RESUMO
A doença valvar reumática permanece como a cardiopatia adquirida mais frequente em adultos jovens e o início de suas manifestações clínicas coincide com a idade fértil da mulher, condição que coloca a cardiopatia complicada pela gestação como a principal causa não-obstétrica de morte materna no ciclo gravídico-puerperal. Isso deve ao fato de a sobrecarga hemodinâmica imposta pela gestação aliada a situações comuns nesse período, anemia e infecções urinária e respiratória, determinar risco maior de complicações à cardiopata. Além disso, as manifestações habituais da gestação normal mimetizam os sinais e sintomas da insuficiência cardíaca incipiente, dificultando seu diagnóstico e piorando o prognóstico materno. Assim, é importante o conhecimento da abordagem das diferentes valvopatias nesse período, para garantir a assistência adequada da cardiopatia na gestação, no parto e no puerpério.
Assuntos
Humanos , Feminino , Adulto , Doenças Reumáticas/complicações , Doenças Reumáticas/diagnóstico , Doenças das Valvas Cardíacas/complicações , Doenças das Valvas Cardíacas/diagnóstico , Saúde Materno-Infantil , Gravidez , Insuficiência Cardíaca/complicações , Insuficiência Cardíaca/mortalidadeRESUMO
Nas últimas décadas, os avanços no tratamento das doenças cardíacas favoreceram o aumento expressivo da sobrevida de mulheres portadoras de cardiopatias congênitas, possibilitando o alcance da idade reprodutiva e permitindo o desenvolvimento da gravidez. Contudo, as cardiopatias congênitas ainda estão associadas a significativa morbidade e mortalidade materna no ciclo gravídico-puerperal. As complicações cardíacas que ocorreram durante a gravidez resultam da má adaptação ao aumento do débito cardíaco, da queda da resistência periférica, e da presença e do grau de cianose. A correção cirúrgica ou percutânea prévia à gestação proporciona melhora significativa no prognóstico materno-fetal, reduzindo seu risco à semelhança de mulheres saudáveis. Dentre os fatores determinantes do prognóstico materno destacam-se classe funcional da New York Heart Association (NYHA), cianose, hipertensão arterial pulmonar, disfunção ventricular e lesões cardíacas residuais pós-intervenção. No que diz respeito às complicações fetais, destacam-se restrições de crescimento intrauterino...
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Humanos , Feminino , Gravidez , Cardiopatias Congênitas/complicações , Cardiopatias Congênitas/terapia , Gravidez de Alto Risco/genética , Gravidez/genética , Mortalidade Materna , Fatores de RiscoRESUMO
BACKGROUND: Cardiac surgery improves the maternal prognosis in cases refractory to medical therapy. However, it is associated with risks to the fetus when performed during pregnancy. OBJECTIVE: To analyze maternal-fetal outcome and prognosis related to cardiac surgery performed during pregnancy and puerperium. METHODS: The outcome of 41 gestations of women undergoing cardiac surgery during pregnancy and puerperium was studied. Fetal cardiotocography was performed throughout the procedure in patients with gestational age above 20 weeks. RESULTS: Mean maternal age was 27.8 +/- 7.6 years; there was a predominance of patients with rheumatic valve disease (87.8%), of whom 15 (41.6%) underwent reoperation due to prosthetic valve dysfunction. Mean extracorporeal circulation time was 87.4+/- 43.6 min and hypothermia was used in 27 (67.5%) cases. Thirteen (31.7%) mothers experienced no events and gave birth to live healthy newborns. Postoperative outcome of the remaining 28 (68.3%) pregnancies showed: 17 (41.5%) maternal complications and three (7.3%) deaths; 12 (29.2%) fetal losses, and four (10%) cases of neurological malformation, two of which progressed to late death. One patient was lost to follow-up after surgery. Nine (21.9%) patients underwent emergency surgery, and this variable was correlated with maternal prognosis (p<0.001) CONCLUSION: Cardiac surgery during pregnancy allowed survival of 92.7% of the mothers, and 56.0% of the patients who presented cardiac complications refractory to medical therapy gave birth to healthy children. Worse maternal prognosis was correlated with emergency surgery.
