RESUMO
O campo do saber médico apresenta, a partir do século XVIII, uma política de saúde pública que se estendeu na sociedade possibilitando a emergência da medicina moderna tradicional. Porém, como resquício desse processo, o fim do século XX é marcado por uma crescente onda medicalizante que coloca em debate a necessidade de se discutir uma medicina de viés humanizado, como uma segunda via ao saber médico tradicional O presente trabalho tem como objetivo alinhavar os discursos que fomentam o desenvolvimento de pesquisas médicas, observando estas com um viés mais humanitário, tendo como recorte o período de 2012 a 2014 no Brasil. Pretendemos investigar a revista Carta Capital, tendo como eixos centrais a historicidade da mesma, frente a construção discursiva que fomenta o periódico. A análise recai na avaliação feita pela revista da implementação do programa Mais Médicos, pelo Governo Federal Brasileiro, na tentativa de desenvolver uma política para a diminuição dos problemas de saúde pública. Serão considerados a complexidade do contexto de produção na imprensa periódica e os diálogos e embates discursivos como meio de se compreender a construção e a legitimação do discurso humanitário como uma segunda via para a medicina tradicional e o processo crescente da medicalização da sociedade. A opção pela análise de uma revista de circulação nacional, como a Carta Capital, em mídia impressa e em sua plataforma online, ocorreu devido a potencialidade do discurso adquirir status de saber como produtor de poder, adquirindo significados diversos através da articulação entre o meio social, político e econômico.