RESUMO
Estudos demonstram associação entre o uso de contraceptivo oral combinado (COC) e a elevação da Proteína C Reativa (PCR). Entretanto, é pouco claro se esta elevação representa risco cardiovascular, e quais são os mecanismos envolvidos nessa associação. Assim, nosso estudo objetivou revisar trabalhos que investigaram os níveis da PCR em usuárias de COC, bem como descrever os fatores envolvidos nesta associação. Consideramos elegíveis os estudos indexados nas bases EBSCO, EUROPUBMED, LILACS®, PUBMED® e MEDLINE®, que avaliaram a PCR de usuárias de COC de baixa dosagem, publicados entre 2004 e 2015. A busca eletrônica consistiu no cruzamento dos descritores: Contraceptives, Oral, Combined; C-Reactive Protein e Inflammation, a qual resultou em 136 estudos, dos quais, 11 foram elegíveis. Estes demonstraram elevação da PCR, mesmo após dez dias de uso de COC. Os valores da PCR mais frequentes foram entre 1-3 mg/L e > 3 mg/L, e em alguns estudos os valores foram superiores a 10 mg/L. Isto aponta risco aumentado de futuros eventos cardiovasculares e metabólicos nesta população. Por outro lado, os principais fatores e mecanismos envolvidos na elevação desta proteína foram os hormonais, principalmente estrogênicos e androgênicos, sendo documentadas modificações na função e níveis dos receptores ß do estrogênio, níveis elevados de cortisol e resistência insulínica. Outros achados também indicam elevação do TNF- α , hipometilação no DNA de macrófagos e alterações na produção hepática da PCR. Por fim, o COC representa, assim como a obesidade, 20% da variação da PCR de mulheres em idade reprodutiva