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Cardiopatias/cirurgia , Complicações Cardiovasculares na Gravidez/cirurgia , Adolescente , Adulto , Brasil/epidemiologia , Feminino , Morte Fetal/etiologia , Cardiopatias/mortalidade , Humanos , Complicações Pós-Operatórias/mortalidade , Gravidez , Complicações Cardiovasculares na Gravidez/mortalidade , Resultado da Gravidez , Análise de SobrevidaRESUMO
FUNDAMENTO: A cirurgia cardíaca favorece o prognóstico materno em casos refratários à terapêutica clínica, contudo associa-se a riscos ao concepto quando realizada durante a gravidez. OBJETIVO: Analisar a evolução e o prognóstico materno-fetal de gestantes submetidas à cirurgia cardíaca no ciclo gravídico-puerperal. MÉTODOS: Estudou-se a evolução de 41 gestações de mulheres que tiveram indicação de cirurgia cardíaca no ciclo gravídico puerperal. A cardiotocografia fetal foi mantida durante o procedimento nas pacientes com idade gestacional acima de 20 semanas. RESULTADOS: A média da idade materna foi de 27,8 ± 7,6 anos, houve predomínio da valvopatia reumática (87,8 por cento), e 15 dessas (41,6 por cento) foram submetidas à reoperação, devido à disfunção de prótese valvar. A média do tempo de circulação extracorpórea foi de 87,4 ± 43,6 min, e a hipotermia foi utilizada em 27 casos (67,5 por cento). Treze mães (31,7 por cento) não apresentaram intercorrências e tiveram seus recém-nascidos vivos e saudáveis. A evolução pós-operatória das demais 28 gestações (68,3 por cento) mostrou: 17 complicações maternas (41,5 por cento); três óbitos (7,3 por cento); 12 perdas fetais (29,2 por cento) e quatro casos de malformação neurológica (10 por cento), dois dos quais evoluíram para óbito tardio. Houve uma perda de seguimento após a cirurgia. Nove pacientes (21,9 por cento) foram operadas em caráter de emergência, situação que influenciou (p < 0.001) o prognóstico materno. CONCLUSÃO: A cirurgia cardíaca durante a gravidez permitiu sobrevida materna em 92,7 por cento e nascimento de crianças saudáveis em 56,0 por cento das pacientes que apresentaram complicações cardíacas refratárias à terapêutica clínica. O pior prognóstico materno teve correlação com a cirurgia em caráter de emergência.
BACKGROUND: Cardiac surgery improves the maternal prognosis in cases refractory to medical therapy. However, it is associated with risks to the fetus when performed during pregnancy. OBJECTIVE: To analyze maternal-fetal outcome and prognosis related to cardiac surgery performed during pregnancy and puerperium. METHODS: The outcome of 41 gestations of women undergoing cardiac surgery during pregnancy and puerperium was studied. Fetal cardiotocography was performed throughout the procedure in patients with gestational age above 20 weeks. RESULTS: Mean maternal age was 27.8 ± 7.6 years; there was a predominance of patients with rheumatic valve disease (87.8 percent), of whom 15 (41.6 percent) underwent reoperation due to prosthetic valve dysfunction. Mean extracorporeal circulation time was 87.4± 43.6min and hypothermia was used in 27 (67.5 percent) cases. Thirteen (31.7 percent) mothers experienced no events and gave birth to live healthy newborns. Postoperative outcome of the remaining 28 (68.3 percent) pregnancies showed: 17 (41.5 percent) maternal complications and three (7.3 percent) deaths; 12 (29.2 percent) fetal losses, and four (10 percent) cases of neurological malformation, two of which progressed to late death. One patient was lost to follow-up after surgery. Nine (21.9 percent) patients underwent emergency surgery, and this variable was correlated with maternal prognosis (p<0.001) CONCLUSION: Cardiac surgery during pregnancy allowed survival of 92.7 percent of the mothers, and 56.0 percent of the patients who presented cardiac complications refractory to medical therapy gave birth to healthy children. Worse maternal prognosis was correlated with emergency surgery.
