RESUMO
Ao Editor Nosso estudo "A adequação do suporte nutricional enteral na unidade de terapia intensiva não afeta o prognóstico em curto e longo prazos dos pacientes mecanicamente ventilados: um estudo piloto"(1) foi dimensionado (tamanho amostral) como uma pesquisa para avaliar efeitos em curto prazo e, nesse sentido, não se trata de um estudo piloto. Contudo, não tínhamos informação disponível na literatura e muito menos no cenário brasileiro sobre qual seria o tamanho amostral para um estudo em longo prazo. Assim, ele foi considerado um estudo piloto, o que nos permitiu estimar a magnitude das perdas e dos óbitos e calcular a amostra.(2) A ausência de dados em relação ao que realmente é ofertado é a limitação. Os pacientes foram separados em dois diferentes grupos (≥ 70% versus < 70%) de adequação calórica considerando apenas os registros do que foi prescrito, que constitui informação passível de recuperação em prontuários. No hospital em que foi realizado o estudo, infelizmente, não há registro do que realmente foi ofertado ou, melhor ainda, do que foi entregue. Essa é uma limitação comum nesse tipo de estudo. A progressão da dieta enteral é registrada em prontuário, mas, por vezes, a oferta é menor (por exemplo: pausa para uma tomografia). A falta de avaliação da capacidade funcional do paciente no momento de sua internação na unidade de terapia intensiva (UTI) é uma grande limitação. Ainda assim, é razoável especular que os pacientes que se recuperam ao longo do tempo o façam pela adequação nutricional ou pela tolerância à progressão da dieta - esta última indicando que eles seriam menos graves já na UTI. A inferência é especulativa. O tamanho amostral não permite conclusões definitivas, e o artigo deixa isso claro desde o título. O título ("um estudo piloto") é uma clara mensagem de que a informação será eventualmente usada no planejamento de um estudo maior. Nós agradecemos as considerações e tomamos todas como pertinentes. Esperamos ter esclarecido o principal.
Assuntos
Humanos , Respiração Artificial , Nutrição Enteral , Prognóstico , Ingestão de Energia , Projetos Piloto , Estado Terminal , Cuidados Críticos , Unidades de Terapia IntensivaRESUMO
Nosso estudo "A adequação do suporte nutricional enteral na unidade de terapia intensiva não afeta o prognóstico em curto e longo prazos dos pacientes mecanicamente ventilados: um estudo piloto"(1) foi dimensionado (tamanho amostral) como uma pesquisa para avaliar efeitos em curto prazo e, nesse sentido, não se trata de um estudo piloto. Contudo, não tínhamos informação disponível na literatura e muito menos no cenário brasileiro sobre qual seria o tamanho amostral para um estudo em longo prazo. Assim, ele foi considerado um estudo piloto, o que nos permitiu estimar a magnitude das perdas e dos óbitos e calcular a amostra.(2) A ausência de dados em relação ao que realmente é ofertado é a limitação. Os pacientes foram separados em dois diferentes grupos (≥ 70% versus < 70%) de adequação calórica considerando apenas os registros do que foi prescrito, que constitui informação passível de recuperação em prontuários. No hospital em que foi realizado o estudo, infelizmente, não há registro do que realmente foi ofertado ou, melhor ainda, do que foi entregue. Essa é uma limitação comum nesse tipo de estudo. A progressão da dieta enteral é registrada em prontuário, mas, por vezes, a oferta é menor (por exemplo: pausa para uma tomografia). A falta de avaliação da capacidade funcional do paciente no momento de sua internação na unidade de terapia intensiva (UTI) é uma grande limitação. Ainda assim, é razoável especular que os pacientes que se recuperam ao longo do tempo o façam pela adequação nutricional ou pela tolerância à progressão da dieta - esta última indicando que eles seriam menos graves já na UTI. A inferência é especulativa. O tamanho amostral não permite conclusões definitivas, e o artigo deixa isso claro desde o título. O título ("um estudo piloto") é uma clara mensagem de que a informação será eventualmente usada no planejamento de um estudo maior. Nós agradecemos as considerações e tomamos todas como pertinentes. Esperamos ter esclarecido o principal.
