RESUMO
Säo revistos 38 casos de paracoccidioidomicose (PCM) em crianças entre três e 14 anos de idade, internadas em três instituiçöes da cidade do Rio de Janeiro (1981 a 1996). Seus hemogramas foram estudados visando fundamentalmente a contagem dos eosinófilos, taxas de hematócritos e de VHS na 1ª hora. Faz-se o estudo específico da série sobre o comportamento dos eosinófilos em sangue periférico, em um, dois ou mais hemogramas de maior expressäo. Vinte e três crianças tiveram contagens absolutas de eosinófilos acima de 500/mmü, nove acima de 3.000/mmü e sete acima de 5.000/mmü. As observaçöes das nove crianças que tiveram mais de 3.000 eosinófilos/mmü säo apresentadas com a finalidade de ampliar as informaçöes da história natural da PCM nestas faixas etárias. As eosinofilias e hipereosinofilias vistas foram transitórias, às vezes flutuantes, nunca persistentes, desapareceram espontaneamente ou após a terapêutica antifúngica e, em duas crianças, surgiram, durante a mesma. Taxas de eosinófilos muito elevadas trouxeram à baila diagnósticos diferenciais com outras causas de hipereosinofilias, particularmente parasitoses intestinais, larva migrans visceral, esquistossomose aguda, leucemia eosinofílica, síndrome hipereosinofílico e outras condiçöes. Provavelmente as taxas elevadas de eosinófilos nesta micose representem mecanismos de defesa näo muito aperfeiçoados. Säo revistos alguns dados referentes à origem das eosinofilias, assim como o papel dos eosinófilos nestas situaçöes.
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Pré-Escolar , Criança , Adolescente , Antifúngicos/efeitos adversos , Antifúngicos/uso terapêutico , Eosinofilia/induzido quimicamente , Eosinófilos , Contagem de Linfócitos , Paracoccidioidomicose/diagnóstico , Paracoccidioidomicose/tratamento farmacológico , Diagnóstico Diferencial , Helmintos , Larva Migrans , Estudos Retrospectivos , Esquistossomose , Síndrome Hipereosinofílica/diagnósticoRESUMO
Com base em uma série de 38 crianças entre três e catorze anos , internadas com paracoccidioidomicose (PCM) em três instituiçöes do Rio de Janeiro (entre 1981 e 1996), foram separadas onze dentro de uma faixa etária estabelecida entre três e sete anos, sendo estudadas quanto às suas taxas de eosinófilos no sangue periférico. Todas tiveram taxas absolutas acima de 500 por mm3. Cinco foram selecionadas e suas observaçöes detalhadas, por aparesentarem níveis absolutos de eosinófilos acima de 3.000/mm3, uma delas chegando a 20.000/mm3. As hipereosinofilias registradas näo dependeram de parasitoses; näo foram duradouras; sofreram modificaçöes, às vezes em curtos prazos; e desapareceramcom a terapêutica da micose ou mesmo espontaneamente. Quando hipereosinofilias acentuadas säo observadas no curso da PCM, geralmente indicam a doença grave em atividade, como as que foram vistas na presente série e as já publicadas na literatura. Faz-se uma revisäo das funçöes dos eosinófilos, assim como da gênese das eosinofilias em tais situaçöes