RESUMO
Resumo Os corpos e as emoções sempre foram importantes recursos políticos para ativistas, embora apenas recentemente tenham se tornado objetos de interesse dos estudos sobre movimentos sociais. Na Marcha das Vadias, protesto feminista contra o estupro, os corpos das participantes constituem os próprios sentidos da ação coletiva, já que são mobilizados por elas para produzir novos códigos acerca da violência sexual e da sexualidade. A nudez e o uso de roupas “sensuais” são algumas das formas pelas quais o corpo é utilizado para produzir e comunicar essas mensagens. A performatividade incorporada das participantes busca produzir eficácia simbólica evocando emoções associadas ao humor, à provocação e à autoafirmação, e preterindo a expressão pública de dor e a figura da vítima, marcantes em outros protestos contra o estupro. Os repertórios corporais e emocionais do protesto, resultantes do trabalho simbólico e material feito pelas ativistas a partir de contextos culturais e de interação específicos, reelaboram a política identitária feminista, na medida em que são usados tanto pelas vadias como por outros grupos feministas para delimitar fronteiras, sempre fluidas, de diferenciação mútua.
Abstract Bodies and emotions have always been important political resources for activists, although only recently have they become objects of social movements’ studies. In the SlutWalk (Marcha das Vadias), an anti-rape global feminist protest, demonstrators’ bodies constitute the very meanings of collective action, since they are mobilized to produce new codes about sexual violence and sexuality. The employment of nudity and “sexy” clothes by the participants are some of the ways by which the body is used to produce and communicate those meanings. The protesters’ performative embodiment aim to produce symbolic efficacy by evoking emotions connected to humor, provocation and self-affirmation, and overlooking those associated to pain and victimization, which are central at other anti-rape protests. The bodily and emotional repertoires of the protest, which result from symbolic and material work done by activists in and from specific cultural and interactional contexts, re-elaborate the feminist identity politics, as they are used by the Slutwalkers and other feminist groups to delineate fluid boundaries of mutual differentiation.
Resumen Los cuerpos y emociones siempre han sido un recurso político importante para activistas, pero sólo recientemente se han convertido en objetos de interés para el estudio de los movimientos sociales. En la Marcha de las Putas, protesta feminista contra la violación, los cuerpos de las participantes constituyen los propios sentidos de la de acción colectiva, ya que son movilizados por ellas para producir nuevos códigos sobre la violencia sexual y la sexualidad. La desnudez y el uso de ropa "sexy" son algunas de las formas en las que el cuerpo es utilizado para producir y comunicar estos mensajes. La performatividad encarnada de los participantes trata de producir eficacia simbólica evocando emociones asociadas con humor, provocación y autoafirmación, y pretiriendo la expresión pública del dolor y la figura de la víctima, destacada en otras protestas contra la violación. Los repertorios corporales y emocionales de la protesta, que resultan del trabajo simbólico y material realizado por activistas desde contextos culturales y de interacción específicos, reelaboran la política de identidad feministas, en la medida en que son usados tanto por las vadias como por otros grupos feministas para delimitar fronteras, siempre fluidas, de diferenciación mutua.