Assuntos
Nutrição Enteral , Respiração Artificial , Cuidados Críticos , Estado Terminal , Ingestão de Energia , Humanos , Unidades de Terapia Intensiva , Projetos Piloto , PrognósticoRESUMO
OBJECTIVE: To correlate short-term (duration of mechanical ventilation and length of intensive care unit stay) and long-term (functional capacity) clinical outcomes of patients who reached nutritional adequacy ≥ 70% of predicted in the first 72 hours of hospitalization in the intensive care unit. METHODS: This was a prospective observational pilot study conducted in an 18-bed intensive care unit. A total of 100 mechanically ventilated patients receiving exclusive enteral nutritional support and receiving intensive care for more than 72 hours were included. Patients who never received enteral nutrition, those with spinal cord trauma, pregnant women, organ donors and cases of family refusal were excluded. The variables studied were nutritional adequacy ≥ 70% of predicted in the first 72 hours of hospitalization, length of intensive care unit stay, duration of mechanical ventilation and the ability to perform activities of daily living after 12 months, assessed via telephone contact using the Lawton Activities of Daily Living Scale. RESULTS: The mean duration of mechanical ventilation was 18 ± 9 days, and the mean intensive care unit length of stay was 19 ± 8 days. Only 45% of the patients received more than 70% of the target nutrition in 72 hours. There was no association between nutritional adequacy and short-term (duration of mechanical ventilation, length of stay in the intensive care unit and mortality) or long-term (functional capacity and mortality) clinical outcomes. CONCLUSION: Critically ill patients receiving caloric intake ≥ 70% in the first 72 hours of hospitalization did not present better outcomes in the short term or after 1 year.
OBJETIVO: Correlacionar os desfechos clínicos, em curto (tempo em ventilação mecânica e tempo de unidade de terapia intensiva) e longo prazos (capacidade funcional), dos pacientes que atingiram adequação nutricional ≥ 70% do previsto nas primeiras 72 horas de internação na unidade de terapia intensiva. MÉTODOS: Estudo piloto prospectivo observacional, realizado em unidade de terapia intensiva de 18 leitos. Foram incluídos cem pacientes mecanicamente ventilados, recebendo suporte nutricional enteral exclusivo e submetidos à terapia intensiva por mais de 72 horas. Foram excluídos pacientes que nunca receberam nutrição enteral, gestantes, com trauma raquimedular, doadores de órgãos e casos de recusa familiar. As variáveis estudadas foram adequação nutricional ≥ 70% do previsto nas primeiras 72 horas de internação, tempo de unidade de terapia intensiva, tempo em ventilação mecânica e, após 12 meses, via contato telefônico, a capacidade de realizar Atividades da Vida Diária por meio do instrumento Lawton-Atividades de Vida Diária. RESULTADOS: O tempo médio em ventilação mecânica foi de 18 ± 9 dias, e de internação na unidade de terapia intensiva de 19 ± 8 dias. Somente 45% dos pacientes receberem mais de 70% do alvo nutricional em 72 horas. Não houve associação entre a adequação nutricional e os desfechos em curto prazo (tempo de permanência em ventilação mecânica, tempo de internação na unidade de terapia intensiva e mortalidade), nem com os desfechos clínicos em longo prazo (capacidade funcional e mortalidade). CONCLUSÃO: Pacientes criticamente enfermos que recebem aporte calórico ≥ 70%, nas primeiras 72 horas de internação não apresentaram melhores desfechos em curto prazo ou após 1 ano.
Assuntos
Cuidados Críticos/métodos , Ingestão de Energia , Nutrição Enteral/métodos , Respiração Artificial , Atividades Cotidianas , Idoso , Idoso de 80 Anos ou mais , Estado Terminal , Feminino , Seguimentos , Humanos , Unidades de Terapia Intensiva , Tempo de Internação , Masculino , Pessoa de Meia-Idade , Estado Nutricional , Projetos Piloto , Prognóstico , Estudos Prospectivos , Fatores de TempoRESUMO
RESUMO Objetivo: Correlacionar os desfechos clínicos, em curto (tempo em ventilação mecânica e tempo de unidade de terapia intensiva) e longo prazos (capacidade funcional), dos pacientes que atingiram adequação nutricional ≥ 70% do previsto nas primeiras 72 horas de internação na unidade de terapia intensiva. Métodos: Estudo piloto prospectivo observacional, realizado em unidade de terapia intensiva de 18 leitos. Foram incluídos cem pacientes mecanicamente ventilados, recebendo suporte nutricional enteral exclusivo e submetidos à terapia intensiva por mais de 72 horas. Foram excluídos pacientes que nunca receberam nutrição enteral, gestantes, com trauma raquimedular, doadores de órgãos e casos de recusa familiar. As variáveis estudadas foram adequação nutricional ≥ 70% do previsto nas primeiras 72 horas de internação, tempo de unidade de terapia intensiva, tempo em ventilação mecânica e, após 12 meses, via contato telefônico, a capacidade de realizar Atividades da Vida Diária por meio do instrumento Lawton-Atividades de Vida Diária. Resultados: O tempo médio em ventilação mecânica foi de 18 ± 9 dias, e de internação na unidade de terapia intensiva de 19 ± 8 dias. Somente 45% dos pacientes receberem mais de 70% do alvo nutricional em 72 horas. Não houve associação entre a adequação nutricional e os desfechos em curto prazo (tempo de permanência em ventilação mecânica, tempo de internação na unidade de terapia intensiva e mortalidade), nem com os desfechos clínicos em longo prazo (capacidade funcional e mortalidade). Conclusão: Pacientes criticamente enfermos que recebem aporte calórico ≥ 70%, nas primeiras 72 horas de internação não apresentaram melhores desfechos em curto prazo ou após 1 ano.
