RESUMO
Introdução: O tratamento com intuito curativo do adenocarcinoma gástrico ainda tem como principal modalidade a cirurgia que, dependendo da localização do tumor e subtipo histológico, determinará a extensão da ressecção a ser realizada, se gastrectomia subtotal ou total. Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade de vida dos pacientes pós cirurgia no período de 30, 90 e 180 dias. Material e métodos: Trata-se de um estudo observacional prospectivo, em que foram entrevistados 50 pacientes diagnosticados com adenocarcinoma gástrico e submetidos a gastrectomia subtotal ou total, com o intuito curativo, no Departamento de Cirurgia Abdominal do A.C.Camargo Câncer Center durante o período de 2020 a 2022. Foram utilizados o QLQ-C30 e QLQ-STO22, questionários para avaliar a qualidade de vida destes pacientes pós cirurgia, e, como complemento, a escala Karnofsky de avaliação das condições de performance status. Resultados: Foram incluídos neste estudo 50 pacientes, sendo a maior frequência do sexo feminino, com idade mediana em 54 anos. Dentre os resultados mais relevantes, destacam-se que, para os primeiros 30 dias de pós-operatório, os pacientes submetidos a GST apresentaram mais constipação e os pacientes submetidos a GT apresentaram mais diarreia. No período de 30 dias do pós-operatório, os pacientes submetidos a via de acesso minimamente invasiva apresentaram menos náuseas e/ou vômitos quando comparados a via aberta / minimamente invasiva com conversão. Já no período de 90 dias de pós-operatório, os pacientes submetidos a GT apresentaram mais sintomas relacionados a disfagia e os pacientes submetidos a GST apresentaram mais sucesso de retorno ao convívio social. Ainda para os primeiros 90 dias, os pacientes submetidos a via minimamente invasiva apresentaram menos dor quando comparados a via aberta / minimamente invasiva com conversão. Após 180 dias, os dois procedimentos se tornam bastante semelhantes em termos de qualidade de vida, porém, vale destacar que os pacientes submetidos a via minimamente invasiva apresentaram menos queixas relacionadas a vida/convívio social e com relação a dificuldade financeira. Conclusão: Avaliar qualidade de vida sempre será uma tarefa complexa, pois envolve não somente a subjetividade do paciente, como também aspectos temporais. No presente estudo, identificamos diferenças significativas com relação a qualidade de vida dos pacientes submetidos a gastrectomias oncológicas, principalmente quando comparamos GST com GT, com resultados em termos de reabilitação alimentar a curto prazo favoráveis a GST e melhor qualidade de vida referida pelos pacientes submetidos a via minimamente invasiva com relação a menos náuseas, vômitos e dor a curto prazo. No longo prazo, os pacientes submetidos a via minimamente invasiva apresentaram melhor função/convívio social. Tais diferenças parecem causar menos impacto em termos de qualidade de vida após 6 meses do pós-operatório.
Introduction: Treatment with curative intent for gastric adenocarcinoma still has surgery as its main modality, which, depending on the location of the tumor and histological subtype, will determine the extent of the resection to be performed, whether subtotal or total gastrectomy. Objective: The aim of this study was to evaluate patients' quality of life after surgery in the period of 30, 90 and 180 days. Material and methods: This was a prospective observational study, in which 50 patients with gastric adenocarcinoma who underwent subtotal or total gastrectomy, with curative intent, were treated at the Department of Abdominal Surgery at A.C.Camargo Cancer Center during the period from 2020 to 2022. The QLQ-C30 and QLQ-STO22 were used to assess the quality of life of these patients after surgery, and, as a complement, the Karnofsky scale for assessing performance status conditions. Results: A total of 50 patients were included in this study, most frequently female, with a median age of 54 years. Among the most relevant results, it is noteworthy that, for the first 30 postoperative days, patients who had a GST had more constipation, and patients with GT had more diarrhea. In the first 30 postoperative days, patients treated through a minimally invasive procedure had less nausea and/or vomiting when compared to the open/minimally invasive with conversion surgery. For the first 90 days after surgery, patients in the GT group had symptoms more related to dysphagia and patients in the GST one had more success in returning to social life. Furthermore, in the first 90 days, patients treated with a minimally invasive procedure had less pain when compared to the open one. After 180 days, the two procedures become very similar in terms of quality of life, however, it is worth mentioning that the patients treated with a minimally invasive procedure had fewer complaints related to life/social interaction and with regard to financial difficulties. Conclusions: Assessing quality of life will always be a complex task, as it involves the patient's subjectivity and temporal aspects. In the present study, we identified significant differences regarding the quality of life of patients submitted to oncological gastrectomies, especially when comparing GST with GT, with better results in terms of short-term nutritional rehabilitation favorable to GST and better quality of life reported by patients who underwent minimally invasive surgery with regards to less short-term nausea, vomiting, and pain. In the long term, patients undergoing the minimally invasive approach had better function/social interaction. Such differences seem to cause less impact in terms of quality of life 6 months after the operation.