RESUMO
Introdução: A associação de leucemia linfocítica crônica (LLC) e melanoma tem sido estudada nos últimos anos. Acredita-se que a imunossupressão causada pelo tratamento da doença seja o fator de risco mais importante para o aumento da susceptibilidade ao desenvolvimento e disseminação do câncer de pele. Relato de Caso: Este relato de caso descreve homem de 53 anos, em tratamento de leucemia linfocítica crônica desde 2018, já submetido a diversos ciclos de quimioterapia com fludarabina. Apresentou histórico de exérese de melanoma nodular epitelioide no couro cabeludo em 2019, removido com margens livres. Um ano após a cirurgia, paciente evoluiu com piora do estado geral com necessidade de hospitalização. Investigação adicional revelou focos de metástase em pulmões, fígado, rins, estômago, sistema nervoso central e linfonodos. Análise histopatológica foi positiva para melanoma. A possibilidade de tratamento foi descartada pela equipe de oncologia, que sugeriu cuidados paliativos. Discussão: Um dos mecanismos mais discutidos para explicar esta associação de neoplasias é a imunossupressão resultante do tratamento da LLC, que deixa o paciente suscetível ao desenvolvimento e à disseminação do melanoma. Além disso, a fludarabina, quimioterápico geralmente usado para remissão da LLC, é conhecida por depletar células T-helper e tem sido descrita como cofator deste processo. A associação de leucemia e melanoma cutâneo têm sido descrita nos últimos anos, porém não há nenhum protocolo de tratamento para esta condição.
BACKGROUND: The association of Chronic Lymphocytic Leukemia (CLL) and melanoma have been studied in the last years. The immunosuppression caused by the treatment of CLL seems to be the major factor of increasing patients' susceptibility to the development and spread of skin cancer. CASE REPORT: This case report describes a 53-year-old male patient, in CLL treatment since 2018, already submitted to many cycles of chemotherapy with fludarabine. History of an exeresis of epithelioid nodular melanoma of the scalp in 2019, which was removed with a clear margin. One year later, he presented with a poor general condition with hospitalization indication. Additional investigation revealed metastatic lesions in lungs, liver, kidneys, stomach, central nervous system, and lymph nodes. Histopathologic analysis positive for melanoma. The possibility of treatment was discarded by the Oncology team, which suggested palliative care. DISCUSSION: One of the most discussed mechanisms to explain this cancer association is the immunosuppression developed during the treatment of CLL, increasing patients' susceptibility to the development and spread of melanoma. In addition, the use of fludarabine, a chemotherapy commonly used in relapsed CLL, is known to deplete T-helper cells and has been described as a cofactor of this process. The association of leukemia and cutaneous melanoma has been reported in the last years, yet there is no surveillance protocol.