ABSTRACT Objective: To correlate short-term (duration of mechanical ventilation and length of intensive care unit stay) and long-term (functional capacity) clinical outcomes of patients who reached nutritional adequacy ≥ 70% of predicted in the first 72 hours of hospitalization in the intensive care unit. Methods: This was a prospective observational pilot study conducted in an 18-bed intensive care unit. A total of 100 mechanically ventilated patients receiving exclusive enteral nutritional support and receiving intensive care for more than 72 hours were included. Patients who never received enteral nutrition, those with spinal cord trauma, pregnant women, organ donors and cases of family refusal were excluded. The variables studied were nutritional adequacy ≥ 70% of predicted in the first 72 hours of hospitalization, length of intensive care unit stay, duration of mechanical ventilation and the ability to perform activities of daily living after 12 months, assessed via telephone contact using the Lawton Activities of Daily Living Scale. Results: The mean duration of mechanical ventilation was 18 ± 9 days, and the mean intensive care unit length of stay was 19 ± 8 days. Only 45% of the patients received more than 70% of the target nutrition in 72 hours. There was no association between nutritional adequacy and short-term (duration of mechanical ventilation, length of stay in the intensive care unit and mortality) or long-term (functional capacity and mortality) clinical outcomes. Conclusion: Critically ill patients receiving caloric intake ≥ 70% in the first 72 hours of hospitalization did not present better outcomes in the short term or after 1 year.
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Idoso , Idoso de 80 Anos ou mais , Respiração Artificial , Ingestão de Energia , Nutrição Enteral/métodos , Cuidados Críticos/métodos , Prognóstico , Fatores de Tempo , Atividades Cotidianas , Projetos Piloto , Estado Nutricional , Estudos Prospectivos , Seguimentos , Estado Terminal , Unidades de Terapia Intensiva , Tempo de Internação , Pessoa de Meia-IdadeRESUMO
OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi avaliar a adequação energética dos pacientes politraumatizados em suporte ventilatório internados na unidade de terapia intensiva de um hospital público de Porto Alegre (RS), por meio da comparação entre as calorias prescritas e as efetivamente administradas, assim como entre as calorias estimadas pela equação de Harris-Benedict e a prescrição energética de cada paciente. MÉTODOS: Estudo de coorte prospectivo de pacientes politraumatizados, simultaneamente sob ventilação mecânica e terapia nutricional enteral. Verificou-se o tempo de permanência sob ventilação mecânica e a oferta energética durante o período de terapia nutricional enteral. A associação entre as variáveis quantitativas foi avaliada através do teste de correlação de Spearman devido à assimetria das variáveis. RESULTADOS: Foram acompanhados 60 pacientes, na faixa etária de 18 a 78 anos, sendo 81,7% do sexo masculino. Os tempos medianos de internação hospitalar, permanência na unidade de terapia intensiva e ventilação mecânica foram de 29, 14 e 6 dias, respectivamente. A média do percentual de dieta administrada foi de 68,6% (DP=18,3%). Da amostra total, 16 (26,7%) pacientes receberam no mínimo 80% de suas necessidades diárias. Não houve associação estatisticamente significativa entre o valor energético total administrado e os tempos de ventilação mecânica (r s=0,130; p=0,321), de unidade de terapia intensiva (r s=-0,117; p=0,372) e de internação hospitalar (r s=-0,152; p=0,246). CONCLUSÃO: Os pacientes incluídos neste estudo não receberam com precisão o aporte energético prescrito, ficando expostos aos riscos da desnutrição e seus desfechos clínicos desfavoráveis.
OBJECTIVE: The objective of this study was to asssess the adequacy of energy intake of multiple trauma patients in the intensive care unit of a public hospital in the city of Porto Alegre, Southern Brazil, who require ventilatory support, by comparing prescribed energy intake with effectively administered energy, and energy requirement estimated by the Harris-Benedict equation with the energy prescription of each patient. METHODS: This is a prospective cohort study of patients with multiple trauma simultaneously on mechanical ventilation and enteral nutrition. Duration of mechanical ventilation and energy intake during enteral nutrition were verified. The association between quantitative variables was assessed by the Spearman correlation test due to variable asymmetry. RESULTS: Sixty patients aged 18 to 78 years were studied, 81.7% of them males. Median length of hospital stay, intensive care unit stay, and duration of mechanical ventilation was 29, 14, and 6 days, respectively. The mean percentage of administered calories was 68.6% (SD=18.3%). Of the entire sample, 16 (26.7%) patients received at least 80% of their daily energy requirement. There was no significant association between total energy administered and duration of mechanical ventilation (r s=0.130; p=0.321), length of intensive care unit stay (r s=-0.117; p=0.372) and length of hospital stay (r s=-0.152; p=0.246). CONCLUSION: The study patients did not receive the prescribed energy. Therefore, they were at risk of malnutrition and its adverse clinical outcomes.