RESUMO
Muitas crianças portadoras de doenças crônicas necessitam uso contínuo de medicamentos para o controle da patologia. A adesão ao tratamento é um pouco crucial para se conseguir esse controle e diversos fatores tem sido identificados para a não adesão em crianças, dentre estes a carência de formulações adequadas à faixa etária. O Beliefs and Behaviour Questionnaire avalia a não adesão ao tratamento medicamentoso em adultos com doença crônica. Apresenta 30 itens em 3 subseções: convicções, experiências e comportamentos, e permite identificar fatores relacionados à não adesão. Na criança, o medicamento é administrado quase sempre por um cuidador, em geral a mãe. O objetivo do trabalho foi adaptar culturalmente e validar o BBQ para avaliar a não adesão das mães/cuidadores ao tratamento dos seus filhos com doenças crônicas, e conhecer em profundidade as dificuldades enfrentadas no tratamento domiciliar. Etapas da adaptação: tradução, síntese das traduções e adaptação cultural, retradução, revisão técnica, pré-teste. Validação feita pela Análise dos Componentes Principais, aplicando o instrumento a 28 cuidadores de crianças portadoras da doença crônica que estavam internadas em hospital estadual de referência pediátrica, em Fortaleza, identificados sequencialmente; seguido-se visita domiciliar 30-40 dias pós-alta hospitalar...
Assuntos
Humanos , Criança , Estratégias de Saúde Nacionais , Adesão à Medicação , Preparações FarmacêuticasRESUMO
OBJETIVO: Identificar medicamentos que apresentam dificuldades para seu uso pediátrico no Brasil. MÉTODOS: Estudo descritivo envolvendo a composição de uma listagem nacional de medicamentos não-licenciados ou não-padronizados para uso em crianças (medicamentos problema em pediatria, MPP), através de revisão bibliográfica, comparação com fontes do mercado farmacêutico brasileiro e inquérito com pediatras. Os medicamentos foram codificados pela classificação anatômica, terapêutica e química (Anatomic Therapeutic Chemical Classification System, ATC) e analisados quanto ao licenciamento no país e indicação/ recomendação em pediatria, tendo como referências básicas o bulário da ANVISA (2005), Dicionário de Especialidades Farmacêuticas (2005/06/07) e o site de bulas. RESULTADOS: Foram identificados na literatura 126 MPP e excluídos 24 não referidos nas fontes nacionais investigadas. A listagem foi complementada com 24 outros medicamentos referidos pelos pediatras. Do total de 126 MPP, 23 não tinham registro no país para o uso em crianças e 24 dos 103 licenciados apresentavam restrições de faixa etária. A lista envolveu 42 grupos terapêuticos e 68 subgrupos. Os grupos com maior número de MPP foram os antibacterianos de uso sistêmico (15), antiepilépticos (8), antiasmáticos (7) e analgésicos (7). Os problemas mais frequentes foram: dosagem inapropriada (43), forma farmacêutica inadequada (35), não-licenciamento para uso pediátrico (28), restrições de faixa etária (23). CONCLUSÕES: A carência de medicamentos desenvolvidos para uso em crianças envolve ampla gama de produtos clinicamente importantes. Algumas dessas formulações e dosagens já comercializadas em outros países não são disponibilizadas no mercado brasileiro sem nenhuma justificativa plausível.
OBJECTIVE: To identify drugs which are not suited for pediatric use in Brazil. METHODS: A descriptive study involving the development of a national list of unlicensed and off-label medications for pediatric use (problem drugs in pediatrics, PDP) through a literature review, a comparison among sources of the Brazilian pharmaceutical industry, and a survey with pediatricians. Drugs coded at the Anatomic Therapeutic Chemical (ATC) classification system were analyzed regarding licensing status in Brazil and recommendations/indications in pediatrics, based on the following reference sources: the list of licensed drugs of the Brazilian National Health Surveillance Agency (2005), the Brazilian Dictionary of Pharmaceutical Specialties (2005-2007) and the website www.bulas.med.br. RESULTS: Our literature search returned 126 PDP, but 24 drugs were excluded due to absence of national reference. To compose the final list, 24 other drugs referred by pediatricians were added. Of the 126 PDP, 23 drugs were not licensed in the country for use in children; and of the 103 licensed drugs, 24 presented age-related restrictions for pediatric use. The pharmaceutical list included 42 therapeutic groups and 68 subgroups. The groups containing larger numbers of PDP were: antibiotics for systemic use (15), antiepileptics (8), antiasthmatics (7), and analgesics (7). The most frequent problems were: inappropriate dosage (35), unlicensed for pediatric use (28), age-related restrictions (23). CONCLUSIONS: The lack of pediatric drug formulations in Brazil shows a profile similar to that observed in other countries, which involves a wide range of clinically important products. This study brings a contribution to the evaluation of the needs and priorities that support the development of suitable medicines for the pediatric patient.
