RESUMO
A presença de sintomas depressivos é fator agravante para idosos hospitalizados em enfermarias de clínica médica, embora seja freqüente a näo preocupaçäo de médicos generalistas com tais manifestaçöes nessa clientela. Avaliar a presença de sintomatologia depressiva através do auto-relato de pacientes geriátricos internados em enfermarias de clínica médica, verificando o grau de reconhecimento pelo clínico geral. Estudo observacional e transversal, a partir de entrevistas estruturadas com 100 idosos internados nas enfermarias de clínica médica do Hospital Universitário Lauro Wanderley/UFPB, usando a Escala de Depressäo Geriátrica (EDG), e confrontando as suspeitas de depressäo assim determinadas com os respectivos relatórios clínicos. Os escores variaram entre 0 e 24 pontos (11,2 ñ 1,4), com mediana de 10,5 e maiores pontuaçöes entre as mulheres (P=0,04); 49 por cento preencheram os critérios para suspeita de depressäo leve (EDG>10), enquanto 33 por cento relatavam dois ou mais dos sintomas depressivos maiores. Constatou-se, todavia, que nenhum idoso teve sua sintomatologia valorizada pelos clínicos. Apesar da alta freqüência de suspeitas de depressäo, näo houve atençäo à sintomatologia depressiva nessa amostra clínica. Tais evidências contribuem para confirmaçäo da teoria da morbidade oculta no doente geriátrico em serviços de clínica geral e apontam para deficiências atuais na semiologia médica do idoso.