Assuntos
Estudos de Coortes , Hanseníase , Sorologia , Hanseníase/diagnóstico , Hanseníase/epidemiologiaRESUMO
Os testes sorologicos para diagnostico de hanseniase, usando o glicolipideo-fenolico-1 (PGL-I), considerando antigeno especifico do M. leprae, tem aberto algumas possibilidades de estudo do comportamento epidemiologico desta doença. Algumas questoes, como tempo de latencia da doença, infecçao subiclinica e importancia do contato intra-domiciliar (contatos) no controle da endemia puderam ser melhor analisadas usando este instrumental. Este estudo teve por objetivo verificar a existencia de associaçao entre a situaçao sorologica e a ocorrencia de hanseniase. Foram seguidas durante 4 anos, 6.520 pessoas com idade igual ou superior a 5 anos, submetidas no inicio do seguimento ao teste sorologico Anti PGL-1, pertencentes ao universo de 7.416 habitantes da area urbana de um municipio paulista caracterizado por elevada endemicidade de hanseniase. Foi identificado um grupo de 590 individuos soropositivos (9.0%). Foram diagnosticados, no periodo, 82 casos novos de hanseniase, 26 no grupo de soropositivos (441 casos novos/10.000 individuos) e 48 no de soronegativos (81/10.000). Entre os que nao fizeram sorologia, surgiram 8 casos novos (89/10.000). Procurou-se controlar, na analise, a condiçao de contato, dado que a taxa de soropositivo padronizada por idade e sexo era de 9.61% no grupo de contatos e 7.65% no de nao-contatos. Tomando-se aos de nao-contatos soronegativos como o grupo de "nao espostos", foram calculados os riscos relativos de adoecimento no periodo, a partir das taxas de detecçao padronizadas por idade, resultando no seguinte: os contatos ID soropositivos apresentaram a taxa de 1.704/10.000, 27 vezes maior que a dos "nao-expostos", igual a 63/10.000, os nao-contatos soropositivos e os contatos soronegativos apresentaram taxas, respectivamente, de 274 e 198/10.000 ambas maiores que as dos "nao-expostos" e iguais entre si. A soropositividade associou-se a elevaçao de 8,6 vezes do risco de hanseniase entre os contatos de 4,4 entre os nao-contatos. Na situaçao epidemiologica estudada, caracterizada por elevada endemicidade de hanseniase, 50% dos casos novos surgiram entre os nao-contatos soronegativos, ou seja, sem fonte de infecçao conhecida. Portanto o test anti-PGL-1 usado revela-se na pratica, de pouca aplicabilidade. Resta estudar ainda o comportamento da sorologia anti-PGL-1 em areas de media e baixa endemicidade par que se possa tirar conclusoes mais consubstanciadas sobre sua utilidade no controle da endemia
Assuntos
Humanos , Hanseníase/epidemiologia , Hanseníase/fisiopatologia , Hanseníase/imunologia , Hanseníase/prevenção & controle , Imunoglobulina M/fisiologiaRESUMO
Os avanços na terapêutica e a implantaçao da poliquimioterapia, bem como as mudanças no conceito de cura conduziram a uma nova realidade na história secular da hanseníase no mundo, invertendo-se o fluxo de entradas e saídas do registro ativo de doentes, com importante queda do coeficiente de prevalência. No Brasil, após grandes investimentos na reorganizaçao de serviços, com ênfase na capacitaçao de pessoal e suprimento de medicamentos, os resultados da políquimioterapia foram mercantes a partir de 1991. No Estado de Sao Paulo a série histórica de 1924 a 1994 da Prevalência mostra um decréscimo desde a década de 70, sendo esta reduçao bem mais acentuada a partir de 1991 com a implantaçao em massa da poliquimioterapia. Os resultados deste esquema no mundo foram avaliados na 44( Conferência Mundial de Saúde, na qual os países membros comprometeram-se a eliminar a hanseníase como problema de Saúde Pública até o ano 2.OOO. Finalizando sao apresentadas as expectativas de alcance desta meta pelo Brasil e Estado de Sao Paulo identificando-se como principais obstáculos para a reduçao da prevalência a níveis de eliminaçao os critérios normatizados para alta estatística e a possibilidade de ocorrência de recidivas, em fase de estudos.