Assuntos
Criança , Pré-Escolar , Humanos , Lactente , Recém-Nascido , Uso Off-Label/estatística & dados numéricos , Preparações Farmacêuticas/provisão & distribuição , Brasil , Licenciamento , Uso Off-Label/legislação & jurisprudênciaRESUMO
OBJECTIVE: To identify drugs which are not suited for pediatric use in Brazil. METHODS: A descriptive study involving the development of a national list of unlicensed and off-label medications for pediatric use (problem drugs in pediatrics, PDP) through a literature review, a comparison among sources of the Brazilian pharmaceutical industry, and a survey with pediatricians. Drugs coded at the Anatomic Therapeutic Chemical (ATC) Classification System were analyzed regarding licensing status in Brazil and recommendations/indications in pediatrics, based on the following reference sources: the list of licensed drugs of the Brazilian National Health Surveillance Agency (2005), the Brazilian Dictionary of Pharmaceutical Specialties (2005-2007) and the website www.bulas.med.br. RESULTS: Our literature search returned 126 PDP, but 24 drugs were excluded due to absence of national reference. To compose the final list, 24 other drugs referred by pediatricians were added. Of the 126 PDP, 23 drugs were not licensed in the country for use in children; and of the 103 licensed drugs, 24 presented age-related restrictions for pediatric use. The pharmaceutical list included 42 therapeutic groups and 68 subgroups. The groups containing larger numbers of PDP were: antibiotics for systemic use (15), antiepileptics (8), antiasthmatics (7), and analgesics (7). The most frequent problems were: inappropriate dosage (35), unlicensed for pediatric use (28), age-related restrictions (23). CONCLUSIONS: The lack of pediatric drug formulations in Brazil shows a profile similar to that observed in other countries, which involves a wide range of clinically important products. This study brings a contribution to the evaluation of the needs and priorities that support the development of suitable medicines for the pediatric patient.
Assuntos
Uso Off-Label/estatística & dados numéricos , Preparações Farmacêuticas/provisão & distribuição , Brasil , Criança , Pré-Escolar , Humanos , Lactente , Recém-Nascido , Licenciamento , Uso Off-Label/legislação & jurisprudênciaRESUMO
Este trabalho teve como objetivo identificar medicamentos cuja forma ou formulação farmacêutica representa um problema em pediatria (Medicamento Problema - MP), bem como analisar as estratégias empregadas pelos médicos, para sua utilização nas crianças e os riscos envolvidos. Trata-se de um estudo descritivo, que tem como base um inquérito com pediatras de um hospital de referência do SUS em Fortaleza-Ceará, conduzido para identificação dos MPs em julho-agosto de 2004; uma análise das prescrições contendo adaptação de formas sólidas e uma observação direta do preparo dos medicamentos, que foram conduzidas em dezembro de 2004 e janeiro de 2005, respectivamente. Os medicamentos foram agrupados pela classificação ATC e pelo cálculo de frequências das variáveis. Os pediatras (N=48, 98 por cento) identificaram: 16 produtos sem forma injetável, 32 injetáveis necessários em concentrações menores e 30 MP sem formulação líquida para uso oral. Foram analisadas 89 prescrições contendo adaptação de formas sólidas, envolvendo 119 itens de medicamentos; todas continham inadequações, sendo a principal a partição de comprimidos. As doses prescritas corresponderam ao preconizado em 33,6 por cento dos casos. Adaptações foram realizadas em local inadequado, por profissional não qualificado e sem as boas práticas. Concluindo, a carência de formulações apropriadas ao uso pediátrico repercute na prática médica e é agravada pela inexistência de condições adequadas para a manipulação de medicamentos por farmacêuticos, nos hospitais brasileiros.
This work aimed to identify medicines whose form or pharmaceutical formula presents a problem to pediatrics (Problem Medication - PM), the strategies employed by doctors to use them in children, and the potential risks involved. Descriptive study: based on a survey with pediatricians from a SUS (Public Health System) reference hospital in Fortaleza-CE (Northeastern Brazil), in order to identify PMs, from July to August 2004; an analysis of prescriptions containing modification of medicines in the solid forms; and a follow-up of medicinal preparations, developed in December 2004 and January 2005, respectively. The medications were grouped by an anatomic, therapeutic and chemical classification and by means of a calculation of variables frequency. The pediatricians (N=48, 98 percent of the total) identified as PMs: 16 products without an injectable form; 32 in an injectable form that should be presented in lesser concentrations; and 30 without a liquid formula for oral use. Eighty two (82) prescriptions containing modifications of solid forms, involving 111 medicinal items were analyzed, all of which contained inadequacies; the main one being the partition of pills. In 33.6 percent of the cases, the prescribed doses were in accordance with that generally recommended. The modifications were carried out in inadequate places, by nonqualified professionals and without the use of best practices. The lack of appropriate formulae for pediatric use has an impact on medical practices. It is aggravated by the lack of appropriate conditions for medicines manipulation by pharmacists, in Brazilian hospitals, and this impact involves risks to patients.