FUNDAMENTO: La cirugía cardiaca favorece el pronóstico materno en casos refractarios a la terapéutica clínica, sin embargo está asociada a riesgos cuando realizada durante el embarazo. OBJETIVO: Analizar la evolución y el pronóstico materno-fetal de gestantes sometidas a la cirugía cardiaca en el ciclo grávido puerperal. MÉTODOS: Se estudió la evolución de 41 gestaciones de mujeres que tuvieron indicación de cirugía cardiaca en el ciclo grávido puerperal. La cardiotocografía fetal se mantuvo durante el procedimiento en las pacientes con edad gestacional superior a 20 semanas. RESULTADOS: El promedio de edad materna fue de 27,8 ± 7,6 años, con predominio de valvulopatía reumática (87,8 por ciento), y 15 de ellas (41,6 por ciento) se sometieron a reoperación, debido a disfunción de prótesis valvular. El promedio del tiempo de circulación extracorpórea fue de 87,4 ± 43,6 min, y se utilizó la hipotermia en 27 casos (67,5 por ciento). Trece madres (31,7 por ciento) no presentaron intercurrencias y tuvieron sus recién nacidos vivos y sanos. La evolución postoperatoria de las demás 28 gestaciones (68,3 por ciento) reveló: 17 complicaciones maternas (41,5 por ciento); tres óbitos (7,3 por ciento); 12 pérdidas fetales (29,2 por ciento) y 4 casos de malformación neurológica (10 por ciento), dos de los cuales evolucionaron para óbito tardío. Hubo una pérdida de seguimiento tras la cirugía. Se operaron a nueve pacientes (21,9 por ciento) en carácter de emergencia, situación que influenció (p < 0.001) el pronóstico materno. CONCLUSIÓN: LA CIrugía cardiaca durante el embarazo permitió sobrevida materna en un 92,7 por ciento y nacimiento de niños sanos en 56,0 por ciento de las pacientes que presentaron complicaciones cardíacas refractarias a la terapéutica clínica. El peor pronóstico materno tuvo correlación con la cirugía en carácter de emergencia.
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Adolescente , Adulto , Feminino , Humanos , Gravidez , Cardiopatias/cirurgia , Complicações Cardiovasculares na Gravidez/cirurgia , Brasil/epidemiologia , Morte Fetal/etiologia , Cardiopatias/mortalidade , Resultado da Gravidez , Complicações Pós-Operatórias/mortalidade , Complicações Cardiovasculares na Gravidez/mortalidade , Análise de SobrevidaRESUMO
Em nosso país, de 4 a 6% das gestantes apresentam algum tipo de doença cardiovascular. O alto percentual é atribuído à igualmente elevada incidência de doença reumática em mulher na idade fértil. Os riscos impostos pelas modificações hemodinâmicas da gravidez justificaram por muito tempo, a proibição da concepção em mulheres...
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Humanos , Gravidez , Adolescente , Adulto , Doenças das Valvas Cardíacas/terapia , Penicilina G/administração & dosagem , Sódio/administração & dosagem , Doenças Cardiovasculares/terapia , Estenose da Valva MitralRESUMO
O doente submetido a cirurgia cardíaca com frequência cursa com hipovolemia importante. É medida fundamental e prioritária a reposição volêmica adequada, para restabelecer o fluxo e o transporte de O2 para os tecidos, a fim de suprir as necessidades metabólicas orgânicas. Dentre os vários tipos de soluções disponíveis, destacamos: os cristalóides, os colóides protêicos e os colóides não-protêicos; com suas respectivas características, vantagens e desvantagens. Mesmo se conhecendo essas soluções, não existe consenso quanto ao tipo a ser utilizado em situações que exigem grandes reposições volêmicas, como as cirurgias de grande porte. No entanto, as soluções coloidais sintéticas vem sendo amplamente utilizadas em nosso meio para reposição volêmica, devido ao baixo índice de complicações, e estabilização rápida do perfil volêmico e hemodinâmico neste grupo de pacientes