes this matter gets mixed with love. But, currently, the satisfaction related to jouissance, is to become several times a demand addressed to the analyst, and it radically excludes love. It is true that love targets the being of the sexual partner, but it does not find him/her. With jouissance, we have a sample of the sexual being, the being him/herself, but also the other. On the other hand, loves generates failure and what stimulates jouissance, partly, remains opaque. The question posed for us is to know what founds the enoding of love and jouissance, and, above all, what allows it to say that it is the consequence of an analysis? I believe it is right here where the true question of Lacanian orientation lies, and that it can be formulated in such way: the satisfaction for the end of the analysis is the effect of a certainty in relation to the sexual identity as a condition to access to a new love. The enoding, then, comprises three dimensions: sexual identity, love, and jouissance. And it is only about an operation which implies jouissance that we give a new love a chance. This love, as Lacan would argue, will stand from being to being. In other words, this is not love of the same kind.(AU)
Assuntos
HumanosRESUMO
O texto inicia indagando sobre como a experiência analítica responde à questão da identidade sexual para, em seguida, propor uma tese a ser demonstrada: a análise forja uma identidade sexual que não é da ordem do semblante. Tal certeza de identidade não é dada pelo Édipo e nem mesmo pelos significantes, que deixam sempre em suspenso a questão do ser sexual. A garantia não pode vir do Outro, ela vem do ato, mas, ao mesmo tempo, o ato sexual é um real que não se inscreve no ser. Pôr a questão nesses termos significa considerar que o sexual faz sempre sintoma, a resposta singular dada pelo sujeito ao "não há relação sexual", que a escolha do parceiro, qualquer que seja o sexo, é sempre um sintoma e a análise é o que permite viver este sintoma de outra maneira, ou seja, por um novo enodamento entre amor e gozo. Se o amor na vertente do semblante é o que funciona como mais de uma forma de se fazer suplência ao real do sexo, no ato de passagem do semblante ao sintoma, identificação ao sintoma, ele não é mais uma miragem, pois mantém, por um lado, o que constitui o Um de um sujeito sua essência irredutível e, por outro, a aceitação do Outro gozo enquanto diferente e, igualmente, irredutível. São os deuses irredutíveis que se produzem no final da análise.(AU)
The text starts by questioning how an analytical experience responds to the issue of sexual identity and then proposes a thesis to be demonstrated: the analysis forges a sexual identity which is not part of the order of the semblant. Such a certainty of an identity is not given by Oedipus or even by the significant, who always leave the question of the sexual being in the air. The guarantee cannot derive from the Other; it comes from the act, but at the same time, the sexual act is a real which is not able to inscribe itself in the being. To pose the issue in such terms means to consider that the sexual always provokes symptom, the single answer given by the subject to the "there is no sexual relation"; that the choice of the partner, no matter the sex, is always a symptom and it is the analysis what allows to live this symptom in another way; that is, through a new enoding between love and jouissance. If love under the semblant is what works as one more form of replacing the real of sex, in the act of passage from the semblant to the symptom, identification of the symptom, it is not a mirage any longer, once it maintains on one hand what constitutes the One of a subject its irreducible essence and, on the other hand, the acceptance of the Other jouissance as different, and equally irreducible.(AU)
RESUMO
O presente artigo faz uma importante articulação entre a interpretação e o final de análise. Nele o autor interroga se aquele que não tenha levado sua própria análise até sua conclusão poderá assegurar a direção de uma análise, como também poderá fazer uma interpretação á bon escient, ou seja, uma interpretação intencional, aquela que se faz com conhecimento de causa e em função de uma finalidade. Conclui defendendo a tese de Lacan, presente desde 1958 no texto A direção do tratamento, que ter atravessado a experiência de final de análise não só é necessária para saber como no que se refere a sua conclusão, mas também condiciona a pertinência da interpretação.(AU)
The article brings an important articulation between interpretation and the end of an analysis. It is questioned if the one who has not taken his/her own analysis until the end would be able to ascertain the direction of an analysis, or also to come up withan interpretation á bonescient, that is, an intentional interpretation which is done with full knowledge of the case and based on an objective. The author concludes defending Lacans thesis, present in The direction of the treatment since 1958, that havinggone through the experience of end of analysis, not only is it necessary to get to know to what the conclusion refers to, but also it conditions the pertinence of the interpretation.(AU)
RESUMO
A partir da afirmação de Lacan que o dispositivo analítico articula onde o real toca o real, este artigo relaciona o manejo do tempo da sessão e o final do tratamento à idéia que o analista faz do inconsciente. (AU)
RESUMO
O trabalho tem como objetivo situar a função do termo suplência na obra de Lacan e sua aplicação na clínica psicanalítica das psicoses. Para isso, apóia-se em um caso clínico que evidencia o dispositivo usado pelo sujeito psicótico para limitar a irrupção de gozo advinda do Outro.(AU)